segunda-feira, 25 de novembro de 2013


 
 
Serra Pelada – 2013 – Dir. Heitor Dhalia

                Já havia assistido o interessante Cheiro do Ralo (2007) de Heitor, e agora depois da passagem do diretor por Hollywood, chega aos cinemas Serra Pelada. Ainda não assisti ao filme que ele rodou no estrangeiro, mas Serra Pelada, vale muito a pena...

                O Cheiro do Ralo, um filme que retratou um sujeito a beira ou na própria loucura, com poucos cenários, e mesmo personagens e figurantes, em nada se correlaciona com Serra, uma história que fala nada mais, nada menos do que o maior garimpo de escavação humana  que existiu na década de 80, e que tinha 100 mil pessoas ali. O que os dois filmes tem em comum, é o orçamento baixo, e o improviso e também da garra, de se rodar ótimos filmes, com baixos orçamentos. O Cheiro do Ralo por exemplo, o Selton Mello trabalhou “de graça”, e teve participação nas vendas do filme (aposta), que foi premiadíssimo inclusive. Já o Serra, me parece que também tiveram que “adaptar” vários aspectos do filme, inclusive a mudança do protagonista, que seria vivido por Wagner Moura (mas ele participa do filme, com o impressionante Lindo Rico), devido ao tempo reduzido para gravar.

                Serra Pelada conta a história de dois amigos, que se aventuram no meio da selva, no Pará, em busca de riqueza. São muitas as histórias que vemos chegar de Serra Pelada, como: pessoas que ficaram ricas e pobres por umas setes vezes, no filme conta de passagem a história de um garimpeiro que achou um pepita de 7 kg de outro.  Outro que de tanto dinheiro que achou, fretou um avião, e foi festar em uma “zona”, na capital.

                O Brasil passava por uma grave crise financeira, e estávamos na época do “chumbo grosso”. Então, era mesmo um lugar bastante atrativo. Heitor, que também assina o roteiro, disse em uma entrevista, que quando pensou em rodar o filme, não entendia o porquê ninguém ainda ter rodado esse filme. A partir que ele foi construindo a história, ele foi percebendo que era uma história muito “complexa” e “pesada”, e começou entender os motivos do “esquecimento”.

                É complicado, pois envolve a corrupção não apenas dos homens com relação ao dinheiro – os dois amigos acabam brigando. Mas a corrupção das instituições, como o governo e principalmente a polícia.

                O faroeste

                Não tem como não pensarmos em faroeste brasileiro assistindo o filme. É aquele negócio de quem tem o “dedo” mais rápido no gatilho, é que consegue sobreviver em lugares como Serra. Sem falar nas “brigas de facas”....

                No meio da trama, um dos amigos, Juliano (vivido por Juliano Cazarré) se apaixona por Tereza ( Sophie Charlotte), com um belo cabelo “esvoaçado”.  É uma paixão picante, avassaladora, que no meio do filme para o final, quase rouba todo o contexto.

                A câmera de Heitor é ansiosa, rápida e angustia. Talvez seja um efeito para nos relembrar o que foi a maior concentração de homens trabalhando, depois da construção das pirâmides do Egito.

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