segunda-feira, 25 de junho de 2012

BRASIL CARINHOSO, REDE AMAMENTA BRASIL, REDE CEGONHA, ESTRATÉGIA BRASILEIRINHOS E BRASILEIRINHAS ETC...

Tivemos uma conversa com uma mulher que trabalha a política das crianças na área da saúde. Sempre me impressiona a quantidade de siglas, programas, projetos, na área das políticas públicas que tratam a meu ver, da mesma coisa. Acima, as siglas relacionadas à criançada (ao “futuro do Brasil”, desde á época da minha de avó!). De novidade, a ação ” Brasil Carinhoso”, que está destinando dinheiro para as famílias vivendo em situação de extrema pobreza, com filhos de 0 a 6 anos, para que atinjam o mínimo de renda de pelo menos 70 reais por pessoa da família. Outro benefício que foi citado, é relativo à questão das condicionalidades de outro programa, relacionado a amamentação. Ou seja, se a mãe amamentar, receberá um dinheiro também.
Interessante comentário que surgiu na conversa: o Ministério da Saúde está modificando sua maneira de trabalhar. Antes, eles mandavam as diretrizes das políticas, dos projetos, de “maneira fechada”, “pronta”. E agora tudo está se modificando constantemente, em construção. O formato agora é lançarem um programa, por exemplo, e depois, mandarem um consultor, para junto com o setor de saúde do estado e municípios, trabalharem mediante as realidades locais.
Por fim, a conversa terminou com um esboço de um encontro intersetorial. Várias “instituições sociais” que atuam nessa área da criançada. Querendo esquentar a efetiva articulação da rede, para que não exista apenas os “encaminhamentos aos...” E se divida a responsabilidade. Lembrei da música do Chico: “a parte que te cabe nesse latifúndio” (ironicamente). Outra informação que foi discutida, foi sobre o papel da escola na questão das violências sofridas pelas crianças. Muitas vezes, a escola notifica, e essas notificações vão parar no conselho tutelar. E foi dito que o conselho tutelar, difícil, é ter pernas para tanto trabalho. Dessa maneira, pede-se para que as escolas, também façam um primeiro “acolhimento” dessas crianças, pois muitas desses problemas, poderiam serem resolvidos nela mesmo. Diminuindo assim um pouco da demanda que aparece nos conselhos. É de se pensar.
No Rio, no Congresso da Rede Unida, foi interessante ver uma mulher falar, que trabalhava em um setor na prefeitura, que cuidava exatamente da articulação das várias áreas de assistência. Ela apresentou um trabalho bastante legal, em que “construía pontes” entre a área da saúde, educação, meio ambiente, ass. Social. Esse era o trabalho dela. Acho que o estado está tão estado, que nem está mais fazendo sentido, digamos. Assim, necessita de pessoas, para “desenrolarem” essas políticas.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

GRUPOS, GRUPOS, e MAIS GRUPOS

Uma vez eu ouvi um professor de saúde pública falar sobre seus alunos: “peço a eles darem sugestões de ações para acontecerem nas UBS´s.... É uma enxurrada de ideias de grupos aparece. É grupo de tudo e qualquer tipo.” Não é necessariamente inovação em saúde, apenas a formação de grupos, na minha opinião.
E outra, outras atividades, que também envolvam o cuidado, o vínculo, devem perfazer as atividades dos profissionais de saúde, em seu cotidiano, independente da existência de grupos, ou não. Mas também acho bastante interessante o trabalho com grupos em saúde.
É complicado essa questão dos grupos. Na Psicologia, existe uma área muito forte que se debruça sobre esse fenômeno. Todos nós participamos de algum grupo: família, trabalho, amigos, etc e tal. Existe a diferença entre o chamado Grupo Operativo, e o Grupo Terapêutico. Por grupo operativo, sei que é algo mais dirigido, definido e limitado. Porém, também com objetivos “terapêuticos” evidentemente. Divagando, é interessante como esses conceitos se diferem entre si, na perspectiva da dicotomia: abrangência - restrição, do mais amplo, para o mais contido. Outros exemplos de conceitos assim na área da saúde: programa – projeto, ou programa – estratégia.
Enfim, existe esse desafio, na questão do fomento dos grupos nas unidades de saúde. E uma “população” ainda mais “complicada”, no sentido da complexidade, são os hipertensos classificados como “leves”. São aquelas pessoas que estão em fase inicial da “doença” (será que é uma doença mesmo?) hipertensão. Pessoas de meia idade geralmente, e que como até os casos mais graves de hipertensão, pode se desenvolver silenciosa no organismo, ou seja, aquela hipertensão arterial, que não apresenta sinais e sintomas, como dores na cabeça, formigamentos, tontura, entre outros.
Outras características que podemos associar a essas pessoas, e que pensamos ser ainda mais complicado na formação desses grupos, é que geralmente essas pessoas são trabalhadoras, ou seja, no momento em que acontecem esses grupos, elas estão em horário do trabalho. E nós? Como pessoas, será que sairíamos de nossas casas para participarmos de grupos no meio de uma tarde de uma unidade de saúde?
E também outra questão central, por detrás desses grupos, é a metodologia a se utilizar no trato com os grupo. Ainda é muito forte na prática, acontecerem com frequência nas unidades de saúde, as “palestrinhas”. Esse tipo de postura vai totalmente contrário ao que o mestre Paulo Freire nos ensina. Mas porque é tão complicado a implementação de metodologias problematizadoras? Por que nós profissionais de saúde, não queremos utilizá-las?
A força de um grupo reside exatamente nas pessoas que participam dele. Orientações e informações sobre alimentação saudável, ou práticas de exercícios por exemplo, as pessoas, estão quase que cansadas de saberem sobre, penso eu. Essa coisa de ficar “depositando” informações, ou aquele profissional de saúde que faz “pregação” quando vai falar para as pessoas, deve ser superado. E também que “qualidade” tem essas informações?
E aí, aparece outra questão. Pois na maioria dos casos, um discurso comum que geralmente perfaz as conversas sobre grupos entre profissionais de saúde, é que esse problema de adesão, participação, e efetividade dos grupos, seria um trabalho quase que exclusivo da área da Psicologia. Relacionam esse trabalho com temas da Psicologia, como o de mudança de comportamento. Esse tipo de correlação, para mim, também resvala na arraigada visão determinista, onde almeja-se a mudança apenas no âmbito individual, do comportamento da pessoa. Escutei até um comentário, que é um trabalho assim, deve ser de persuasão, de motivação, mediante as pessoas que participariam dos grupos.