quarta-feira, 31 de julho de 2013

MP investigará policial que prendeu manifestante acusado de lançar molotov contra PM no Rio

Do UOL, em São Paulo
 
As imagens da manifestação mostram que Teles não estava posicionado no local de onde os artefatos foram arremessados
As imagens da manifestação mostram que Teles não estava posicionado no local de onde os artefatos foram
 
 
A conduta do policial Diego Luciano de Almeida, que prendeu o manifestante Bruno Ferreira Teles, 25, acusado pela PM (Polícia Militar) de atirar um coquetel molotov contra policiais durante uma manifestação no Rio de Janeiro, será investigada pelo MP-RJ (Ministério Público Estadual). A decisão foi tomada nesta segunda-feira (29) pela promotora Janaína Vaz Candela Pagan. Não há prazo para conclusão da investigação.
A prisão de Teles ocorreu em 22 de julho, durante uma manifestação próximo ao Palácio Guanabara, sede do governo estadual. Nesta segunda-feira (29), o MP-RJ decidiu arquivar o inquérito contra Teles. De acordo com a perícia realizada pela Coordenadoria de Segurança e Inteligência do MP, as imagens da manifestação mostram que Teles não estava posicionado no local de onde os artefatos foram arremessados.
A reportagem entrou em contato com a Polícia Militar do Estado do Rio, mas até as 12h30 não teve retorno.
Teles disse, em entrevista ao UOL, que o sentimento que prevalece com o arquivamento do inquérito é o de alívio. "Estou feliz 'pra' caramba. A justiça foi feita. Eu sempre disse que não fiz nada, não tinha nada nas mãos. Apenas gritei mais alto, porque em protesto tem que ser assim. Agora é festejar", disse.
O advogado do estudante, John Miguel Dehon, informou que entrará nos próximos dias com uma ação na Justiça contra o Estado por danos morais.
 

Protestos no Rio de Janeiro

23.jul.2013 - Policial acerta a cabeça do fotógrafo da Agência France Press Yasuyoshi Chiba durante protestos no Rio de Janeiro, nesta segunda-feira (22) à noite, no Rio de Janeiro, nos arredores do Palácio da Guanabara. Ele disse que foi empurrado quando fotografava um manifestante sendo retirado do chão por policiais.
 

E agora Sérgio Cabral? A eficiente "força" do estado...


Amarildo: a história do pedreiro desaparecido após ser detido em UPP

Desaparecido desde 14 de julho, Amarildo foi preso em operação da PM que prendeu suspeitos após um arrastão próximo à favela da Rocinha, no Rio

Desaparecimento do pedreiro mobiliza comunidade da Rocinha Foto: Divulgação

Desaparecimento do pedreiro mobiliza comunidade da Rocinha
Foto: Divulgação

Não é preciso passar muito tempo junto à família de Amarildo para entender que a UPP da Rocinha se envolveu em um problema bem grande. Amarildo não é uma pessoa que poderia desaparecer sem que sua família perguntasse por ele, não é o pai de quem os filhos esqueceriam facilmente, não é o sobrinho, tio, primo, irmão, marido por quem ninguém perguntaria: onde está Amarildo?

Neste pedaço bem pobre da Rocinha, onde nasceu, cresceu, viveu e desapareceu Amarildo, “muitos são de nossa família”, diz Arildo, seu irmão mais velho, apontando os quatro lados da casa. Em uma caminhada pela comunidade na companhia de um sobrinho de Amarildo, a repórter da Pública conheceu algumas primas, depois umas sobrinhas, tomou um café com as tias lá em cima, de onde desceu acompanhada de irmãos e filhos de Amarildo. De todos ouviu a descrição de Amarildo como “um cara do bem” que, por desgraça, tornou-se famoso – e não por sua característica mais marcante, o bom coração.

As casas são ligadas por escadas antigas, feitas possivelmente por seus avós que vieram da zona rural de Petrópolis para o Rio com os três filhos ainda bem pequenos. “A Rocinha nessa época ainda era mato e poucas casas de madeira, uns barracos como se diz, e nada mais”, diz Eunice, irmã mais velha de Amarildo.

A curiosidade da repórter sobre o passado da família é o suficente par que ela pegue o telefone, para ligar para uma tia avó, “a única que pode saber alguma coisa sobre a história é ela”, diz. A tia-avó, que também vive na Rocinha, confirma por telefone o que Eunice já sabia: a “tataravó era escrava, possivelmente em uma fazenda de Petrópolis, mas não se sabe mais do que isso”.

Eunice diz ter retomado as origens familiares ao fazer de sua casa um centro de Umbanda. É aqui, na parte debaixo da casa, a mais silenciosa, que ela recebe as pessoas que querem saber de seu irmão. “Temos a mesma mãe, mas nosso pai não é o mesmo. Minha mãe gostava de variar”, comenta, rindo.

Ali, na casa construída por ela, moram pelo menos 10 pessoas, entre crianças e adultos. Na cozinha, as panelas são grandes como numerosas são as bocas. No primeiro quarto, três mulheres comem sentadas na cama. Em outro quarto, duas sobrinhas estão em frente ao computador, trabalhando na página do Facebook feita para Amarildo, seguindo os cartazes virtuais de “onde está Amarildo?” que vêm de várias partes do país.

Entre onze irmãos

A mãe de Amarildo teve 12 filhos e trabalhou muito tempo como empregada doméstica na casa de uma atriz famosa do bairro do Leblon. “Essa atriz quis adotar um de nós mas a minha mãe nunca quis”, lembra o irmão Arildo, 3 anos mais velho do que ele. Sobre o pai de ambos, não se sabe onde nasceu, apenas que era pescador, com barco na Praça XV, no centro do Rio, onde conheceu a sua esposa. Os netos não se lembram como nem quando, mas ele se acidentou em um naufrágio e acabou morrendo em consequência de um ferimento na perna. Amarildo tinha um ano e meio. Mas, adulto, Amarildo, tinha paixão pela pesca. “Era a única coisa que ele fazia na vida, quando não estava trabalhando ou nos ajudando: ia pescar sozinho ou com um primo nas rochas de São Conrado. Voltava com muitos peixes”, conta orgulhoso, Anderson, o mais velho dos seus seis filhos.

As varas de pescar de bambu, que ele mesmo fazia, estão encostadas em casa desde o dia 14 de julho, um domingo, quando os policias da Unidade de Polícia Pacificadora da Rocinha o levaram “para verificação”. Ele tinha acabado de limpar os peixes trazidos do mar e Bete, apelido de Elizabete, sua esposa há mais de 20 años, esperou que ele voltasse da UPP para fritar os peixes “como tantos domingos”, ela conta, o olhar perdido. Foram 20 anos de união, seis filhos, a vida dividida em um único cômodo que servia de dormitório, cozinha e sala.

Semanas após o desaparecimento do marido, Bete se esforça para conseguir contar como conheceu o “meu homem”, ela diz, evocando a lembrança do jovem que se sentou ao lado dela em um banco em Ipanema: “Eu não saía muito desde que cheguei de Natal (Rio Grande do Norte) para trabalhar como empregada em uma família. No domingo, ia caminhar um pouco no bairro. Ele veio conversar comigo, nos conhecemos, e ele me trouxe para a casa de sua mãe aqui na Rocinha. Nunca mais saí”, conta.

Bete trouxe os dois filhos que vieram com ela do Nordeste sem criar problema com Amarildo. “Ele adora crianças”, ela diz. O que as duas menorzinhas da família confirmam: “É o tio Amarildo que nos leva para a praia de de Sao Conrado, ele que nos ensinou a nadar”. Ela apenas sorri, sempre fumando, e sem disfarçar a tristeza conta que está preocupada com a filha mais nova, de 5 anos. “Ela sempre estava com o pai”, suspira. No começo, Bete lhe disse que o pai tinha ido viajar e que, por hora, ele não voltaria. A pequena conserva a esperança de filha que sempre acreditou nas palavras do pai, e ele lhe prometeu um bolo grande no próximo aniversário.

“Era um menino e pulou no fogo”

Aos 11 anos, Amarildo se tornou o herói da comunidade ao se meter em um barraco em chamas para salvar o sobrinho de 4 anos. “Era um menino, e pulou no fogo. Me salvou e também tentou salvar a minha irmã, que tinha 8 anos. Não conseguiu tirá-la de lá, ela morreu, e eu fiquei meses no hospital”, lembra Robinho, hoje com 34 anos, a pele marcada pelas cicatrizes desta noite de incêndio.

Aqui, Amarildo é conhecido por todos como “Boi”, por ser um homem forte que carregava as pessoas que precisavam de socorro para descer as escadas e chegar com urgência a um hospital. “Uns dias antes de desaparecer, ele carregou no colo uma vizinha, e a salvou. É uma ótima pessoa, sempre ajudava os outros – numa emergência ou numa mudança”, conta a cunhada Simone, sem conter as lágrimas. “Eu tenho muita saudade dele, principalmente do seu sorriso. Meu marido não fala nada, mas eu o conheço, está com muita raiva. Na primeira noite, ficou debruçado na janela a noite toda, esperando o irmão voltar”, diz, emocionada.

Toda a família está com raiva. E dessa vez ninguém quer ficar quieto, mesmo sabendo dos riscos da denúncia. Vários familiares foram ameaçados por policiais. “Por que foram atrás dele? Estamos voltando à ditadura?”, pergunta a prima, Michelle. “Ele trabalhou toda a vida, quando não trabalhava, nos ajudava, ou ia pescar para a sua família. Ninca se meteu com ninguém”, comenta, revoltada.

Boi era pedreiro havia 30 anos e ganhava meio salário mínimo por mês. “Por isso, às vezes carregava sacos de areia aos sábados para ganhar um pouco mais”, comenta Anderson, mostrando os tijolos que o pai comprou com o dinheiro extra para fazer um puxadinho no segundo andar na casa: “Na verdade, ele ia ter que voltar a fazer a fundação aqui de casa porque está caindo, eu e meu irmão íamos ajudar”, detalha.

“Ele era meu pai, irmão, amigo, era tudo para mim”, diz, escondendo as lágrimas quando chega a irmã mais nova, de 13 anos.

Os familiares vivem em suspense, à espera das notícias que não chegam. Não desistem: organizam-se como podem com vizinhos, amigos e outras vítimas da polícia. Negaram uma oferta do governo do Estado do Rio de Janeiro para entrar no programa de proteção à testemunha. Preferiram continuar na Rocinha, sua comunidade. Na próxima quinta-feira, dia 1º de agosto, farão mais uma manifestação na Rocinha, onde estarão presentes familiares de outros desaparecidos por obra de outros policiais em outras favelas. “Temos que lutar para que essa impunidade não continue. Queremos justiça por Amarildo e para todos nós que convivemos agora com essa polícia”, revolta-se a sobrinha Erika.

Aos 43 anos, Amarildo desapareceu sem que a família tenha direito sequer a uma explicação oficial, como tantos outros de tantas favelas brasileiras vítimas de violência policial. Mas dessa vez, ninguém vai se calar. Onde está Amarildo?

Como levaram Amarildo

A Operação Paz Armada, que mobilizou 300 policiais, entrou na Rocinha nos dias 13 e 14 de julho para prender suspeitos sem passagem pela polícia depois de um arrastão ocorrido nas proximidades da favela. Segundo a polícia, 30 pessoas foram presas, entre elas Amarildo. Segundo uma testemunha contou à reporter Elenilce Bottari, de O Globo, ele foi levado por volta das 20h do dia 14, portando todos os seus documentos: “Ele estava na porta da birosca, já indo para casa, quando os policiais chegaram. O Cara de Macaco (como é conhecido um dos policiais da UPP) meteu a mão no bolso dele."

Ele reclamou e mostrou os documentos. O policial fingiu que ia checar pelo rádio, mas quase que imediatamente se virou para ele e disse que o Boi tinha que ir com eles”, disse a testemunha.

Assim que soube, Bete foi à base da UPP no Parque Ecológico e chegou a ver o marido lá dentro. “Ele me olhou e disse que o policial estava com os documentos dele. Então eles disseram que já, já ele retornaria para casa e que não era para a gente esperar lá. Fomos para casa e esperamos a noite inteira. Depois, meu filho procurou o comandante, que disse que Amarildo já tinha sido liberado, mas que não dava para ver nas imagens das câmeras da UPP porque tinha ocorrido uma pane. Eles acham que pobre também é burro”, contou Bete ao O Globo.

O caso está sendo investigado pelo delegado Orlando Zaccone, da 15ª DP (Gávea), ainda sem conclusão.
 
 
 
 

MENSALÃO PANTANEIRO

Após reivindicações, TJ-MS vai julgar recurso do caso Mensalão de MS nesta quarta-feira 

Diana Gaúna, com assessoria
 
 
Está marcado para esta quarta-feira (31) o julgamento do agravo regimental em pedido de suspensão da liminar sobre a decisão do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJ-MS) que não permitiu a quebra de sigilo bancário da Assembleia Legislativa do Estado. O recurso decorre de ação popular proposta por um grupo de advogados do Estado.
Caso o agravo seja acolhido, as movimentações bancárias da Assembleia passam a ser objeto de análise, pelos autores e pelo Ministério Público Estadual (MPE). A suposta existência de esquema de desvio de dinheiro na Assembleia foi revelada durante a Operação Uragano, pelo então secretário da Assembleia, Ary Rigo.
O julgamento atende uma das reivindicações feitas pela Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Mato Grosso do Sul (OAB-MS) e outras 21 entidades sul-mato-grossenses ao TJ-MS, na Caminhada pela Justiça, do último dia 25.
No documento entregue ao presidente do TJ-MS, desembargador Joenildo Chaves, consta o “pedido de apuração de julgamento célere das denúncias envolvendo casos de corrupção nos Poderes do Estado de Mato Grosso do Sul, como o propalado episódio do ‘Mensalão do MS’”, conforme trecho da carta.
A votação de quarta-feira será sobre o agravo regimental em pedido de suspensão de Liminar (número 0605693-86.2012.8.12.0000) interposto contra a decisão da Vice-Presidência do TJ-MS. O anúncio da votação, após meses de paralisação, acontece uma semana após a entrega da carta de recomendações, ao final da Caminhada pela Justiça.
Caso Rigo
O escândalo que ficou conhecido internacionalmente como ‘Mensalão Pantaneiro’ veio à tona após um vídeo ser divulgado na internet, no dia 21 de setembro de 2010, com a gravação do então primeiro secretário da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, deputado estadual Ary Rigo (PSDB), falando sobre a existência de um ‘mensalão’. O esquema de distribuição de dinheiro teria favorecido, além de deputados estaduais, desembargadores do TJ (Tribunal de Justiça), MPE (Ministério Público Estadual) e o governador André Puccinelli (PMDB).
Demissão
O ex-procurador do MPE, Miguel Vieira, teve recomendada sua demissão pelo Conselho Nacional do Ministério Público nesta terça-feira (30).
Consta nas investigações que em vários trechos de uma conversa mantida entre o Secretário Municipal de Governo do Município de Dourados, Eleandro Passaia, e o ex-deputado estadual Ary Rigo, interceptada pela Polícia Federal durante a investigação “Operação Uragano”, o nome do ex-Procurador-Geral de Justiça, é mencionado como beneficiário do recebimento de R$ 300 mil para que garantisse suporte legal às ações criminosas praticadas pelo ex-prefeito de Dourados, dentre elas fraude à licitação, corrupção ativa e formação de quadrilha.
Divulgação
Agora, o processo será enviado ao procurador-geral de Justiça do Ministério Público do Mato Grosso do Sul, para propositura da ação civil para perda do cargo e da ação civil de improbidade administrativa.
 

ELES RIEM, E O POVO....

Puccinelli ri ao saber que Bernal cobrou rapidez em reabertura do PAM

 
Fernanda Kintschner e Mayara Sá
 
 
O prefeito Alcides Bernal (PP) protocolou um pedido para a reabertura imediata do Pronto Atendimento Médico (PAM) do Hospital Regional Rosa Pedrossian. Ao saber da recomendação em agenda pública desta terça-feira (30) o governador André Puccinelli (PMDB) deu gargalhadas e ironizou a cobrança.
“Ele cobrando de mim, a obrigação é dele. O asfalto não é meu. No entanto, eu tendo um dinheirinho eu faço. Eu tenho mesmo é que dar risada”, disse o governador relembrando o asfaltamento no bairro Aero Rancho entregues há poucos dias.
A reabertura do local está marcada para o dia 15 de agosto e a prefeitura justifica o pedido devido ao fechamento do PAM do Hospital Universitário, para evitar uma “sobrecarga em outros hospitais para assistência terceirizada”, diz a nota no site oficial da Capital.
A nota ainda diz que esta medida foi um “pedido do prefeito que demonstra preocupação com a parcela da população que deixará de ser assistida no HU, considerando um aumento de 30% nos atendimentos nas unidades de Pronto Atendimento da Prefeitura”.
Minamar Junior
“Ainda bem que estou de bom humor”, concluiu Puccinelli (PMDB).
 

terça-feira, 30 de julho de 2013

CADERNOS DA ATENÇÃO BÁSICA N. 34 - (Enviado pela amiga BIA)


 

 

Ai Que Saudade D'Ocê

Geraldo Azevedo


Não se admire se um dia
Um beija-flor invadir
A porta da tua casa
Te der um beijo e partir
Fui eu que mandei o beijo
Que é pra matar meu desejo
Faz tempo que eu não te vejo
Ai que saudade de ocê


Se um dia ocê se lembrar
Escreva uma carta pra mim
Bote logo no correio
Com frases dizendo assim
Faz tempo que eu não te vejo
Quero matar meu desejo
Te mando um monte de beijo
Ai que saudade sem fim


E se quiser recordar
Aquele nosso namoro
Quando eu ia viajar
Você caía no choro
Eu chorando pela estrada
Mas o que eu posso fazer
Trabalhar é minha sina
Eu gosto mesmo é de ocê




 Maria Tereza - http://aminhapinturanaif.blogspot.com.br/2010/12/beija-flor.html

Dourados - MS (Segunda Maior Cidade do Estado)

Expediente da Câmara volta na segunda com estudantes ainda acampados

 
Manifestantes permanecerão na Câmara na segunda quando servidores retornarão do recesso - Foto: Maryuska Pavão
Maryuska Pavão
Com a volta aos trabalhos programada para a segunda-feira (22) depois do recesso, a Câmara de Vereadores de Dourados permanecerá ocupada pelos manifestantes que estão acampados no local desde o dia 4, segundo informou o vereador presidente da Casa, Idenor Machado(DEM).
Na tarde desta sexta-feira (19), o presidente disse ao Dourados News, que apenas no dia terá informações de como será o funcionamento da Câmara, já que a prefeitura, através da PGM (Procuradoria Geral do Município), ainda não entrou em um acordo para a desocupação.
“Só na segunda-feira de manhã é que teremos uma posição a ser tomada, por enquanto continua tudo do jeito que está” disse o vereador. A primeira sessão ordinária está agendada para 23 de julho, terça-feira.
Em contato com o representante do Movimento Popular pelo Passe Livre – MPPL, Tatus Park, o Dourados News foi informado que até o momento não houve conversa e eles permanecerão no local.
“Ontem completamos nossa segunda semana acampados e enquanto não houver uma conversa com a apresentação de projeto, não vamos desistir da nossa causa, que beneficiará toda a sociedade douradense” afirmou o manifestante.
Relembre o caso
Estudantes das duas universidades públicas de Dourados decidiram acampar no prédio onde funciona o Legislativo após a realização da Audiência sobre o transporte coletivo no município em dia 4 de julho. Na ocasião, eles alegaram que o não comparecimento do prefeito na discussão seria um dos fatores para a decisão do grupo.
Na manhã do dia 5, a procuradoria-geral da Casa entrou com pedido de reintegração de posse do local, porém, o juiz da 6ª Vara Cível de Dourados, José Domingos Filho, indeferiu o pedido.
Três dias depois, o presidente da Câmara, vereador Idenor Machado (DEM) convocou a imprensa para entrevista e deixou a cargo da administração municipal – proprietária do imóvel -, a responsabilidade de resolver a situação que se prolonga desde o dia 4.
Um ofício, assinado por outros legisladores foi encaminhado ao prefeito Murilo Zauith (PSB). Em entrevista ao Dourados News no dia 9, o chefe do Executivo disse que estava aberto ao diálogo.
Na sexta-feira passada os manifestantes alegando falta de uma definição por parte da administração municipal, atearam fogo em pneus em frente à Câmara, deixando a avenida Marcelino Pires interditada durante alguns minutos.
 

 

Nelore valente            

Tião Carreiro e Pardinho


Na fazenda que eu nasci, vovô era retireiro
Bem criança eu aprendi, a prender o gado leiteiro
Um dia de manha cedo, vejam só que desespero.
Tinha um bezerro doente, e a ordem do fazendeiro!
Mate já esse animal, e desinfete o mangueiro!
Se essa doença espalhar, poderá contaminar!
O meu rebanho inteiro
Eu notei que o meu avô, ficou bastante abatido!
Por ter que sacrificar, o animal recém nascido.
Nas lágrimas dos seus olhos, eu entendi seu pedido
Pus o bichinho nos braços, levei pra casa escondido
Com ervas e benzimentos, seu caso foi resolvido
Com carinho eu lhe tratava, e o leite que o patrão dava.
Com ele era dividido


Quando fazendeiro soube, chamou o meu avozinho.
Disse você foi teimoso, não matando o bezerrinho.
Vai deixar minha fazenda, amanha logo cedinho.
Aquilo feriu vovô, como uma chaga de espinhos.
Mais há sempre alguém no mundo, que nos dá algum carinho.
E sem grande sacrifício, vovô arrumou serviço.
Ali no sítio vizinho


Em pouco tempo o bezerro, já era um boi herado
Bonito forte e troncudo mansinho e muito ensinado.
Automóvel do atoleiro, ele tirava aos punhados.
Por isso na redondeza, ficou bastante afamado.
Até que um dia a noitinha um homem desesperado
Gritou pedindo socorro, seu carro caiu no morro.
Seu filho estava prensado


O carro da ribanceira, o boi conseguiu tirar.
O menino estava vivo, seu pai disse a soluçar.
Qualquer que seja a quantia, esse boi eu vou comprar.
Eu disse ele não tem preço, a razão vou explicar.
A bondade do vovô veio seu filho salvar
Esse ?Nelore Valente? é o bezerrinho doente.
Que o senhor mandou matar.....

Parabolicamará            

Gilberto Gil


Antes mundo era pequeno
Porque Terra era grande
Hoje mundo é muito grande
Porque Terra é pequena
Do tamanho da antena
Parabolicamará


Ê volta do mundo, camará
Ê, ê, mundo dá volta, camará


Antes longe era distante
Perto só quando dava
Quando muito ali defronte
E o horizonte acabava
Hoje lá trás dos montes
dendê em casa camará


Ê volta do mundo, camará
Ê, ê, mundo dá volta, camará


De jangada leva uma eternidade
De saveiro leva uma encarnação

Pela onda luminosa
Leva o tempo de um raio
Tempo que levava Rosa
Pra aprumar o balaio
Quando sentia
Que o balaio ía escorregar


Ê volta do mundo, camará
Ê, ê, mundo dá volta, camará


Esse tempo nunca passa
Não é de ontem nem de hoje
Mora no som da cabaça
Nem tá preso nem foge
No instante que tange o berimbau
Meu camará


Ê volta do mundo, camará
Ê, ê, mundo dá volta, camará


De jangada leva uma eternidade
De saveiro leva uma encarnação

De avião o tempo de uma saudade
Esse tempo não tem rédea
Vem nas asas do vento
O momento da tragédia
Chico Ferreira e Bento
Só souberam na hora do destino


 Apresentar
Ê volta do mundo, camará
Ê, ê, mundo dá volta, camará
 

Apensar da Corrupção em todas as esferas do poder, Brasil contuna melhorando: Fala mal da Dilma, Fala....

Mato Grosso do Sul tem 27 cidades com IDH municipal alto, diz estudo


Campo Grande está entre as 100 cidades do país com melhor índice.
Japorã é a cidade do estado com pior desempenho, aponta Pnud.


Campo Grande MS aérea (Foto: Fernando da Mata/G1 MS)Campo Grande ocupa 100ª posição entre as cidades brasileiras. (Foto: Fernando da Mata/G1 MS)
Dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), relativos a 2010, divulgados nesta segunda-feira (29), mostram que Mato Grosso do Sul tem 27 cidades com Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) alto.

O levantamento, que analisa o nível de desenvolvimento humano nos 5.565 municípios do país, não levou em conta os dados de Paraíso das Águas, criado após as eleições de 2012.

O índice considerado alto compreende notas entre 0,7 e 0,79. Na 100ª posição do ranking entre as cidades brasileiras, Campo Grande tem a melhor colocação do estado, enquanto Japorã tem o pior (5.426º).
saiba mais
Em 47 municípios sul-mato-grossenses, o IDH é considerado médio (0,6 a 0,69). Quatro cidades do estado tiveram índices classificados como baixos (0,5 a 0,59) e nenhuma teve índice considerado muito baixo (0 e 0,49).

Entre os IDHs de Mato Grosso do Sul, depois de Campo Grande, os melhores colocados são Chapadão do Sul (467º no país), Dourados (599º), Três Lagoas (667º), Maracaju (876º) e São Gabriel do Oeste (1.052º). Ponta Porã ficou na 1.866º posição nacional.

Já na lista dos piores índices, classificados como baixos, aparecem quatro municípios da região Sul: Tacuru (4.309º), Coronel Sapucaia (4.416º), Paranhos (4.444º) e Japorã (5.426º).

Comparação
Em relação ao Pnud divulgado em 2003, Campo Grande saltou da 509ª posição entre as cidades brasileiras para a 100ª neste ano. Há uma década, Chapadão do Sul tinha o melhor IDH do estado e ocupava a 164º, mas caiu para a 467º.

Dourados saiu do 850º lugar para 599º. Três Lagoas também melhorou de desempenho: deixou a 965º posição para a 667º. Ponta Porã despencou do 1.061º lugar para 1.866º no período, mesmo ritmo seguido por Corumbá que deixou o 1.289º lugar para 1.904º.

Comparando os municípios com pior IDH na última década, três deles continuam com piores índices. Em 2003, Japorã ocupava o 4006º lugar entre as cidades do país. Paranhos era o 3.358º e caiu para 4.444º. Já Tacuru figurava no 3.579º lugar no país há dez anos e hoje está em 4.309º.
Estudo
O estudo divulgado pelo Pnud, intitulado "Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013", é o terceiro feito pelo órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) no país. Os primeiros foram divulgados em 1998 e 2003.

Em 2013, o IDH foi calculado com base nos dados do censo demográfico de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), enquanto em 2003, as informações eram do censo de 2000 e em 1998 levavam em conta o censo de 1991. Neste ano, o Pnud mudou os critérios de aferição do índice e atualizou os dados dos levantamentos anteriores com base nos novos critérios.

O IDH dos municípios vai de 0 a 1: quanto mais próximo de zero, pior o desenvolvimento humano; quanto mais próximo de um, melhor. O índice considera indicadores de longevidade (saúde), renda e educação.

Dos 5.565 municípios brasileiros, apenas 0,7% (44) possuem índices muito altos de desenvolvimento humano. Entre os considerados muito baixos estão 32 cidades, o que representa 0,5% do total. Ao todo, 1.889 cidades têm IDHM alto (33,9%), outras 2.233 registram índices médios (40,1%) e 1.367 municípios têm IDHM baixo (24,5%).
 

Toma posse primeira vereadora espanhola com Síndrome de Down

http://www.mariolobato.blogspot.com.br/

 
María Rosado
de Valladolid (Espanha) no UOL

Uma emocionada Ángela Bachiller se tornou nesta segunda-feira (29) a primeira vereadora com síndrome de Down da Espanha, na cidade de Valladolid, de 311 mil habitantes.

Ángela tomou posse no meio de uma grande expectativa e admiração dos vallisoletanos por sua "coragem" e seus anos de luta pela normalização e integração de pessoas portadoras de necessidade especiais, como ela.

A jovem auxiliar administrativa, sentada hoje nas cadeiras do Partido Popular (PP), de centro-direita, com sua medalha de vereadora ao pescoço, é a imagem da igualdade, e vai ser uma vereadora mais "preparada", "educada", "discreta", como a definiu sua mãe Isabel Guerra.

Ángela jurou lealdade ao rei Juan Carlos 1º e a cumprir a Constituição diante dos flashes de muitos membros da imprensa interessados em registrar o momento inédito.

Ángela Bachiller se candidatou às últimas eleições municipais de Valladolid, que aconteceram em maio de 2011, na lista do PP, e após a renúncia do vereador Jesus García Galván, acusado de corrupção urbanística, se apresentou para ocupar a vaga.

"Obrigado por tudo, por terem confiado em mim", disse ao término da sessão plenária, em entrevista coletiva, acompanhada do prefeito de Valladolid, Javier León de la Riva, tão emocionada que não conseguiu dizer mais nada.

León de la Riva disse que o caso de Ángela é um exemplo da política da prefeitura a favor da integração dos portadores de deficiência, e lembrou que na última legislatura teve o primeiro cadeirante da Espanha.

Sua família "lutou desde o minuto em que nasceu", disse à imprensa a mãe da nova vereadora.

Isabel Guerra, enfermeira de profissão, se mostrou orgulhosa da filha, por sua "coragem" e por "não jogar a toalha", embora reconheça que nunca tenha imaginado que pudesse chegar a ser vereadora.

A receita para alcançar essa posição na vida foi "muito amor, muita disciplina, muito trabalho e uma vida normal em tudo", disse a mãe de Bachiller. E o conselho materno é para que Ángela aprenda e desfrute desta experiência como vereadora para que o passo dado "deixe de ser visto como extraordinário e passe a ser normal".

Neste dia tão especial, Ángela Bachiller esteve cercada pelos pais, sua irmã Lara, seus avôs Juani e Ángel, que mesmo aos 86 anos não abriram mão de ver este momento, e seus companheiros da Associação Síndrome de Down.

Aqui o SISTEMA É BRUTO boiadeiro! E o Governador André, mais uma vez, O INTOCÁVEL

Conselho Nacional determina a demissão de ex-chefe do MPE

Edivaldo Bitencourt
 
O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) decidiu, nesta terça-feira, aplicar a pena de demissão do procurador de Justiça Miguel Vieira da Silva, ex-chefe do MPE (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul). No voto, o relator do processo disciplinar, o conselheiro Adilson Gurgel, afirma que há provas de que o ex-procurador-geral de Justiça recebeu dinheiro de Ari Artuzi.
Vieira deve ser demitido em decorrência de esquema de corrupção e fraude em licitações na gestão do então prefeito de Dourados, Ari Artuzi. O esquema foi desvendado na Operação Owari, da Polícia Federal.
Segundo o relator, a investigação comprovou que, entre 2008 a 2010, Miguel Vieira da Silva praticou crimes incompatíveis com o exercício do cargo.
Há provas de que ele recebeu dinheiro para acobertar ilícitos praticados pelo então prefeito de Dourados, Ari Valdecir Artuzi, o que configura corrupção (art. 317, parágrafo 1º, do Código Penal).
“Escutas ambientais autorizadas judicialmente e depoimentos de testemunhas comprovam que ele, enquanto era procurador-geral do Mato Grosso do Sul, interferiu no trabalho de membros do Ministéiro Público com o objetivo de atender interesses de governantes e, assim, receber vantagens, o que configura tráfico de influência (art. 332 do Código Penal)”, afirma o relator.
“Além disso, como recebeu vantagem patrimonial em razão do cargo que ocupava, também ficou comprovada a improbidade administrativa (art. 9º, "caput", c.c. art. 11, ambos da Lei nº 8.429/92)”, destacou, por meio da assessoria do CNMP.
Em voto-vista apresentado hoje (30), o conselheiro Almino Afonso pediu, além da pena de demissão, as penas de aposentadoria compulsória e suspensão por 90 dias. Mas prevaleceu o voto do relator.
Agora, o processo será enviado ao procurador-geral de Justiça do Ministério Público do Mato Grosso do Sul, para propositura da ação civil para perda do cargo e da ação civil de improbidade administrativa. A demissão caberá ao Poder Judiciário.
 

A pergunta que não quer calar: Irá "sobrar" alguém na Câmara Municipal de Campo Grande?

Cassações garantirão vaga a três novatos, dois veteranos e derrubará vereador sem processo

 
Wendell Reis
 
 
A onda de cassações que assombra a Câmara de Campo Grande pode fazer um estrago ainda maior se a Justiça tirar o mandato dos cinco investigados por compra de voto. Isso porque a queda dos cinco tira 24.168 votos válidos da eleição e mexe nas contas, fazendo uma dança das cadeiras.
A reportagem do Midiamax fez as contas por meio de números divulgados pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e constatou que a queda dos vereadores Mário César (PMDB), Paulo Pedra (PDT), Alceu Bueno (PSL), Thais Helena (PT) e Delei Pinheiro (PSD) dará a vaga para três novos vereadores e dois veteranos.
A recontagem proporcionará o retorno da vereadora Magali Picarelli (PMDB) e a efetivação do vereador Alex do PT, que deixa de ser suplente para ganhar a vaga de Thais Helena. Esta nova contagem também garantirá vaga a três novatos: José Chadid (PSDB), atual secretário de Educação de Campo Grande, Francisco Saci e Claudir Pereira do Prado, que com 1.329 votos ocupará a vaga conquistada pelo PTN, por meio da legenda.
A onda de cassações tem mexido com os vereadores investigados, mas também com os suplentes, que aguardam ansiosos pelas contas do TRE. Isso porque cada queda altera significativamente a ordem das cadeiras. Esta confusão no número de cadeiras pode mexer até com quem não tem nada a ver com a história. O vereador Eduardo Romero (PTdoB), por exemplo, pode ser prejudicado nesta conta. Isso porque, a queda dos votos de Pedra, na saída dos cinco, garante um vereador ao PTN e tira uma vaga da sobra, que atualmente é ocupada por Romero. A coligação brigaria pela última vaga, mas perderia para o PMDB, que garante o retorno de Magali.
Levando em consideração as últimas cassações, publicadas nesta terça-feira (30), três suplentes serão beneficiados: Alex do PT, José Chadid e Eduardo Cury, que garante uma das vagas das sobras na coligação do PTdoB, DEM, PSB e PDT.
A contagem
As recontagens interferem diretamente na contagem porque alteram o número de votos necessários para conseguir conquistar uma vaga por quociente eleitoral, que é o número de votos válidos, divididos pelo total de cadeiras. Atualmente, este quociente eleitoral é de 14.895 votos. Com a queda dos cinco são retirados 24.168 votos da conta, derrubando este quociente para 14.061, dando uma vaga ao PTN, que conseguiu 14.095 votos, somados todos os candidatos.
A queda dos cinco dá vaga por quociente a 24 vereadores. Encerrada esta fase, a Justiça distribui as vagas da sobra. Para chegar ao candidato que garante a vaga, divide-se o número de votos válidos atribuídos a cada coligação pelo número de lugares por eles obtidos, mais um, cabendo ao partido que apresentar a maior média um dos lugares a preencher.
Cãmara Municipal
Queda de cinco investigados vai mudar composição de seis cadeiras na Câmara
Nesta terça-feira a juíza Elisabeth Rosa Baish, da 36ª Zona Eleitoral, cassou Pedra, Delei e Thais por compra de voto e abuso do poder econômico. Ela ainda pediu a retotalização das eleições proporcionais em 2012 com a anulação dos votos obtidos pelos candidatos cassados. Alceu Bueno não foi cassado, mas tem audiência marcada para o dia 2 de agosto, onde testemunhas ainda serão interrogadas. Já Mário César se manteve no cargo por meio de liminar. Ele ficará no posto até o julgamento do processo pelo Tribunal Regional Eleitoral.
As entidades médicas estão revelando uma miopia estratégica ao se negar a discutir as propostas apresentadas pelo governo federal para o setor da saúde. Essas lideranças cultivam a ilusão que a nossa profissão ainda tem um perfil de profissional liberal, mas esse liberalismo profissional é, na verdade, uma farsa ideológica, porque não existe mais. Eles dizem que não querem ser escravos do SUS. Já ouvi esse discurso muitas vezes. Parece que lhes apetece muito mais ser escravos dos planos de saúde, pois assim o são”. A avaliação é do médico Alcides Silva de Miranda, professor de Saúde Coletiva na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e membro da direção do Centro Brasileiro de Estudos da Saúde (CBES) e da Comissão de Políticas da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).

Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
“Precisamos discutir qual a resposta que vamos dar para o interesse público, como é que se produz saúde socialmente” | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Em entrevista ao Sul21, Alcides de Miranda fala sobre a falta de médicos no país (um problema real, segundo ele), analisa as propostas apresentadas pelo governo federal por meio do programa “Mais Médicos”, faz algumas ressalvas a elas (como o caráter obrigatório do serviço civil no SUS), mas defende que as entidades médicas não se neguem a fazer esse debate e o façam pautadas por um compromisso com a saúde pública e não com os interesses do mercado.

“Como médicos, precisamos dar respostas não somente aos interesses do mercado que trata a doença como uma mercadoria. Precisamos discutir qual a resposta que vamos dar para o interesse público, como é que se produz saúde socialmente, de que maneira vamos vincular o nosso trabalho ao interesse público, mesmo que depois cada um tenha a opção de fazer o que bem entender de sua vida”, defende o professor da UFRGS.

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“Ao olharmos para o caso de Alvorada, podemos constatar os indicadores de morte, de doença e de sofrimento da população e concluir que ela não tem a assistência devida” | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Sul21: A falta de médicos no Brasil é um problema real, na sua avaliação?

Alcides Silva de Miranda: A falta de médicos é um problema real. Em Porto Alegre é um problema real. Alvorada, que fica aqui na região metropolitana, tem os piores indicadores de saúde em quase todas as perspectivas que tu possas imaginar. Ao olharmos para o caso de Alvorada, podemos constatar os indicadores de morte, de doença e de sofrimento da população e concluir que ela não tem a assistência devida. Esse é um problema real aqui em Porto Alegre, em Pelotas, em Caxias, em Passo Fundo, que são cidades-polo. Faltam médicos nas periferias dessas cidades. Há problemas de violência e de falta de condições para trabalhar? Sim, isso é verdade, mas também é verdade que, enquanto não for alguém lá para fazer alguma coisa, essa realidade não vai mudar. Precisamos enfrentar esse problema. E creio que a única alternativa para enfrentá-lo do é por meio de políticas públicas de governos, de ações do Estado.

Em primeiro lugar, devemos procurar entender como se dá a atual distribuição de médicos no Brasil. Por que alguns lugares têm uma maior concentração de médicos e outros uma concentração menor? Essa concentração menor tem que ser melhor qualificada. Há algumas especialidades onde o problema da falta de médicos é maior. E há lugares onde, de fato, não há médicos. É certo que há problemas como a falta de infraestrutura para trabalho, falta de condições para ser fazer uma boa clínica, dificuldades para criar os filhos (para quem é casado). Há uma série de questões que explicariam, em certa medida, essa dificuldade de ter trabalho médico em vários lugares do Brasil. Mas há outra variável que ajuda a entender melhor esse problema, que é a variável “mercado”.

Na verdade, quando falamos da falta de médicos não estamos só falando da periferia do Brasil, no sentido das cidades distantes, dos chamados grotões, ou das periferias das grandes cidades, onde faltam médicos. O que há em comum entre essas regiões é que elas são periferias do mercado. Boa parte do trabalho do médico está hoje vinculado ao SUS (Sistema Único de Saúde). Eu diria que algo em torno de 75% dos médicos hoje tem algum tipo de vínculo com o SUS, seja por meio de serviços públicos, seja por serviços privados, com ou sem fins lucrativos, que prestam serviços ao SUS. Mas, ao mesmo tempo, esses profissionais também prestam serviço ao mercado, via operadoras de planos de saúde, em sua maior parte. Eles constituem, assim, um duplo vínculo: em parte do seu tempo, estão no serviço público, no SUS; e em outra parte do seu tempo estão trabalhando para operadoras de planos de saúde.

Sul21E o que essa situação de duplo vínculo tem a ver, exatamente, com o problema da falta de médicos?

ASM: Essa duplicidade de vínculo provoca uma confluência do que há de pior. Muitas vezes, eles acabam utilizando o SUS como um espaço para encaminhar casos cujo tratamento é mais caro, e selecionando clientela para o lado privado de sua atividade. No momento em que o governo propõe a criação de uma política para distribuir médicos e para aumentar a convivência de estudantes de medicina com o SUS, acho que essa iniciativa deve ser apoiada, por várias razões. A população brasileira paga a universidade, principalmente a pública, mas também subsidia a universidade privada. E hoje nós formamos médicos para o mercado. A maior parte dos estudantes que ingressam hoje na universidade para fazer medicina recebe uma formação e um condicionamento que diz que eles serão profissionais liberais. O que não percebem, nem as lideranças das entidades médicas, é que não são mais profissionais liberais, no sentido daquele profissional que vai abrir um consultório para atender uma clientela privada. Na verdade, o liberalismo que existe hoje não é o liberalismo profissional ou individual, mas sim o liberalismo das operadoras de planos de saúde.

A maior parte da corporação médica é refém das operadoras de planos de saúde e os médicos continuam sendo formados com essa visão de que eles têm autonomia, que não pode haver nenhum tipo de imposição por parte do Estado brasileiro. No entanto, se não for por meio de uma ação do Estado, quem é que vai ocupar esses vazios de assistência? O mercado é que não vai. Não interessa ao mercado fazer isso. A atenção básica de saúde, por exemplo, não interessa ao mercado porque não dá lucro. E os procedimentos de alto custo, como transplante, hemodiálise, também não interessam ao mercado, porque dão prejuízo. Então eles transferem para ação governamental a ação básica e o alto custo, ficando com um nicho de mercado que a gente chama de média complexidade. Assim, se não for por meio de uma ação do Estado, nada será suficientemente interessante para essa corporação ocupar esse espaço.

Outro problema é que, quando o futuro médico termina o curso de medicina e vai fazer uma especialização, quem controla as vagas de especialização são as corporações de especialistas. Não há uma distribuição de especialistas no Brasil de acordo com o perfil de necessidades sociais em saúde. Quantos anestesistas são necessários no interior do Rio Grande do Sul? Quantos endocrinologistas são precisos no interior da Bahia? Nós temos vários estudos mostrando o perfil de necessidades de especialistas no país. Mas o que define essa distribuição não é uma política de Estado, mas sim, mais uma vez, as conveniências de mercado.

Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
“Como eles não sabem trabalhar em equipe, acabam achando que a profissão médica é hierarquicamente superior às outras” | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Sul21E o que precisa ser feito, na sua opinião, para enfrentar essa situação?

ASM: Precisamos de uma ação do Estado brasileiro que garanta que esses estudantes de medicina convivam mais com o sistema público de saúde, saibam o que é e como funciona esse sistema, que saibam trabalhar em equipe e não fiquem alimentando o complexo de superioridade como muitas vezes acontece. Como eles não sabem trabalhar em equipe, acabam achando que a profissão médica é hierarquicamente superior às outras. E hoje nós precisamos, cada vez mais, de ações interdisciplinares e multidisciplinares e não de ações hierarquizadas, fragmentadas..

Sul21Esses problemas, então, começam já na formação dos médicos?

ASM: Sim, começam na formação. Eu não defendo que se aumente o curso de medicina em dois anos e que se obrigue os estudantes a ingressar no SUS contra a sua vontade. Eles já fazem isso hoje. Eles vão fazer estágio no SUS durante o curso de medicina contra a sua vontade, na maior parte. Os estudantes são condicionados a pensar de uma forma diferente e enxergar o sistema público como um mal necessário. Então, aumentar o curso em dois anos e impor aos estudantes o contato com o SUS não me parece uma medida interessante. O que é interessante, sim, é discutir alterações nos cursos de medicina que possibilitem uma melhor convivência dos estudantes com o sistema público de saúde e que os treinem no trabalho em equipe. Nós vamos ter que discutir quais são os termos dessa proposta. Acho que a proposta feita pelo governo no programa Mais Médicos não é a melhor. Inclusive o governo já está recuando, admitindo estudar uma alternativa para esse tempo de dois anos, que poderia ser uma espécie de residência médica.

Creio que seria muito mais adequado exigir que egressos dos cursos de medicina e de outras áreas da saúde, antes de fazer uma especialização, tenham essa vivência no Sistema Único de Saúde. Acho muito melhor um requisito obrigatório para o ingresso nas especializações, que são pagas com dinheiro público, do que o que foi proposto originalmente. Agora, eu defendo que essa questão entre na agenda e que nós discutamos qual é a melhor alternativa, ao invés de ficarmos usando as deficiências do sistema público como pretexto para não fazer nada. É isso que as lideranças das corporações médicas estão fazendo. Citam as deficiências do sistema para não fazer nada ou seguir fazendo a mesma coisa que fazem hoje, ou seja, trabalhando para o mercado e usando o SUS como um mal necessário. Acho que temos que pegar esse limão e fazer uma limonada.

Sul21Qual sua posição a respeito da proposta da vinda de médicos de fora do país para suprir as carências internas?

ASM: Não me parece uma boa ideia trazer médicos de fora sem comprovação de que eles estão aptos a trabalhar. Em segundo lugar, trazer esses médicos de fora com uma vinculação de três anos, sem discutir como se estabelece o vínculo desses profissionais com as comunidades, como se mantem um trabalho de longo prazo, também não me parece uma boa ideia. Agora, que apresentem então uma ideia, uma proposta alternativa sobre como estabelecer esse vínculo com as comunidades. Acho que a ideia da carreira do SUS é uma boa proposta. O problema é que muitos médicos estão usando a questão da carreira como pretexto para não fazer a discussão, para denunciar e rejeitar toda e qualquer proposta que o governo apresentar, sem propor nenhuma alternativa.

Nós precisamos parar de ficar desqualificando toda e qualquer iniciativa – e aí eu não defendo o governo, tenho críticas a fazer sobre a maneira e o momento em que a proposta foi encaminhada. Mas é preciso lembrar o seguinte: três conferências nacionais de Saúde, extremamente participativas, tiveram deliberação em favor do serviço civil. Então, não é uma coisa inventada pelo governo. É uma discussão que já vem de mundo tempo. A maneira como o governo a apresentou, por meio de Medida Provisória, deve ser questionada, mas não o conteúdo da proposta. Precisamos fazer parte da solução e não apenas do problema. Neste ponto, eu discordo da posição das lideranças médicas que estão procurando muito mais desqualificar a proposta como um todo, jogando fora o bebê junto com a bacia e a água do banho, sem fazer a discussão que deve ser feita.

Se não são os termos da proposta do governo, qual seria a alternativa para vincularmos profissionais médicos ao SUS, a essas periferias de mercado que mencionei? É preciso ter uma resposta a essa questão. Não são apenas periferias rurais ou quase rurais, são periferias de mercado, que não interessam a ele porque não dão lucro. O mercado não vai ocupar esses lugares e a população vai continuar desassistida. Se não houver uma ação do Estado brasileiro, uma ação na defesa do interesse público, não ocorrerá o preenchimento destes lugares. Então precisamos discutir as propostas que estão sendo apresentadas e as possíveis alternativas, ao invés de ficar usando, como pretexto para não discutir, a maneira como as propostas foram encaminhadas, o contexto de sua apresentação, a falta de plano de carreira e uma série de argumentos que seriam válidos se fossem apresentados em um contexto mais propositivo. Essa é a minha posição e de outros profissionais que trabalham com saúde pública.

A questão do trabalho médico é um foco de um contexto mais amplo de um sistema de saúde que sofre um problema de desfinanciamento, que não tem uma política mais abrangente de trabalho que vincule esses profissionais, que não tem uma política para discutir serviço civil. Nós até podemos discutir se o serviço civil deve ser obrigatório ou voluntário e, se voluntário, quais devem ser os elementos para induzir a participação voluntária de quem teve a sua formação na universidade financiada pela população. O que não podemos é ficar desqualificando toda e qualquer iniciativa para não fazer nada.

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“Eles dizem que não querem ser escravos do SUS. (…) Parece que lhes apetece muito mais ser escravos dos planos de saúde, pois assim o são | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Sul21Considerando a posição da maioria das lideranças das entidades médicas, parece haver pouco espaço para uma negociação em relação a uma proposta vinda do governo, seja esta ou qualquer outra. Você vê algum espaço para negociação?

ASM: Acho que as entidades médicas sofrem de uma miopia estratégica, mas eu vejo espaço para negociação, sim, e o governo já sinalizou nesta direção. Mas a miopia estratégica destas lideranças não permite que isso aconteça. Essas lideranças cultivam a ilusão que a nossa profissão ainda tem um perfil de profissional liberal, mas esse liberalismo profissional é, na verdade, uma farsa ideológica, porque não existe mais. Eles dizem que não querem ser escravos do SUS. Já ouvi esse discurso muitas vezes. Parece que lhes apetece muito mais ser escravos dos planos de saúde, pois assim o são. A maior parte dos planos de saúde explora o trabalho médico e isso muitas vezes não é colocado na discussão. Não se trata de definir quem vai ser o melhor patrão, se o SUS ou o mercado, mas de discutir claramente que o trabalho médico hoje se insere em uma perspectiva que precisa ser ampliada na direção de uma perspectiva de compromisso público. O serviço civil e a responsabilidade civil fazem parte dessa discussão.

Como médicos, precisamos dar respostas não somente aos interesses do mercado que trata a doença como uma mercadoria. Precisamos discutir qual a resposta que vamos dar para o interesse público, como é que se produz saúde socialmente, de que maneira vamos vincular o nosso trabalho ao interesse público, mesmo que depois cada um tenha a opção de fazer o que bem entender de sua vida. Ninguém está dizendo que os médicos devem pagar a dívida social brasileira. Mas, no outro extremo, não podemos dizer que os médicos podem ficar sem fazer nada, sem tomar nenhuma iniciativa para discutir. Então, eu vejo essa iniciativa do governo como uma oportunidade para discutir mediações, discutir quais são as alternativas que temos para garantir esse tipo de inserção e fixação, exigindo inclusive um plano de carreira que dê condições para que isso aconteça, investimentos na infraestrutura da saúde pública. Mas uma coisa é exigir tudo isso fazendo parte da discussão e estando na linha de frente da mesma. Outra é usar essas exigências como pretexto para não fazer nada.

Essa visão equivocada das nossas lideranças médicas precisa ser discutida, inclusive em conjunto com a população. Essas lideranças se afastaram durante anos do Conselho Nacional de Saúde porque acharam que tinham que ter cadeira cativa e, no momento em que tiveram que discutir com outras categorias profissionais, resolveram não participar da discussão. Voltaram recentemente e agora uma das reações dessas lideranças à proposta do governo federal foi se afastar novamente do conselho e se isolar de novo do debate em relação às demais categorias da área da saúde, vitimizando a categoria médica a partir de um discurso extremamente corporativo, no mau sentido do termo. Essa discussão tem que ser colocada na perspectiva do interesse público e daí é preciso ver quais são as mediações necessárias.

Infelizmente, não tem havido disposição para isso, mas sim para reações muito danosas. Ontem (23/07), houve uma paralisação de médicos no país. Quem pagou por isso? Mais uma vez, a população mais pobre do país. Pessoas que viajaram centenas de quilômetros para um atendimento e perderam a viagem porque os médicos não estavam trabalhando. Precisamos enfrentar esse debate e não recuar. Há muitos médicos que têm compromisso com o interesse público, não só no discurso, mas comprovada por sua história de vida. Eu trabalhei nos chamados grotões durante muitos anos da minha vida. Fui médico de família. Eu tenho uma experiência de vida que me permite dizer que o meu discurso não é o discurso teórico do professor universitário que não coloca a mão na massa. Eu vim desses lugares e participei dessa discussão.

Isso tem irritado profundamente alguns colegas que se sentem traídos quando me ouvem falar. Dizem que estou traindo a corporação. Se trair a corporação é defender o interesse público, talvez eu seja isso mesmo. Eu vi passeatas de médicos e estudantes de medicina contra a proposta do governo carregando uma faixa que dizia “Em defesa do SUS”. Isso é hipocrisia, porque eles não estão defendendo o SUS, mas sim mascarando um interesse corporativo usando uma faixa com um slogan de interesse público. Isso tem que ser dito e discutido claramente. Faz parte do nosso compromisso, inclusive compromisso ético profissional. Não nos formamos médicos para sermos porta-vozes ou marionetes do mercado, mas sim para lidar com vidas humanas. E isso tem implicações importantes do ponto de vista do interesse público e da saúde pública.

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“A questão do Ato Médico tem a ver com o que chamamos de biopoder” | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Sul21Na sua opinião, a polêmica envolvendo o Ato Médico tem relação com esse debate? Qual sua posição sobre o Ato Médico?

ASM: A questão do Ato Médico tem a ver com o que chamamos de biopoder. Se definimos que uma determinada categoria profissional tem uma prerrogativa exclusiva para fazer diagnóstico e prescrição, estabelecemos uma lógica de hierarquia que dá um poder especial a esta categoria. Essa relação de poder, na saúde, existe há séculos. Só que o mundo mudou. Até meados do século XIX só havia médicos e assistentes de médicos. De lá para cá foram surgindo outras profissões. Os médicos foram respondendo a essas mudanças por meio da criação de especialidades-espelho. Na nutrição, por exemplo, foi criada uma especialidade médica de nutrição. O mesmo ocorreu em outras áreas. Mas o conhecimento foi se ampliando por várias áreas, tornando impossível para os médicos ter o domínio sobre todas elas. Foram sendo criadas novas categorias profissionais que estão buscando o seu espaço.

Não há nada de errado em querer regulamentar o ato médico. Toda e qualquer profissão pode fazer esse tipo de regulamentação. Inclusive, a tradição brasileira é de autorregulamentação via os conselhos profissionais. Quando uma categoria tenta transformar o que deveria ser autorregulação em lei também não há grandes problemas. O problema é quando se pretende incluir nesta lei cláusulas de exclusividade, de prerrogativas exclusivas, excluindo outras profissões. Isso é uma tentativa de manter esse biopoder. É claro que as outras categorias vão reagir. A primeira versão dessa lei, que era bem pior inclusive, foi apresentada há onze anos. Essa versão foi sendo atenuada chegando à proposta atual que foi aprovada no Senado, mas teve itens vetados pela presidenta Dilma Rousseff. Os itens que foram vetados foram o que trata dessa prerrogativa exclusiva de fazer diagnóstico e de definir uma prescrição, e o que trata da chefia de serviços. Este último diz que onde houver serviço médico o chefe tem que ser médico. Mas a lei não define o que é um serviço médico. Qualquer serviço onde houver um médico trabalhando é um serviço médico? Só médicos podem chefiar médicos?

Esses dois itens vetados tem relação com o tema mais abrangente que estamos conversando aqui. Na verdade, o veto não foi simplesmente para suprimir, mas para abrir uma negociação. Diagnóstico e prescrição são prerrogativas médicas? Sim. Há séculos é assim. Mas é uma prerrogativa exclusiva de médicos? A maioria dos médicos acha que sim. Isso precisa ser discutido. E creio que o debate aqui não gira em torno de saber qual é a corporação que vai deter o domínio sobre esse biopoder, sobre essa exclusividade de diagnosticar, até porque o saber científico também não tem exclusividade. Nós temos outros saberes que confluem na questão do cuidado que precisam ser respeitados e trabalhados conjuntamente. E esse debate versa muito menos sobre qual corporação vai ter o domínio sobre o biopoder desse saber científico, de dizer o que é doença e o que não é, o que é tratamento e o que não é.

Essa é uma construção que vem sendo feita há séculos e não me parece correto ou proveitoso entregar todo esse domínio para uma categoria só, embora seja uma categoria que, reconhecidamente, tem condições de fazê-lo e deve fazê-lo. Daí a dizer que só ela pode fazer isso, é outra conversa…