segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

 

Eu Sou Egoísta

Raul Seixas 

Se você acha que tem pouca sorte
Se lhe preocupa a doença ou a morte
Se você sente receio do inferno
Do fogo eterno, de deus, do mal

Eu sou estrela no abismo do espaço
O que eu quero é o que eu penso e o que eu faço
Onde eu tô não há bicho-papão
Eu vou sempre avante no nada infinito
Flamejando meu rock, o meu grito
Minha espada é a guitarra na mão

Se o que você quer em sua vida é só paz
Muitas doçuras, seu nome em cartaz
E fica arretado se o açúcar demora
E você chora, cê reza, cê pede... implora...

Enquanto eu provo sempre o vinagre e o vinho
Eu quero é ter tentação no caminho
Pois o homem é o exercício que faz
Eu sei... sei que o mais puro gosto do mel
É apenas defeito do fel
E que a guerra é produto da paz

O que eu como a prato pleno
Bem pode ser o seu veneno
Mas como vai você saber... sem tentar?

Se você acha o que eu digo fascista
Mista, simplista ou antissocialista
Eu admito, você tá na pista
Eu sou ista, eu sou ego
Eu sou ista, eu sou ego
Eu sou egoísta, eu sou,
Eu sou egoísta, eu sou,
Por que não...

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Papa Francisco critica altos salários e pede maior divisão da riqueza

DA REUTERS, NO VATICANO

http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2013/12/1384501-papa-francisco-critica-altos-salarios-e-pede-maior-divisao-da-riqueza.shtml

O papa Francisco criticou nesta quinta-feira os mega salários e grandes bônus, dizendo na primeira mensagem de paz de seu pontificado que são sintomas de uma economia baseada na ganância e desigualdade.
Em mensagem para o Dia Mundial da Paz da Igreja Católica, celebrado pela Igreja em todo o mundo em 1º de janeiro, o papa também pediu uma maior divisão de riquezas entre as pessoas e as nações para reduzir as diferenças entre ricos e pobres.
Evandro Inetti/Xinhua
Papa Francisco, na audiência semanal desta quarta (11); em mensagem de fim de ano, pontífice ataca salários milionários
Papa Francisco, na audiência semanal desta quarta (11); em mensagem de fim de ano, pontífice ataca salários milionários
"As graves crises financeiras e econômicas da atualidade levaram o homem a buscar a satisfação, felicidade e segurança no consumo e nos ganhos fora de qualquer proporção com os princípios de uma economia sólida", disse o pontífice.
"A sucessão de crises econômicas deve levar também a repensarmos os nossos modelos de desenvolvimento econômico e a uma mudança no estilo de vida", acrescentou.
Francisco, que foi nomeado na quarta-feira pela revista Time a Personalidade do Ano, pediu à própria Igreja que seja mais justa, frugal e menos pomposa, e que esteja mais perto dos pobres e sofredores.
A mensagem será enviada aos líderes dos países, organizações internacionais, como a ONU, e ONGs.
Intitulada "Fraternidade, a Fundação e Caminho para a Paz", a declaração também atacou a injustiça, o tráfico de seres humanos, o crime organizado e o tráfico de armas, todos apontados como obstáculos para a paz.
O estilo do novo papa é caracterizado pela humildade. Ele abriu mão do espaço apartamento papal no Palácio Apostólico do Vaticano a decidiu viver em uma pequena suíte em uma casa de hóspedes do Vaticano. Francisco também prefere andar num Ford Focus em vez da tradicional Mercedes utilizada pelos papas.


Um defensor dos oprimidos, ele visitou a ilha de Lampedusa, no sul da Itália, em julho, para prestar homenagem a centenas de imigrantes que morreram cruzando o mar do norte da África para a Europa.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

A Favela Chorou


RZO
Compositor: Sandrão / Celo X



[Como vou deixar você...]
Morô mala como deixar a favela, como deixa a familia,
como deixar um filho, como deixar a fé, como deixa a
caneta, como deixar o papel, como deixar um sonho,
como deixar a brisa, como deixar a vida, [Se eu te
amo.]


[Refrão]
O sonho de um lutador não desanimou. Mas favela
chorou, mas favela chorou.
''Cêis'' não acretida que tudo acontece assim.
(Mas favela chorou, mas favela chorou).
Favela chorou e isso nunca plantou.
(Mas favela chorou, mas favela chorou).
No rap honrou, saudades deixou.
(Mas favela chorou,mas favela chorou).

[Sandrão]
Aqui é a dor de um adepto do tio quem se apresenta,
Sabota a saudade dói no coraçao e aumenta.
Mas em todo bom lugar nos sentimos sua presença,
periferia sua cara sua lembrança e intensa.
Um mano hulmide, com atitude seu potêncial ia além,
que mostrou com intensidade que respeito é pra quem
tem.
Iluminoiu mentes confusas em várias partes da cidade,
so cultivava os amigos aos milhões sem falsidades.
Aqui a alta cúpula é assim, em sua memória, Rajjie
também está aqui, suas pikup's contam história.
Todos aqui sabem que sabota...é mano eterno e o amor
que tu plantou nego e fonte no deserto.
Seja no samba, no rap, no ragee todos tem saudades
gente escuta e em alto bom som e ainda vive isso é
verdade.
Vive em ondas sonoras pelo coraçao da gente, favela é
sabota que sempre vai estar presente.

[Sabotage]
(Aqui é Sabotage...Luta continua...Fiz o melhor que
pude...Sabotage... Onde que está, esteja, vai estar
protegido).


[Refrão]
O sonho de um lutador não desanimou. (Mas favela
chorou, mas favela chorou).
''Cêis'' não acretida que tudo acontece assim.
(Mas favela chorou, mas favela chorou).
Favela chorou e isso nunca plantou.
(Mas favela chorou, mas favela chorou).
No rap honrou, saudades deixou.
(Mas favela chorou,mas favela chorou).

[Celo X]
E dj Rajjie, sabota deixou saudades.
Suas rimas, suas levadas tipo revolucionou.
Quem ouviu tio, sentiu se emocionou, marcou ficou na
mente só ideia quente.
Rap é compromisso num é viagem, represente aí moleque
não se esquece guarde na mente, eternamente.
Salve salve brooklyn sul, salve salve canão, guerreiro
sabotage daquele jeito hulmidão.
não SE rendeu a grana, não SE empolgou com a fama,
valorizou até o final todos aqueles que o amam.
Não deixou por nada sua vida sua quebrada, Bem visto
pela RAPA, o espelho pra pivetada.CARA.
Em força triste, simples, hulmide, pelas vitórias
conquistadas mereçe um brinde.
Carismático com um trágico final, o corpo amorteceu o
espírito é imortal.
Dj Rajjie estamos no mundão só de passagem, num bom
lugar pode acretidar Sabotage.
Por aqui vários veneno passou, nunca desanimou, o
sonho de gravar realizou.
Fez vários amigos, fez seu próprio estilo, o talento
reconhecido, por todos aplautido.
Prêmio Hutuz 2002 guerreiro Sabotage, revelaçao do ano
melhor personalidade.
O neguin era problema, representou no cinema, no
carandiru, no invasor sempre valorizou.. é os espaços
que conquistou Celo X citou o tio representou.

[Refrão]
O sonho de um lutador não desanimou. (Mas favela
chorou, mas favela chorou).
''Cêis'' não acretida que tudo acontece assim.
(Mas favela chorou, mas favela chorou).
Favela chorou e isso nunca plantou.
(Mas favela chorou, mas favela chorou).
No rap honrou saudades deixou.
(Mas favela chorou,mas favela chorou).

[Sabotage]
Rap é compromisso, esse é meu hino que me mantém vivo

Meu mano sabotage, saudade me persegue.

Rap e compromisso esse é meu hino que me mantém vivo
.

Bem que deu saudade, esse nome.

Rap é compromisso, esse é meu hino que me mantém vivo

Tô aqui sabotage.

Rap é compromisso, esse é meu hino que me mantém
vivo.

Favela do canão,[BROOKLYN] Sabotage.

Rap é compromisso, esse é meu hino que me mantém vivo

Essa é a sigla...AEE

Rap é compromisso, esse é meu hino que me mantém vivo

Uanderson, thamires, larrisa, meus meus filhos.

Rap é compromisso, esse é meu hino que me mantém vivo

No brooklin tô sempre ali, pois vou seguir com Deus em
fim.

Rap é compromisso, esse é meu hino que me mantém vivo

Essa eu fiz por você ladrao

Leblon: Elite escravocrata prega a educação, mas sem abrir mão dos juros

http://www.viomundo.com.br/denuncias/saul-leblon-elite-escravocrata-prega-a-educacao-mas-sem-abrir-mao-dos-juros.html

A escola pode muito. Mas é questionável que vá salvar a pátria, dizia Antonio Candido ao PT, em 2002
A escola resolve o nosso apartheid?
por Saul Leblon, em Carta Maior
Quem vai salvar a pátria?
Um traço constitutivo da agenda conservadora consiste em festejar  as derrotas da sociedade brasileira abstraindo  a dimensão estrutural do problema.
Ou seja, omitindo sua responsabilidade.
Espremido o foco, o resto fica  fácil.
Cria-se uma circularidade; ela confina o debate do futuro no campo da moral.
E a moral, como se sabe, é o  apanágio da classe dominante.
Entre nós esse reducionismo determina que o faminto é culpado pela fome.
O Estado, carcomido pelo cupim privatista, é o responsável pela indigência pública.
O lado ‘gobineau’ das  elites –em que a genética define a história–  tem na educação um compêndio ilustrativo de sua versatilidade e dos seus limites.
Manchetes desta semana esponjaram-se no desempenho sofrível dos estudantes brasileiros no Pisa, edição 2012.
O  Programa de Avaliação Internacional de Estudantes da OCDE  sabatina alunos de 15 e 16 anos em matemática, leitura e ciências.
A mensagem subliminar do jornalismo conservador era:  esse, o país dirigido pelo populismo!
Das 65 nações  incluídas no teste, o Brasil foi a que apresentou a melhor progressão no aprendizado de matemática nos últimos nove anos.
O fato de persistir no 58º  lugar depois disso (em ciências figura no 59º; em leitura, no 55º, num total de 65)  é sugestivo do ponto de partida pantanoso  sobre o qual a elite ‘esclarecida’ fixou a escola pública brasileira.
O mais irônico é que a narrativa conservadora  define  a educação como o único canal legítimo de mobilidade  das massas no país.
Por trás desse simulacro de meritocracia esconde-se o círculo de ferro de uma das piores estruturas de distribuição de renda do planeta, que se avoca o direito à  eternidade.
Endinheirados  que se orgulham de patrocinar  ONGs pela redenção educativa, garantem: será assim, através da escola, não  da reforma agrária, a tributária ou a urbana, tampouco através do salário mínimo ‘inflacionário’, que a miséria material e espiritual perderá seu reinado neste lugar.
A escola pode muito.
Acertou em cheio o governo ao impor uma regulação soberana sobre a riqueza do pré-sal, que  permitirá transferir múltiplos de bilhões de reais à politica educacional nos próximos anos.
Mas é questionável que a escola possa tudo o que lhe atribui  a emancipação a frio apregoada pela agenda conservadora.
Ser uma ilha de excelência, capaz de abrigar e exorcizar o oceano de iniquidades ao seu redor, parece  mais um enredo de aventura nas estrelas do que o horizonte histórico de uma nação.
Os analistas do Pisa  parecem corroborar essa avaliação.
Eles afirmam que a metade do ganho brasileiro em matemática, por exemplo, foi uma decorrência de mudanças no entorno social dos alunos.
Uma parte do noticiário conservador  interpretou esse dado de forma desairosa, como se fora um atestado de fracasso do MEC. Outra,  omitiu-o.
Compreende-se.
Investigá-lo talvez levasse à conclusão de que as políticas demonizadas pela mídia – como o Bolsa Família, a valorização do salário mínimo, crédito barato, subsídio à habitação popular etc–  ajudaram o estudante brasileiro a ter maior poder de aprendizado.
Um exemplo:  estudantes do ensino médio beneficiados pelo Bolsa Família nas regiões Norte e Nordeste têm rendimento melhor do que a média nacional  (82,3% e 82,7%, contra  taxa brasileira de 75,2%).
Outro:  pesquisa feita na Universidade de Sussex, na Inglaterra, em 2012, revela que quanto maior é o tempo de  participação das famílias no Bolsa Família, maior é o aproveitamento escolar das crianças.  Segundo a pesquisa, a taxa de aprovação dos alunos do 5º ano aumenta 0,6 ponto percentual para cada R$ 1 de aumento no valor médio do benefício per capita pago às famílias.
A influência da entorno social na escolarização não é privilégio de sociedade pobre.
Tome-se o caso dos EUA.
O país  retrocedeu cerca de 20 pontos  na classificação global do Pisa- 2012.
Em 2009  ocupava a 17ª posição; caiu agora para a 36ª, abaixo da média geral em ciências e matemática.
O que mudou nos EUA entre 2009 e 2012?
A sociedade norte-americana mergulhou na sua maior crise desde a Depressão de 1929.
Uma em cada cinco crianças norte-americanas vive atualmente em ambiente de pobreza. A renda  média das famílias  com filhos recuou cerca de US$ 6.300 (tomando-se 2001 como base de comparação). Com a implosão da bolha imobiliária, um milhão de estudantes de escolas públicas viram suas famílias serem despejadas .  As taxas de desemprego aberto e oculto hoje superam a faixa dos 13%. O grau de recuperação do mercado de trabalho na presente crise é o mais lento de todas as recessões anteriores.
A sobrevalorização do papel da escola na agenda conservadora brasileira padece de outros flancos de coerência.
Há uma distância robusta entre o que se fala e o que se pratica quando se mede o hiato em moeda sonante.
O piso salarial do magistério brasileiro hoje, R$ 1560,00,  é um dos mais baixos do mundo. A perspectiva de corrigi-lo para modestos R$ 1.860 reais  em 2014  dispara as sirenes de alerta do jornalismo que promete mostrar o abismo fiscal na próxima edição.
Segundo o Pisa, o Brasil investe três vezes menos  que a média da OCDE para educar uma criança dos 6 aos 15 anos (R$ 64 mil e R$ 200 mil, respectivamente).
Em termos de PIB, fica com uma fatia equivalente a 5%.
O pedaço destinado aos rentistas da dívida pública é maior: 5,7% do PIB.
O mesmo jogral que atribui à educação poderes sobrenaturais,  martela a necessidade de submeter a economia a uma ação purgativa contundente feita de juros mais altos e cortes no poder de compra da população (em especial, a depreciação real do salário mínimo).
O conjunto visa, no fundo,  preservar  a regressividade fiscal brasileira, que privilegia ricos e penaliza pobres e remediados, contra eventuais reformas progressistas.
Nos salões elegantes, os candidatos a candidato do dinheiro grosso em 2014    acenam com a miragem desse país impossível: um Brasil com produtividade chinesa, civilidade suíça, superávit ‘cheio’ e carga fiscal equiparável a de Burkina Faso, onde o índice de alfabetização não ameaça a barreira dos 25%.
Não é apenas o entorno social do aluno pobre que está ameaçado por esse coquetel ; na verdade, ele rasga a própria  fantasia da prioridade educacional,  reduzindo-a a sua verdadeira essência histórica: uma agenda protelatória.
Ou seja, um deslocamento espacial e temporal do conflito distributivo, confinado em uma escola e em um aluno, aos quais caberá a exclusiva responsabilidade de erguer a sociedade  pelos próprios cabelos.
Ou não será assim também com a saúde pública, desafiada a ‘fazer mais com menos’, –com menos ainda  depois  que a coalizão demotucana  subtraiu R$ 40 bilhões por ano do SUS em 2007?
Um comparativo da OMS mostra o quanto há de perversidade na fotografia que imortalizou esse ato cometido na madrugada de 13 de dezembro de 2007. A imagem mostra a nata do retrocesso político comemorando a extinção da CPMF em alegria obscena. A indecência se  panfletada nas filas do SUS  ainda guarda nitroglicerina para sublevar o país.
Segundo a OMS, o gasto público mundial per capita com a saúde  chegou a US$ 571 por ano em 2010. Inclua-se nessa média os US$ 6 mil per capita da Noruega e os US$ 4 per capita do Congo; o valor brasileiro é de US$ 466/ano; em 2000, no governo FHC, somava US$ 107 per capita.
Os mesmos que gargalhavam na madrugada de 13 de dezembro de 2007 fuzilariam o ‘Mais Médicos’ seis anos depois. E não por acaso são as mesmas bocas de onde ecoa a cínica profissão de fé em uma escola  capaz de corrigir aquilo que suas madrugadas políticas cuidam de perpetuar.
Os resultados do Pisa deveriam servir de combustível para um aggiornamento do debate brasileiro  que de forma preguiçosa adotou o cacoete de terceirizar à educação tarefas que só uma repactuação do desenvolvimento pode honrar.
Na ante-sala do debate eleitoral de 2014  seria oportuno, por vezes,  inverter os termos da equação. E arguir o que o projeto mercadista pretende fazer em benefício da pobreza e da desigualdade hoje para que elas possam mudar a escola pública  amanhã.
Vale retornar às origens e reler um trecho inspirador de uma entrevista concedida pelo professor, crítico literário e cientista social Antonio Candido de Mello e Souza, à campanha de Lula, em 2002, sobre o assunto.
Como ele, as palavras aqui emitem uma luminosidade clássica:
“Temos  uma crise de civilização (…) Talvez seja um mal que deriva de um bem.
O esforço para tornar os níveis de ensino acessíveis a todos força diminuir o nível. Então, você fica num dilema perverso: elitizo ou democratizo e abdico de qualidade?  A saída está numa sociedade igualitária, onde todos tenham acesso à cultura e à educação de qualidade. Foi o que eu vi em Cuba. Instrução pública e gratuita em todos os níveis. E de muito boa qualidade. A chave é a transformação da sociedade, na qual as pessoas se apresentam para a educação em pé de igualdade.
Quem acha que um bom sistema educacional salva a pátria está redondamente enganado. A participação nesse sistema será sempre restrita. Por isso você tem que, primeiro, fazer mudanças estruturais; depois, terá um boa educação. Os liberais pensam: eu tendo uma população instruída, terei uma sociedade melhor.
Errado. Tendo a sociedade melhor, terei uma população instruída. Só assim você supera essa contradição aparente entre elitização e democratização. Continuo achando que a forma republicana do ensino público e gratuito é o grande modelo
(…)  Numa sociedade em que as diferenças de classes ficam muito reduzidas, haverá um desaparecimento da cultura erudita e da popular. E surgirá uma nova cultura. Isso é possível. A função do Estado é fazer um grande esforço econômico e social para que no plano cultural o hiato diminua. De tal maneira que, no fim de certo tempo, o popular se torna erudito e o erudito se torna popular.
(…) Sempre tivemos uma República de elite. Um presidente da República era eleito com 200 mil votos – e votos descobertos. Em 1930, eu assisti na minha cidade, em Cássia, Minas Gerais, à última eleição a descoberto. O eleitor chegava e o coronel, ao lado, fiscalizando. Depois de Getúlio, com a emergência das massas operárias, das massas urbanas, não foi mais possível manter esse estreitamento. O Getúlio era um caudilho esperto. Para manter as elites sob controle, abriu as porteiras e deixou o povo entrar, mas patrocinado por ele. Todavia, abriu a porteira.  E ela está aberta até hoje” (Antonio Candido; site da Campanha Lula Presidente; 2002)


Notas do Enem expõem o preço do ensino de elite

 

Melhores escolas do Rio no exame têm mensalidades entre R$ 2 mil e R$ 3 mil - No Globo
 
RIO — A lista das escolas cariocas com as melhores notas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2012 assusta. Entre as dez primeiras do ranking, nove têm mensalidades acima de R$ 2 mil. A exceção é a nona colocada, a Escola Sesc de Ensino Médio, um projeto do Serviço Social do Comércio (Sesc), na qual o ensino é gratuito. No Colégio São Bento, que ocupa o topo da relação, os pais dos alunos do 3º ano do ensino médio terão que desembolsar R$ 2.807 por mês em 2014. Há instituições ainda mais caras, que não têm bom desempenho no exame — e parecem não dar muita importância a isso —, como a Escola Britânica, nas quais as mensalidades giram em torno de R$ 4,5 mil. Por trás destas pequenas fortunas, justificam os diretores dos colégios, estão instalações de alto nível, equipamentos de ponta, atividades extracurriculares, carga horária pesada e, principal ponto em comum entre elas, professores com remuneração acima da média.



No São Bento, onde os alunos estudam em período integral (das 7h30m às 16h30m), com aulas de francês, inglês, espanhol, história da arte e música erudita, os professores do 3º ano ganham R$ 70 por hora de aula. A rede pH, que tem duas filiais entre as 20 escolas no Estado do Rio com as melhores notas no Enem — e mensalidades de até R$ 3 mil para estudantes da última série —, paga R$ 65 ao educador. Ou seja, se ele trabalha 40 horas semanais, recebe mais de R$ 10 mil mensais. São valores praticados por outras escolas deste universo e considerados altos no ensino médio. Para se ter ideia, professores da rede estadual do Rio ganham R$ 16,65 por hora de aula.



— Pagar bem a nossos professores é fundamental, porque mostra que reconhecemos a competência deles e garante a manutenção de uma equipe com os melhores profissionais — explica a supervisora pedagógica do São Bento, Maria Elisa Penna Firme Pedrosa.



Segundo Rui Alves, diretor da rede pH, algo em torno de 70% de seus profissionais têm mestrado. No Colégio Santo Inácio, que, por um erro ainda não esclarecido, não teve as notas de seus alunos no Enem computadas, cerca de 80% dos professores têm mestrado, segundo a assessoria de imprensa da escola, onde os alunos do 3º ano estudam até 48 horas semanais, com mensalidades de R$ 1.945. Além disso, na tradicional instituição de ensino jesuíta de Botafogo, os estudantes têm à escolha uma gama de atividades extracurriculares, que vão de dança e teatro a esportes e robótica. Suas duas bibliotecas têm cerca de 40 mil livros e quatro mil arquivos audiovisuais.




Recursos multimídia em sala


A infraestrutura escolar também eleva os preços da educação nestas instituições privadas. As salas de aula no ensino médio do Santo Agostinho têm projetores e recursos multimídia com acesso à internet, para uso dos professores. Há laboratórios de física, química e biologia, além de informática. Com mensalidades de até R$ 2.304 e conhecido na cidade pelo ensino “puxado”, o colégio não tem proposta pedagógica baseada na preparação para o Enem, garantem seus coordenadores. Mesmo assim, suas duas unidades (Leblon e Novo Leblon, na Barra) estão, respectivamente, em segundo e terceiro lugares no ranking do exame no Rio. De acordo com o coordenador de ensino médio, Evaldo José Palatinsk, 50% dos professores têm mestrado. A escola cuida para que seus docentes debatam semanalmente a atuação em sala de aula e aperfeiçoem a relação com os alunos.



— É fundamental a boa gestão da sala de aula e o domínio do conteúdo pedagógico. Eles devem ser educadores no sentido mais amplo da palavra — explica Palatinsk.



As mensalidades das escolas com as melhores notas no Enem no Rio são, muitas vezes, mais caras do que no ensino superior privado. Alunos de cursos como Psicologia, Economia, Administração e Comunicação Social da PUC-Rio, por exemplo, gastam R$ 2.345 mensais. E isto se fizerem o máximo de 30 créditos permitidos num semestre letivo. No Colégio Cruzeiro, o desembolso mensal é de R$ 2.909 na unidade Jacarepaguá, que ocupa o sexto lugar na lista de escolas cariocas com as melhores médias no exame do MEC, e R$ 2.777 na unidade Centro, quarta colocada no ranking.



Estes valores estão muito acima do que os governos gastam com os estudantes na rede pública de ensino. Em 2011, de acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão do Ministério da Educação (MEC), o investimento público anual por aluno no ensino médio era de R$ 4.212, o que significava um gasto mensal de R$ 351. O valor, no entanto, vem crescendo. Em 2001, já considerando a inflação do período, o gasto no ensino médio por aluno era de R$ 1.557 (R$ 130 por mês).



Para ter os filhos estudando em determinados colégios, famílias que integram a elite econômica do Rio investem, por mês, mais do que um aluno do ensino público custa ao longo do ano. Na Escola Britânica, a mensalidade é de R$ 4,5 mil. A instituição ocupa a tímida 58ª colocação na relação do Enem no Estado do Rio, o que parece não ser motivo de preocupação por lá.



Os alunos estudam das 7h30m às 15h30m. Eles assistem a todas as disciplinas obrigatórias nos currículos pedagógicos brasileiro e britânico. Há aulas de música, teatro, informática, francês e espanhol. O inglês é o idioma oficial. Entre as atividades extracurriculares está o programa de debates, no qual o aluno participa de eventos para discutir atualidades e, assim, desenvolver sua capacidade de raciocínio e argumentação em público. O colégio também incentiva seus professores a fazer especializações, permitindo flexibilidade de horários e até, em alguns casos, pagando 100% dos custos de um mestrado, por exemplo.



— Caro é algo pelo qual você paga e não tem o retorno equivalente. Esta escola tem um valor alto, mas o investimento é justificado — afirma uma funcionária da Escola Britânica, que prefere não se identificar.

Filas para matricular crianças


Mesmo com preços altos, as escolas particulares de melhor reputação têm, todos os anos, filas de pais esperançosos de garantir uma vaga para seus filhos já no ensino fundamental. Este ano, o São Bento fez sorteio para preencher 108 vagas. Para cada uma, havia cerca de dez candidatos.



A fonoaudióloga Eveline Sampaio Meirelles mantém o filho Victor, de 16 anos, no Colégio Andrews desde a 1ª série do ensino fundamental. Ela diz que fez sua escolha por acreditar no projeto de ensino da instituição, mas arcar com as mensalidades não é fácil. Victor está indo para o 3° ano do ensino médio na escola, sétima melhor carioca no Enem 2012. A mensalidade custa R$ 2.140.



— Meu marido faleceu há um mês, e o valor cobrado no 3º ano consumiria boa parte do meu orçamento. Vou tentar uma bolsa — pondera Eveline. — É caro, mas não poderia ser muito diferente, diante da qualificação dos professores. Acredito que também pago pelo nome do colégio.



A analista de sistemas Luciani de Oliveira Freitas é mãe de Luísa, de 14 anos, que se prepara para ingressar no ensino médio do Santo Agostinho:

— Priorizo a educação e sempre desejei que minha filha estudasse num colégio tradicional, com bom desempenho em vestibulares. Sempre acompanhei rankings. Nas contas de casa, a mensalidade do colégio é prioridade. Caso precisasse fazer reajustes no orçamento, seria a última coisa em que mexeria.
 

O caipira - por Antônio Cândido


quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

 

 

Gash Dem And Light Dem

Chuck Fender


Desinstitucionalização                     MUITO MAIS QUE                    Desospitalização

 

“Inicialmente, isto é, no trabalho de desconstrução do manicômio, esta transformação é produzida através de gestos elementares: eliminar os meios de contenção; reestabelecer a relação do indivíduo com o próprio corpo; reconstruir o direito e a capacidade de uso dos objetos pessoais; reconstruir o direito e a capacidade de palavra; eliminar a ergoterapia; abrir as portas; produzir relações, espaços e objetos de interlocução; liberar os sentimentos; restituir os direitos civis eliminando a coação, as tutelas jurídicas e o estatuto de periculosidade; reativar uma base de rendimentos para poder ter acesso aos intercâmbios sociais.”p.33

Livro:                                                            Atores:

DESINSTITUCIONALIZAÇÃO                      Franco Rotelli

                                                                      Ota de Leonardis

                                                                      Diana Mauri

"Papai por que você trabalha tanto?"

o pescador e o empresário

Um rico empresário paulistano dirigia seu utilitário esportivo pela costa, indo para o Nordeste encontrar sua família em férias. Anoitecia e ele cruzava o sul da Bahia quando o carro teve problemas mecânicos em uma estradinha secundária, ao lado do mar. Sem alternativa foi bater na porta de uma humilde casa de madeira, quase na praia. Foi atendido por um pescador muito pobre, que lhe deu janta e abrigo para dormir.

No dia seguinte o paulistano conheceu a família do pescador, sua esposa e oito filhos, enquanto aguardava socorro mecânico para seu veículo. E viu o quão grande era a pobreza deles, que nem luz elétrica tinham em casa e que dependiam da pesca que o mar provia. Depois do almoço resolveu que poderia fazer algo por eles. Disse assim ao pescador: “Obrigado por ter me ajudado. Em troca, eu gostaria de lhe ensinar o que eu sei, gostaria de lhe ensinar a ser rico!”

“Ólhe… eu num sei disso de ser rico não.” — disse o pescador.

“Mas eu quero te ensinar!” — disse o empresário — “Me diz, o que você faz todo dia?”

“Eu acordo cedo, pego minha vara e vô pescá! Pesco o que preciso. Depois passo o dia aqui na praia, descansando c’a minha mulher e co’ meus filhos.”

“Pois então, preste atenção: amanhã quando você sair para pescar você não pare quando tiver pouco peixe. Continue pescando tudo o que puder, pesque o máximo de peixe que conseguir. Trabalhe o dia todo!”

“É? Mas e aí?”

“Aí você vai pegar os seus peixes e levar para o mercado. Lá você vai vender tudo pelo melhor preço e guardar o dinheiro.”

“É?”

“É. E quando você tiver juntado um dinheiro, você vai comprar uma rede de pesca, que é para poder pescar mais peixe ainda.”

“Mas e aí?”

“Aí você com a rede pega muito mais peixe, continua pescando o máximo, leva tudo para o mercado. Você vai ver que vai ganhar mais dinheiro ainda.”

É?”

“Isso! Você junta mais esse dinheiro e logo vai poder comprar um barco — e com o barco vai poder ir para mais longe, achar os maiores cardumes, trazer mais peixe.”

“E aí?’” — o pescador parecia intrigado.

“Aí você vai vendendo os peixes, e deve arrumar dinheiro para contratar ajudantes, contratar uma equipe para te ajudar a pescar e puxar mais peixe. Quando tiver mais dinheiro compre um segundo barco e coloque mais empregados naquele outro barco.”

“É?”

“É isso! Continue fazendo isso e logo você terá uma frota de barcos de pesca. Compre um depósito refrigerado para armazenar os peixes. Continue comprando barcos, empregando mais gente, construindo depósitos maiores e em mais cidades. Entendeu?”

“Entendi!”

“E agora vem a última parte: abra o capital da sua empresa, lance ações na bolsa, venda as ações e fique extremamente rico!”

“Ééé?!” — o olhos do pescador brilhavam, arregalados — “E… E.. E aí?”

“Aí? Aí você está rico! Você pode parar de trabalhar! Pode ir morar na praia! Passar o dia pescando e descansando com sua família!”

UTILIDADE PÚBLICA PARA NÓS INSONES

Saiba o que fazer se você tem sono no trabalho

Sonolência piora rendimento e pode provocar acidentes.
Causas são dormir mal ou alguma doença. Confira dicas.
 
Gabriela Gasparin Do G1, em São Paulo

Apesar da má fama, cair no sono durante o trabalho é considerado normal por especialistas, desde que de forma esporádica. O que preocupa os médicos é quando a vontade de dormir no serviço aparece com frequência, sinal de noites mal dormidas ou até mesmo de um distúrbio que precisa ser tratado. Isso, ao contrário da "cochilada", não pode ser resolvido apenas com um alongamento ou com um gole de café.
 
Nesta reportagem, o G1 separou dicas para identificar o que causa o sono diurno e o que fazer se o sono virar um problema.
 
 
Além do desconforto, trabalhar com sono tira o rendimento, pode levar a erros e até provocar acidentes, diz o médico do trabalho Alexandre Lourenço, vice-presidente da Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV).
 
“A grande maioria das pessoas com essa queixa [de sono no trabalho] tem privação crônica de sono. Por algum motivo em suas vidas elas se esqueceram da necessidade de dormir e passaram a ter um sono insuficiente”, afirma a especialista Márcia Pradella, do Instituto do Sono da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). 
 

Funcionária dorme na sala de sonoterapia da empresa Apdata. (Foto: Raul Zito/G1)

Márcia explica que a duração mínima de sono necessária por dia varia de pessoa para pessoa, mas não deve ser menor do que seis ou sete horas. “É muito raro alguém só precisar dormir quatro ou cinco horas por noite”, diz.
 
Para saber se o repouso foi o ideal, basta levantar descansado e com disposição, diz ela. Já a duração máxima de descanso diário gira em torno de sete a oito horas e meia, afirmam os especialistas.

O neurologista Shigueo Yonekura, do Instituto de Medicina e Sono de Campinas e Piracicaba, em São Paulo, afirma que, com a correria do dia a dia, os trabalhadores têm deixado o sono de lado. “As pessoas vão dormir cada vez mais tarde e continuam acordando cedo no dia seguinte”, diz.
 
É o caso do atendente Thiago da Silva, 23 anos, que trabalha à noite há um ano e meio e só consegue dormir cerca de três horas e meia por dia. A jornada de trabalho de SIlva é das 18h às 6h.
 
Ele afirma que vai para a cama às 10h e só consegue pegar no sono às 11h. "Quando deito sinto o corpo cansado, mas a mente continua trabalhando e demoro para conseguir dormir", conta.
 
Por volta das 14h30, o atendente acorda para tomar banho, almoçar, cuidar do filho de nove meses e ir para o trabalho. "Às vezes tenho sono no serviço, principalmente depois da folga [ele trabalha quatro dias e folga dois]. Nessas horas, levanto e bebo um copo de água para despertar", diz.
 
Segundo Yonekura, quem não consegue aumentar as horas diárias de sono, como Silva, pode aproveitar para tirar cochilos no ônibus, nos horários de estudo ou até mesmo após o almoço – 15 minutos já são o suficiente para repor as energias. 
 
Sesta
 

Empresa Apdata, em São Paulo, oferece sala de descanso com TV para funcionários relaxarem. (Foto: Raul Zito/G1)

“Pescar” no trabalho uma vez ou outra, porém, é normal, dizem os médicos. Afinal de contas, não é todo o dia que dá para dormir tanto quanto o organismo precisa. O soninho depois do almoço também é comum, por conta da digestão.
 
Nesses casos, os especialistas indicam que o trabalhador levante, estique o corpo, tome um café e, se possível, tire um cochilinho de dez a quinze minutos antes de retornar ao serviço.
 
E para quem pensa que dormir no trabalho só acontece nos “sonhos”, há empresas que veem na soneca uma forma de aumentar o rendimento dos funcionários e oferecem espaços para o cochilo depois do almoço.

É o caso da Apdata, empresa do ramo de recursos humanos na cidade de São Paulo. A empresa possui, em um dos andares do seu prédio, uma sala de sonoterapia onde os trabalhadores podem dormir quando quiserem.

Luisa Nizoli, diretora executiva da empresa, diz que o período de maior movimento na sala da soneca é após o almoço, mas há usuários o dia todo. Ela diz que não há tempo limite para ficar na sala, mas os funcionários costumam tirar um soninho por no máximo 30 minutos.

Além de sala de sonoterapia, a empresa construiu também um salão de áudio e vídeo, sala de cromoterapia (tratamento relaxante por meio das cores), massoterapia (ambiente para massagens) e sala de estudo. A previsão é inaugurar, ainda neste ano, um espaço ao ar livre com pomar e redes.

Luisa revela que o ganho na produtividade dos funcionários foi de 60% após a inauguração dos espaços. 
 
Sintomas
 
   
Quem não dorme bem acorda mal-humorado, com sonolência e sensação assemelhada à fadiga, dizem os médicos. “Muitas pessoas sentem esses desconfortos e não os associam ao sono. Eles pensam que estão anêmicos ou estressados com o trabalho”, diz Márcia.

Com o acúmulo de noites mal dormidas, surgem problemas como hipertensão, infartos, perda de memória e da capacidade cognitiva.

Isso porque o sono é responsável por restabelecer as energias perdidas durante o dia, descansar a mente e estimular a memória. “É durante o sono que gravamos as coisas que aprendemos durante o dia”, disse Yonekura. 
 
Empresas
Toda empresa, obrigatoriamente, deve ter o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), que estuda as condições de saúde dos funcionários, o que inclui verificar quadros de sonolência, explica o médico do trabalho Alexandre Lourenço, vice-presidente da Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV).

Segundo ele, funcionários que estão com o problema devem avisar a empresa sobre o quadro e, se necessário, passar por tratamento.

Lourenço afirma que empresas com mais de 500 funcionários devem ter um médico do trabalho interno. As menores precisam oferecer um profissional que preste serviços externos aos funcionários. 
 
Doenças
Há doenças que provocam o sono diurno e outras que atrapalham o sono à noite, tais como a apneia do sono (distúrbio que provoca ronco e interrupções na respiração durante o sono), obesidade, insônia, narcolepsia (ataques de sono repentinos), hipersonolência idiopática (sono excessivo o tempo todo), entre outras.

Os obesos, segundo os especialistas, têm maior dificuldade para respirar durante à noite, o que atrapalha o sono. Roncar demais também atrapalha um bom sono, pois significa que a pessoa está fazendo muito esforço para respirar, diminuindo a qualidade do repouso.

Nesses casos, é importante procurar um médico para tratar a doença.

 

Carlos Drummond de Andrade

Resíduo

De tudo ficou um pouco
Do meu medo. Do teu asco.
Dos gritos gagos. Da rosa
ficou um pouco

Ficou um pouco de luz
captada no chapéu.
Nos olhos do rufião
de ternura ficou um pouco
(muito pouco).

Pouco ficou deste pó
de que teu branco sapato
se cobriu. Ficaram poucas
roupas, poucos véus rotos
pouco, pouco, muito pouco.

Mas de tudo fica um pouco.
Da ponte bombardeada,
de duas folhas de grama,
do maço
- vazio - de cigarros, ficou um pouco.

Pois de tudo fica um pouco.
Fica um pouco de teu queixo
no queixo de tua filha.
De teu áspero silêncio
um pouco ficou, um pouco
nos muros zangados,
nas folhas, mudas, que sobem.

Ficou um pouco de tudo
no pires de porcelana,
dragão partido, flor branca,
ficou um pouco
de ruga na vossa testa,
retrato.

Se de tudo fica um pouco,
mas por que não ficaria
um pouco de mim? no trem
que leva ao norte, no barco,
nos anúncios de jornal,
um pouco de mim em Londres,
um pouco de mim algures?
na consoante?
no poço?

Um pouco fica oscilando
na embocadura dos rios
e os peixes não o evitam,
um pouco: não está nos livros.

De tudo fica um pouco.
Não muito: de uma torneira
pinga esta gota absurda,
meio sal e meio álcool,
salta esta perna de rã,
este vidro de relógio
partido em mil esperanças,
este pescoço de cisne,
este segredo infantil...
De tudo ficou um pouco:
de mim; de ti; de Abelardo.
Cabelo na minha manga,
de tudo ficou um pouco;
vento nas orelhas minhas,
simplório arroto, gemido
de víscera inconformada,
e minúsculos artefatos:
campânula, alvéolo, cápsula
de revólver... de aspirina.
De tudo ficou um pouco.

E de tudo fica um pouco.
Oh abre os vidros de loção
e abafa
o insuportável mau cheiro da memória.

Mas de tudo, terrível, fica um pouco,
e sob as ondas ritmadas
e sob as nuvens e os ventos
e sob as pontes e sob os túneis
e sob as labaredas e sob o sarcasmo
e sob a gosma e sob o vômito
e sob o soluço, o cárcere, o esquecido
e sob os espetáculos e sob a morte escarlate
e sob as bibliotecas, os asilos, as igrejas triunfantes
e sob tu mesmo e sob teus pés já duros
e sob os gonzos da família e da classe,
fica sempre um pouco de tudo.
Às vezes um botão. Às vezes um rato.

"Tirando" o sensacionalismo do Jornal - + tragédia anunciada = + morte de índios


Com cerveja e espetinho, Leilão arrecada dinheiro para financiar combate aos índios

Nealla Machado

Com inúmeras autoridades políticas e vários produtores rurais, o ‘Leilão da Resistência’ promovido por pecuaristas de Mato Grosso do Sul para arrecadar recursos para financiar ações contra retomadas de áreas indígenas acontece nesse sábado (07), com  mordomia e cerveja gelada para os participantes.
Com auditório cheio de fazendeiros, todos os que subiam ao palanque entoavam a resistência contra a demarcação das terras indígenas. “Essa é a resistência democrática que o MS levanta nesse momento. Chega de desrespeito ao cidadão que faz e que produz”, disse a estrela da noite, o deputado federal pelo estado de Goias, Ronaldo Caiado (DEM). A sendor Kátia Abreu (PSD) de Tocantins também estava presente. Antes do leilão ela afirmou que a Funai é falida, retrógrada e atrasada.
Com um dos discursos mais aplaudidos pelos participantes o deputado afirma que a questão indígena é um problema para todo o país e que o Cimi (Conselho Indigenista Missionário) e a Funai são “preconceituosos contra os produtores brasileiros”.
Para o deputado estadual Zé Teixeira (DEM) pouco importa o leilão e o dinheiro arrecadado e sim que cada produtor conseguir defender sua propriedade. “Há anos os produtores gastam com as invasões. Se o banco tem um segurança na porta, por que a fazenda não pode ter? Esse leilão é um alerta para mostrar que o setor produtivo não vai esperar pelo poder publico e precisa de segurança”, fala.
“Não é o índio que invade e sim essas ONGs, essas organizações de esquerda, que querem desarticular o setor produtivo brasileiro”, garante.
O senador Moka (PMDB) afirmou que o leilão é justo, porque ele é realizado com dinheiro dos produtores rurais e é conseguido com suor e trabalho dos mesmos. “Esses são recursos para a defesa das propriedades. Aqui no MS nós não temos terra grilada nem terra invadida. Nós temos terra produtiva”, disse em discurso.
O secretário de Habitação Marun (PMDB), um pouco mais contido nas declarações, disse que o leilão é uma maneira de o setor se expressar. “Essa é uma afronta ao estado de direito democrático”. Eu não concordo 100% com tudo que está proposto, mas acredito que alguma coisa deva ser feita e a que se resistir a isso”.
O ex-deputado estadual e pecuarista, Ricardo Bacha, foi citado várias vezes em muitos discursos mais calorosos, mas ele mesmo não quis se pronunciar. Sentado no canto, usando óculos escuros e um chapéu de palha, ele disse que não comentaria sobre o leilão e que só estava acompanhando o evento.
A fazenda Buriti, de sua propriedade em Sidrolândia, foi uma das primeiras ocupadas pelos indígenas que agora a chamam de Aldeia Buriti. Em torno dela há mais de 20 fazendas ocupadas.
Leilão com mordomias
O evento, muito bem organizado, contou com garçons servindo água, refrigerante e cerveja para os participantes que estavam dentro do local. Quem preferiu ficar lá fora, podia ver os discursos e o leilão embaixo de uma tenda montada com dois televisores e vários climatizadores. No período da noite serão vendidos espetinhos com mandioca por R$10, para quem ficar até o final.
Para o produtor rural de São Gabriel do Oeste, Laner da Costa Nunes, 32 anos, os pecuaristas do estado tinham que ser mais unidos. “Eu acho que deveria acontecer uma greve, onde nenhum produtor vende mais nada. Ai eu queria ver”, questiona. Mesmo assim, ele aprova a iniciativa do leilão e estava esperando para comprar alguma coisa “Vamos ver, se eu achar alguma coisa que me interessa eu compro”.
Abelir Lima da Silva, de 40 anos, produtor de leite no município de Tacuru, compareceu por conta do apoio dos políticos em relação a causa dos produtores rurais. “Eu mesmo não vou comprar nada, mas eu vim para apoiar os outros e porque eu acho importante participar”, fala.
A produtora Ini Pereira Vieira, de 40 anos, também do município de Tacuru espera que a iniciativa do leilão não termine agora. “Nós precisamos mostrar que nós somos e não podemos aceitar essas invasões as nossas terras. Todos precisamos nos unir e apoiar os amigos em situação difícil. Somos nós que movemos esse país” garante.
O governador André Puccinelli (PMDB) não compareceu. Dos parlamentares de Mato Grosso do Sul estavam presentes o senador Waldemir Moka (PMDB); os deputados federais Luiz Henrique Mandetta (DEM), Reinaldo Azambuja (PSDB) e Fábio Trad (PMDB); os deputados estaduais Mara Caseiro (PTdoB), Márcio Fernandes (PTdoB), Jerson Domingos (PMDB), Junior Mochi (PMDB). Zé Teixeira (DEM) e Márcio Monteiro (PSDB), além do ex-prefeito de Campo Grande e secretário estadual Nelsinho Trad.
Aliança?
A presença do deputado federal Reinaldo Azambuja abre a perspectiva de questionamento entre os petistas. O ex-governador e vereador Zeca do PT antecipou que a presença de Azambuja no leilão mostraria a distância entre o que prega o PT e o PSDB.  Zeca e outras lideranças do PT são contra a aliança com os tucanos, cujo projeto contemplaria a candidatura de Azambuja ao senado na chapa do senador Delcídio Amaral, pré-candidato do PT ao governo.
O senador Delcídio Amaral e o deputado federal Vander Loubet, defensores da aliança com o PSDB, não compareceram.(Matéria alterada às 17h57 para acréscimo de informações)


Enquanto fazendeiros leiloam gado, entidades arrecadam alimentos para indígenas de MS

Diego Alves

 

Mais de 20 entidades fazem neste sábado (7) um ato em apoio aos povos indígenas, com a arrecadação de roupas e alimentos que serão levados a índios que moram no Sul do Estado. O evento ocorre com apresentações artísticas de música, dança, teatro, vídeos e exposição de obras de arte. De acordo com organizadores, mais de 5 toneladas de roupas e alimentos, já foram arrecadados este ano.

Coincidentemente, o ato ocorre no mesmo dia do “Leilão da Resistência”, que acontece na Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), onde vão a remate cerca de 800 animais para a contratação de segurança armada, impedindo que indígenas façam a retomada de terras no Estado.

“O objetivo [´Leilão da Resistência´], é tentar mostrar que são eles que mandam. No Estado, campeão de violência contra índios, isso só vem a sujar o nome de MS. Já são mais de 300 mortes de lideranças nos últimos anos. Na segunda-feira (9), nós levaremos toda a situação vivida pelos indígenas ao Fórum Nacional dos Direitos Humanos em Brasília (DF)”, diz o líder terena Lindomar Ferreira.

“Defendemos a justiça dos povos indígenas, esse aglomerado de pessoas ligadas a educação defende uma questão constitucional, que é o direito dos povos indígenas. O Estado é que tem o poder de resolver, que faça cumprir a Constituição”, diz o artista Jorge de Goes.

Mato Grosso do Sul tem uma população de aproximadamente 75 mil índios, sendo 45 mil de Guaranis e aproximadamente 28 mil de Terenas.

A entidades que fazem parte do ato são a FETEMS,CCDH, CTV, DCE-UFMS, TPT, CPT, CEBI, MST, MMC, CTB, CUT, CONLUTAS, CIMI, ONG AZUL, CEDAMPO, ADLESTE, SINTES, SEEB-CG, SINTECT-MS, SINTSPREV, SISTA-MS, SINTIEMC, RECID.

 

Fachada da Famasul amanhece pichada: ‘leilão assassino’

Evelin Araujo

 

‘Leilão assassino’ é a frase que estampa a parede externa da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul) na manhã deste sábado (7), mesmo dia que acontece o “Leilão da Resistência” feito entre produtores rurais para conseguir recursos e armar segurança contra a retomada de terras de índios pelo Estado.

A pichação se mostra contra a liminar concedida ontem (6) pelo juiz Pedro Pereira dos Santos, da 4ª Vara do Tribunal Regional Federal da 3a. Região (TRF-3).

A assessoria de comunicação da Famasul informou que um Boletim de Ocorrência será registrado contra o evento para acionar o seguro do prédio. Câmeras de segurança poderão identificar os autores da inscrição.

A Famasul recebe neste sábado a senadora do Tocantins, Kátia Abreu e presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil. Ela conversa com produtores antes do

 

http://www.midiamax.com.br/noticias/885400-fachada+famasul+amanhece+pichada+leilao+assassino.html#.UqgJGGM8jMw