segunda-feira, 28 de dezembro de 2015


Leandro Fortes: “Querem trocar juiz após vir à tona nome de tucano acusado de tráfico de órgãos”

publicado em 17 de abril de 2013 às 13:12
Paulinho, então com 10 anos, foi sedado e teve os órgãos retirados quando ainda estava vivo
A dor de Paulo Pavesi
por Leandro Fortes, em CartaCapital 
Sozinho, escondido em Londres, na Inglaterra, depois de ter conseguido asilo humanitário na Itália, em 2008, o analista de sistemas Paulo Pavesi se transformou no exército de um só homem contra a impunidade dos médicos-monstros que, em 2000, assassinaram seu filho para lhe retirar os rins, o fígado e as córneas.
Paulo Veronesi Pavesi, então com 10 anos de idade, caiu de um brinquedo no prédio onde morava, e foi levado para a Irmandade Santa Casa de Poços de Caldas, no sul de Minas, onde foi atendido pelo médico Alvaro Inhaez que, como se descobriu mais tarde, era o chefe de uma central clandestina de retirada de órgãos humanos disfarçada de ONG, a MG Sul Transplantes. Paulinho foi sedado e teve os órgãos retirados quando ainda estava vivo, no melhor estilo do médico nazista Josef Mengele.
Na edição desta semana de CartaCapital, publiquei uma reportagem sobre o envolvimento do deputado estadual Carlos Mosconi (PSDB) com a chamada “Máfia dos Transplantes” da Irmandade Santa Casa de Poços de Caldas.
Mosconi, eleito no início do ano, pela quarta vez consecutiva, presidente da Comissão de Saúde (!) da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, foi assessor especial do senador Aécio Neves (PSDB-MG), quando este era governador do estado. Aécio o nomeou, em 2003, presidente da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (FHEMG), à qual a MG Sul Transplantes, idealizada por Mosconi e outros quatro médicos ligados á máfia dos transplantes, era subordinada.
As poucas notícias que são veiculadas sobre o caso, à exceção da matéria de minha autoria publicada esta semana, jamais citam o nome de Carlos Mosconi. Em Minas Gerais, como se sabe, a imprensa é controlada pela mão de ferro do PSDB. Nada se noticia de ruim sobre os tucanos, nem quando se trata de assassinato a sangue frio de uma criança de 10 anos que teve as córneas arrancadas quando ainda vivia para que fossem vendidas, no mercado negro, por 1,2 mil reais. Nada.
Esse silêncio, aliado à leniência da polícia e do judiciário mineiro, é fonte permanente da dor de Paulo Pavesi. Mas Pavesi não se cala. De seu exílio inglês, ele nos lembra, todos os dias, que somos uma sociedade arcaica e perversa ao ponto de proteger assassinos por questões políticas paroquiais.
Como sempre, a velha mídia nacional, sem falar na amordaçada mídia mineira, não deu repercussão alguma à CartaCapital, como se isso tivesse alguma importância nesses tempos de blogosfera e redes sociais.
Pela internet, o Brasil e o mundo foram apresentados ao juiz Narciso Alvarenga de Castro, da 1ª Vara Criminal de Poços de Caldas. Em de 19 de fevereiro desse ano, ele condenou quatro médicos-monstros envolvidos na máfia: João Alberto Brandão, Celso Scafi, Cláudio Fernandes e Alexandre Zincone. Eles foram condenados pela morte de um trabalhador rural, João Domingos de Carvalho.
Internado por sete dias na enfermaria da Santa Casa, entre 11 e 17 de abril de 2001, Carvalho, assim como Paulinho, foi dado como morto quando estava sedado e teve os rins, as córneas e o fígado retirados por Cláudio Fernandes e Celso Scafi. Outros sete casos semelhantes foram levantados pela Polícia Federal na Santa Casa.
Todos os condenados são ligados à MG Sul Transplantes. Scafi, além de tudo, era sócio de Mosconi em uma clínica de Poços de Caldas, base eleitoral do deputado. A quadrilha realizava os transplantes na Santa Casa, o que garantia, além do dinheiro tomado dos beneficiários da lista, recursos do SUS para o hospital. O delegado Célio Jacinto, responsável pelas investigações da PF, revelou a existência de uma carta do parlamentar na qual ele solicita ao amigo Ianhez o fornecimento de um rim para atender ao pedido do prefeito de Campanha (MG). A carta, disse o delegado, foi apreendida entre os documentos de Ianhez, mas desapareceu misteriosamente do inquérito sob custódia do Ministério Público Estadual de Minas Gerais.
Ontem, veio o troco.
A Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) suspendeu as audiências que aconteceriam de hoje, 17 de abril, até sexta-feira, 19 de abril, para se iniciar, finalmente, o julgamento do caso de Paulinho. Neste processo, estão sendo julgados, novamente, Cláudio Fernandes e Celso Scafi, além de outros acusado, Sérgio Poli Gaspar.
De acordo com a assessoria do TJMG, o cancelamento se deu por conta de uma medida de “exceção de suspeição” contra o juiz Narciso de Castro impetrada pelo escritório Kalil e Horta Advogados, que defende Fernandes e Scafi. A defesa da dupla, já condenada a penas de 8 a 11 anos de cadeia, argumenta que o juiz teria perdido a “necessária isenção e imparcialidade” para apreciar o Caso Pavesi.
Ou seja, querem trocar o juiz, justo agora que o nome do deputado Carlos Mosconi veio à tona.
Eu, sinceramente, ainda espero que haja juízes – e jornalistas – em Minas Gerais para denunciar esse acinte à humanidade de Paulo Pavesi que, no fim das contas, é a humanidade de todos nós.
 

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Chauí: Golpe agora fará 64 parecer pão doce; veja o vídeo em que ela ironiza FHC; Schwarz diz que estratégia da oposição foi tornar país ingovernável

publicado em 16 de dezembro de 2015 às 14:26
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por Luiz Carlos Azenha
Surpreendentemente, o auditório da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, no centro de São Paulo, estava superlotado de professores e alunos.
Mais de 7.500 pessoas já assinaram o manifesto.
Dentre os mil que tiveram as assinaturas confirmadas, 264 são professores da Universidade de São Paulo, 66 da Unicamp, 59 da Universidade Federal do Rio de Janeiro, mas há centenas de assinaturas de professores de universidades federais e privadas de todo o Brasil e até do exterior.
Muitos deles são críticos do governo Dilma e do Partido dos Trabalhadores, como o filósofo Paulo Arantes. Porém, todos reconhecem que o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff é apenas um passo no processo de retirada de direitos sociais e da instalação de um governo oligárquico no Brasil, sob forte influência da extrema-direita. É, portanto, um golpe.
Na mesa, o neurocientista Miguel Nicolelis teve um flashback de 35 anos atrás, de quando o Brasil sofreu um golpe militar. “Quero evitar que meus filhos e meus netos tenham de voltar aqui para protestar contra uma ditadura”, afirmou. “Não é uma presidência, uma pessoa, é a defesa do Estado de direito, da democracia, do império da lei”.
A economista Leda Paulani relembrou que “nenhuma Nação passa impune por 25 anos de ditadura”. Segundo ela, “é a construção democrática do Brasil” que está em jogo. Os que propõem o impeachment, segundo ela, “nunca foram democratas”.
Outro economista, Luiz Gonzaga Beluzzo, também relembrou o passado. Disse que em 64, depois do golpe, apanhou do Comando de Caça aos Comunistas (CCC) defendendo o governo constitucional de João Goulart e que o faria de novo, agora, se necessário for.
O jurista Dalmo Dallari afirmou que nunca foi filiado a partido político, que estudou a proposta de impeachment de Hélio Bicudo, Janaina Paschoal e Miguel Reali Jr. e que não existem atos da presidente Dilma que configurem crime de responsabilidade.
“Eu não diria que são falsos juristas, mas que são juristas incompletos”, afirmou. Nunca chegariam ao STF por terem demonstrado “notável ignorância jurídica”, aduziu.
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Paulo Arantes alegou que, por força da pergunta de um repórter, se sentia obrigado a explicar sua presença no ato, tendo em vista suas críticas recorrentes ao PT e ao governo Dilma.
“É em solidariedade às vítimas do processo em marcha. Saindo ou não saindo o impeachment, estamos diante de uma onda avassaladora que está se despejando sobre o Brasil”, afirmou.
Ele relembrou a manifestação na avenida Paulista em 2013, quando a esquerda apanhou de militantes direitistas quando comemorava a vitória do Movimento Passe Livre. Para ele, designar os pró-impeachment como “coxinhas é fofo”; no outro extremo, poderiam ser chamados de “milícias fascistas”.
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Para o fundador do PSDB, o economista Luiz Carlos Bresser Pereira, a democracia está ameaçada “pelos liberais”, que não aceitam premissas básicas dela, como os direitos civis e o sufrágio universal. Ele acrescentou que uma “classe média orfã” da política econômica fornece a militância para o que chamou de golpe.
Para Bresser, o impeachment falhará porque o Brasil tem uma sociedade plural, uma classe trabalhadora ativa e intelectuais como os que se reuniam naquele momento.
O professor Roberto Schwarcz disse que o impeachment vai enfraquecer a democracia e lembrou que, desde a apuração dos votos em 2014, a oposição trabalha para tornar o Brasil ingovernável de maneira a poder dar o golpe alegando que o país está desgovernado.
Para ele, se o governo atual for derrubado o impeachment estará legitimado como forma de resolver crises institucionais, mas o campo popular não terá acesso à imprensa, ao rádio e à TV, nem ao apoio da Fiesp, que representam “os interesses do dinheiro”.
O professor de Filosofia Marcos Nobre disse que a elite brasileira está “canalizando o sofrimento social” de uma crise econômica para dar o golpe. “É a energia sequestrada de uma sociedade”, disse. “A autodefesa de um sistema estruturalmente podre e corrupto”, segundo Nobre, resulta numa “enganação coletiva”: colocar os de baixo para apoiar uma proposta que basicamente beneficia os de cima.
Vídeo de Artur Scavone

Marilena Chauí afirmou que o impeachment é apenas a “cereja no bolo” da direita, que banca uma pauta extremamente conservadora no Congresso, incluindo da redução da maioridade penal à lei antiterrorismo.
Segundo ela, o que está sendo preparado “é a vitória completa do capital na luta de classes”. “Não é por acaso”, frisou, que “o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou em entrevista que o mercado é favorável ao impeachment, como se o mercado fosse um ente metafísico”. Para Chauí, a classe dominante conta com o apoio de uma classe média “proto fascista” para implantar um governo reacionário depois de derrubar Dilma Rousseff.
“Se o golpe vier, nós teremos uma ditadura que nos fará considerar 64 como um pão doce com bolacha”, previu sobre o futuro.
Para o jurista Fábio Konder Comparato, que encerrou o evento, no Brasil vigem duas Constituições. A de 1988, nunca totalmente regulamentada, e a “real, ditada pela oligarquia”. Para ele, o impeachment seria a vitória indiscutível desta constituição “de fachada”, que privilegia os de cima às custas dos de baixo.



http://www.viomundo.com.br/politica/para-chaui-golpe-agora-fara-64-parecer-pao-doce-critico-do-pt-arantes-relembra-milicias-fascistas-para-schwarcz-estrategia-da-oposicao-foi-tornar-pais-ingovernavel-nobre-diz-que-brasil-vie-eng.html

Cunha tinha dois boletins de ocorrência sobre ex-relator do Conselho de Ética

Agência O Globo
 
No pedido de afastamento do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o Ministério Público Federal afirma que dois boletins de ocorrência relacionados ao deputado Fausto Pinato (PRB-SP), ex-relator do caso de Cunha no Conselho de Ética, foram apreendidos, um deles no paletó do peemedebista e outro no escritório de Cunha. O segundo documento tratava de uma briga com agressão física envolvendo Pinato.
“O interesse do EDUARDO CUNHA possivelmente era conhecer a extensão de fatos supostamente desonrosos envolvendo o Deputado Fausto Pinato para que pudesse, de alguma maneira, constrangê-lo caso levasse adiante o intento de prejudicar o EDUARDO CUNHA junto ao Conselho de Ética”, diz o Ministério Público, depois de mencionar que Pinato estava envolvido em um possível “cometimento de contravenção penal de vias de fato”.
Já o boletim de ocorrência encontrado no paletó de Cunha “se refere ao crime de ameaça supostamente praticado em desfavor do ex-relator do processo instaurado em face do EDUARDO CUNHA no Conselho de Ética” . Pinato havia relatado em entrevista à “Folha de S. Paulo” que teria sido ameaçado em um aeroporto.
“O fato de o EDUARDO CUNHA guardar cópia deste boletim demonstra interesse incomum por um fato ocorrido a um terceiro que não é pessoa de sua estreita proximidade. O interesse só se justifica se as supostas ameaças dirigidas ao ex-relator do Conselho de Ética tiverem origem em ações preordenadas pelo EDUARDO CUNHA, o que é bastante plausível, considerando que o Deputado Fausto Ruy Pinato manifestou-se favorável à abertura do processo em face de EDUARDO CUNHA. Nesta hipótese, é natural que o EDUARDO CUNHA queira acompanhar de forma mais atenta as declarações do Deputado Fausto Pinato relativo ao crime de ameaça. Esse documento apreendido certamente reforça a suspeita em torno da atuação do EDUARDO CUNHA para pressionar o então relator do seu processo no Conselho de Ética”, diz o Ministério Público.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Mais um vídeo de ódio no Facebook. Menor apanha em protesto no Rio



Suspeito de roubo está dominado por PMs quando toma tapas e xingamentos. "Tem que metralhar!", diz manifestante

BRUNO FERRARI
15/12/2015 - 19h07 - Atualizado 15/12/2015 19h32

Garoto detido pela polícia é agredido por manifestantes (Foto: reprodução/Facebook)
"Tem que metralhar. Tem que metralhar. Tiro na cabeça. É isso que tem que fazer", diz uma jovem moça, usando um top cinza e uma calça de ginástica. É o desfecho de um vídeo que durou pouco mais de dois minutos no domingo (13/12), durante as manifestações no Rio de Janeiro. O destinatário das palavras é um garoto que aparenta ter uns 10-12 anos de idade. Ele foi detido por policiais militares por suspeita de ter roubado um manifestante. 
Momentos antes, o menino, já dominado pelos PMs, tenta se justificar enquanto é revistado pelos agentes. Alguns manifestantes se revezam para desferir tapas e socos na cabeça da criança. "Filho da p... Vai roubar da tua mãe", grita uma senhora mais exaltada.
Um senhor de camisa amarela e boné azul claro se aproxima do garoto e puxa o cabelo dele. É afastado por um cidadão que tentava proteger o menor. Logo depois, outro homem, com camisa que pedia o impeachment da presidente, se aproxima e dá um tapa forte na cabeça do suspeito. A senhora, de chapéu e óculos escuros, a mesma que xingava o garoto de filho da p..., então se aproxima e desfere mais um golpe.
A cena continua. Um senhor de cabelos brancos, óculos escuros, bermuda e camiseta azul desfere o tapa com mais força no menino, que é encaminhado para a viatura.
Já dentro do carro, alguns manifestantes se juntam ao redor da viatura e continuam com os xingamentos. “Ladrãozinho". "Desgraçado". "Cadê os diretos humanos para defender?”, diz uma senhora. “E o guarda quer me levar preso. É a inversão de valores!”, falou um dos adultos envolvidos na confusão. Neste momento, o senhor de cabelos brancos, óculos escuros, autor do tapa mais forte se aproxima e diz em voz alta para acalmar seu colega: “Não vai levar preso p... nenhuma”.

O vídeo termina e, aparentemente, ninguém, além do garoto, vai preso.

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