Serra Pelada – 2013 – Dir. Heitor Dhalia
Já
havia assistido o interessante Cheiro do Ralo (2007) de Heitor, e agora depois
da passagem do diretor por Hollywood, chega aos cinemas Serra Pelada. Ainda não
assisti ao filme que ele rodou no estrangeiro, mas Serra Pelada, vale muito a
pena...
O Cheiro
do Ralo, um filme que retratou um sujeito a beira ou na própria loucura, com
poucos cenários, e mesmo personagens e figurantes, em nada se correlaciona com
Serra, uma história que fala nada mais, nada menos do que o maior garimpo de
escavação humana que existiu na década
de 80, e que tinha 100 mil pessoas ali. O que os dois filmes tem em comum, é o
orçamento baixo, e o improviso e também da garra, de se rodar ótimos filmes,
com baixos orçamentos. O Cheiro do Ralo por exemplo, o Selton Mello trabalhou “de
graça”, e teve participação nas vendas do filme (aposta), que foi premiadíssimo
inclusive. Já o Serra, me parece que também tiveram que “adaptar” vários
aspectos do filme, inclusive a mudança do protagonista, que seria vivido por
Wagner Moura (mas ele participa do filme, com o impressionante Lindo Rico),
devido ao tempo reduzido para gravar.
Serra
Pelada conta a história de dois amigos, que se aventuram no meio da selva, no
Pará, em busca de riqueza. São muitas as histórias que vemos chegar de Serra
Pelada, como: pessoas que ficaram ricas e pobres por umas setes vezes, no filme
conta de passagem a história de um garimpeiro que achou um pepita de 7 kg de
outro. Outro que de tanto dinheiro que
achou, fretou um avião, e foi festar em uma “zona”, na capital.
O
Brasil passava por uma grave crise financeira, e estávamos na época do “chumbo
grosso”. Então, era mesmo um lugar bastante atrativo. Heitor, que também assina
o roteiro, disse em uma entrevista, que quando pensou em rodar o filme, não
entendia o porquê ninguém ainda ter rodado esse filme. A partir que ele foi construindo
a história, ele foi percebendo que era uma história muito “complexa” e “pesada”,
e começou entender os motivos do “esquecimento”.
É
complicado, pois envolve a corrupção não apenas dos homens com relação ao
dinheiro – os dois amigos acabam brigando. Mas a corrupção das instituições,
como o governo e principalmente a polícia.
O
faroeste
Não tem
como não pensarmos em faroeste brasileiro assistindo o filme. É aquele negócio
de quem tem o “dedo” mais rápido no gatilho, é que consegue sobreviver em lugares
como Serra. Sem falar nas “brigas de facas”....
No meio
da trama, um dos amigos, Juliano (vivido por Juliano Cazarré) se apaixona por
Tereza ( Sophie Charlotte), com um belo cabelo “esvoaçado”. É uma paixão picante, avassaladora, que no
meio do filme para o final, quase rouba todo o contexto.
A
câmera de Heitor é ansiosa, rápida e angustia. Talvez seja um efeito para nos relembrar
o que foi a maior concentração de homens trabalhando, depois da construção das
pirâmides do Egito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário