domingo, 17 de fevereiro de 2013

JÁ É HORA DE DORMIR, NÃO ESPERE MAMÃE MANDAR, UM BOM SONO PARA VOCÊ E UM ALEGRE DESPERTAR..


Já é hora de dormir, não espere mamãe mandar, um bom sono para você e um alegre despertar.” (Essa era uma cantiga que se repetia todos os dias à noite, cantada na TV antigamente, que pretendia avisar o momento em que o conteúdo da TV, já não era mais apropriado para as crianças.).

O cientista social Pedrinho Guareschi, num programa da própria televisão que assisti, verbalizou um dado estarrecedor, referente a uma pesquisa realizada no Rio Grande do Sul: a média de tempo que uma criança fica assistindo TV, não são quatro, nem cinco, nem seis – mas 9 horas diárias. Esse programa debateu a atual discussão que vem surgindo, sobre a influência da mídia (de maneira geral), na formação de nossas crianças. Foi discutida a questão, por exemplo, da classificação indicativa de conteúdo dos filmes, programas, jogos...

Sei que a média de tempo de um adulto é de três na frente da TV (isso sem contar o tempo com os computadores, Smartfones, etc...).

(Sobre a TV, eu sempre achei muito estranho, que atualmente em muitas residências, existam mais televisores, do que pessoas morando. Tamanha “importância” que a TV ganhou em nossos tempos...).

Ainda Guareschi, sobre a capacidade de aprendizagem de uma criança, diz que muito mais que um adulto, ela tem uma intensa capacidade de“absorver” (ansiando por aprendizagens) seu ambiente (sem barreiras, restrições, filtros), como sinais e linguagens que lhes estão sendo transmitindo a todo o momento na TV. Assim, ele alerta a tamanha “influência” que a televisão pode ter, na formação da“cabecinha” (subjetividade) de uma criança e sua posterior obviamente, vida adulta.

Um didático documentário lançado o ano passado, trouxe à tona de maneira “crua” e direta, como a TV e as propagandas publicitárias, estão influenciando nas “escolhas” alimentícias desastrosas, de nossas crianças e famílias. O filme chama-se “Muito Além do Peso” (2012) – e está totalmente disponível no próprio site:

http://www.muitoalemdopeso.com.br/.

 
 
"Atenção: 33,5% das crianças entre 5 e 9 anos estão com sobrepeso segundo a última pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse dado assustador incentivou a cineasta Estela Renner, mãe de três filhos, a fazer o excelente documentário MUITO ALÉM DO PESO. E ele também assusta, ao mostrar crianças do Rio Grande do Sul ao Pará que mal sabem o que é uma fruta, enquanto já decoraram o nome das maiores marcas de comidas industrializadas.

Some a isso o fato de que o Ministério da Saúde já anuncio que baixará de 18 para 16 a idade mínima para a realização de cirurgias de redução do estômago pelo SUS, depois de constatar que 21% da população entre 10 e 19 anos estão com sobrepeso."

Fonte:http://www.comerparacrescer.com/2013/01/22/muito-alem-do-peso/


Esse filme é muito provocador. Mostra o drama de algumas famílias e os danos que podem causar principalmente às nossas crianças, uma dieta regada à base de alimentos industrializados, como batatinhas fritas, refrigerantes, suco de saquinho, os “fast-food´s” e“junk-food´s” da vida (e cita sem pudor, várias marcas multinacionais alimentícias).

E é muito interessante para um profissional de saúde assisti-lo, penso eu, uma vez que o mesmo problema: a obesidade, é abordada de maneira multidisciplinar. E entendido como uma problemática complexa, acima de tudo.

(Esse filme foi patrocinado pelo Instituto ALANA – http://alana.org.br/. O Instituto Alana tem como uma das “pontas” do belo trabalho que realiza, a defesa de uma possível ética para com as nossas crianças, defendendo o direito delas simplesmente brincarem, por exemplo. E existe outro trabalho que realizam, no intuito de se desmascarar a relação dessa mídia (modo geral), influenciando sobremaneira no desenvolvimento das nossas crianças. Também, nesse site, ainda podemos encontrar interessantes textos, sobre a nossa sociedade na “Era do Consumo”).

Voltando ao filme, em um depoimento, um especialista alerta: “a TV é uma espécie de grande babá da nossa sociedade atual”. E questiona depois: “você mãe, você pai, deixaria seu filho com uma babá,“formada em Harvard”, especialista em vender tudo é qualquer coisa, quase todos os dias do ano?”.

Outra parte chocante, e realíssima do filme, “desdobra” o problema da obesidade e suas sérias consequências, já “aflorando” na mais tenra idade. Crianças com problemas cardíacos, diabéticas, cansadas, isoladas, depressivas... São retratadas.“Com resultados de exames de pessoas idosas.” – diz uma médica endocrinologista.

Ainda, o filme, como citamos acima, traz toda essa “pressão midiática”no qual todos nós estamos inseridos, sob esse único viés: o mercadológico. Uma criança com a espontaneidade peculiar de sua condição, justifica-se porque bebe tanta coca cola: “é que eu abro a felicidade!”. Crianças que não sabem a diferença entre um mamão de um abacate, de um tomate, também são mostradas.

“E ainda existem pessoas que culpam os pais... Dizendo que eles não sabem dizer “não” aos seus filhos.... Impondo-lhes limites.... Por isso os filhos tornam-se obesos...” diz um especialista, referindo-se a luta desigual que um pai pode ter na educação do filho, concorrendo ele, com a televisão, que oferece a todo o momento e em todo lugar, o brinquedinho do MC Feliz, de maneira muito mais massiva e coercitiva, por exemplo. Tornando a tarefa de educá-los, uma tarefa cada vez mais complicada, árdua, principalmente nesse quesito da alimentação.

Voltando ao programa sobre a questão da nossa “grande mídia”, Guareschi disse também, que é necessário que ocorra um melhor debate a nível nacional. Pois essa questão é algo que diz respeito não apenas aos empresários do ramo (que só querem vender), mas também ao estado, e principalmente a sociedade. Ele disse que geralmente as empresas de comunicação, alertam que esses "apelos" para uma melhor reelaboração de sua programação (como a questão da expulsão, ou ao menos modificação, das propagandas de cervejas), seja entendido como um retrocesso, bradam em censura, e até ressaltam que uma atitude dessas (de se modificar por apelo da população, por meio de um plebiscito, por exemplo), seria algo inconstitucional.

“Pensar assim é uma falácia!”, para Guareschi. Pois, explicou que como na constituição está o artigo da Liberdade de Expressão muito claro, em outro artigo, está também claramente escrito que o estado deve interferir nas regras, no “jogo”, do mercado. E o que é a propaganda de televisão de cerveja, senão a mais pura questão de mercado? E que interfere diretamente e incisivamente na nossa sociedade, principalmente nas mortes de trânsito – saúde pública, só para citar uma delas (áreas).

Outra discussão que foi levantada é fato: na nossa TV aberta, tem pouca, ou quase nenhuma programação infantil. Somente quem está podendo ter TV por assinatura, é que está colocando algum programa infantil de TV, para os filhos assistirem. (E não estamos ainda falando em programas infantis de boa qualidade).

E o que nossas crianças estão assistindo então, nos canais de TV abertos? Infelizmente, sabemos, que nove horas da manhã, dependendo do canal que colocarmos, só aparecerá esse negócio de programa de se ganhar 1 milhão de reais? E aos montes cada vez mais, existem aqueles canais de “expulsa demônio”, nesse mesmo nobre horário matinal.

Em minha opinião, o governo deve e tem que interferir nessa questão da mídia, da televisão. A cesta básica que nos é de direito, além de saúde, educação, alimentação, segurança, é essencial conter também a cultura. Assim, é necessária uma programação com mais qualidade, pelo menos para as nossas crianças.

A TV, que é o veículo de comunicação de maior abrangência, não pode apenar servir exclusivamente para vender produtos, e entretenimento.

(Me veio uma lembrança, de quando trabalhava no sertão do Tocantins. Era aquela época que começou a se implantar por lá, o programa federal LUZ PARA TODOS. E depois que alguns agricultores tiveram acesso à luz em suas casas, e logo em seguida comprarem a TV, um comentário que surgiu, é que em muitas terras, com as suas plantações, estavam se perdendo, secando. O motivo: as pessoas não saiam mais para cuidarem “da roça”. Só queriam ficar assistindo TV).

Acho que em 2010, ocorreu uma Conferência Nacional sobre Comunicação. E lembro-me que as grandes emissores de TV e rádio, quase tiveram um“ataque cardíaco” (poucas participaram do evento, pois a maior parte das grandes boicotaram e não participaram), quando surgiu a ideia de que a sociedade, a população, deveria opinar, participar, de modo direto, podendo exigir mudanças se for o caso, na programação da TV e rádio.

Essa ideia é um direito, e já acontece em outras áreas de interesse público: é o chamado CONTROLE SOCIAL, onde a sociedade tem representatividade, participando de maneira ativa. Como na saúde, no judiciário, na assistência social, por meio dos conselhos, como: o Conselho Nacional de Justiça, o Conselho Estadual de Saúde, o Conselho Municipal de Assistência Social etc., ou seja, é a nossa voz, interesses e poder, mediante essas áreas que estão tão intrinsecamente relacionados à vida de todos.

Um incrível programa, voltado à criançada que eu adoro assistir, é o TV PIÁ, que passa na TV BRASIL, em domingos como este, logo depois do almoço.




(Por falar em domingo, existe até aquele ditado, que diz que domingo só não é o pior dia da televisão brasileira, porque nesse dia, não passa aquelas chatas novelas...).

Finalizando, uma reclamação que eu quero fazer aqui em público, que me deixou muito “emputecido” o ano passado, foi quando cortaram, na Globo,“sem mais nem menos” o desenho da “Liga da Justiça”,colocando em seu lugar o programa da Fátima Bernardes.

É que na escassa existente programação da Globo, voltada ao público infantil, o ano passado, passava antes do jornal local, o desenho Liga da Justiça. E eu estava acompanhando aquele desenho. Até saia“correndo” para o horário do almoço, para conseguir assisti-lo. Tentando entender o enredo, os personagens, os episódios. E de repente, “do nada”, eles “cortaram” o desenho, e colocaram o“Encontro”.

Por que eles não fazem isso com as chatas novelas? Tipo: podem parar de passar quando elas chegarem metade (quando a mocinha se separa do mocinho, mas descobre depois que está grávida dele..). Por que não fazem isso com o Faustão, Gugu... Já pensou se pararem de transmitir um jogo de futebol do domingo, no começo do segundo tempo? Ou o Big Brother, se eliminarem as pessoas em uma rodada só?

Como eles interrompem uma programação dessa maneira? Voltada para as crianças? Sem nenhum tipo de aviso, explicação... Que falta de consideração é essa, para com as nossas crianças? Será que elas não tem direito de assistir um desenho, momento antes de irem para suas escolas? Será que o que apenas temos a oferecer, para elas, é essa cultura de adulto infantilizada? Com essas músicas por exemplo: “eu quero chu, eu quero chá”? Onde não sabemos mais o que é voltado para adultos, e o que é voltado para crianças: sabemos apenas que tudo é voltado para o consumo...



pg. 240 do Capítulo: Controle do Tabaco Vs Controle do Álcool: convergência e diferenciações necessárias escrito por Isabella Henriques - in: Controle do Tabaco e o Ordenamento Jurídico Brasileiro

Como eu disse, estava entendendo a história da Liga da Justiça e achando muito interessante: como os personagens estavam sendo inseridos no enredo, qual era o grande vilão, etc. E num belo dia,“esquizofrenicamente”, foi tirado da programação, depois de ter passado apenas a metade dos episódios.

Quando o desenho estava ficando bom. Quando a Liga já estava toda formada...

Enfim, acho que sou um idiota mesmo, como aquele produtor da Xuxa declarou esses tempos, apontando para pessoas como eu, que ao invés de assistirem programas como o da Xuxa, preferem assistir o Pica-Pau, que apresenta melhor Ibope inclusive (e o produtor estava mordido de raiva por isso). Para ele, quem assisti Pica-pau, ao invés do programa da Xuxa, é um “bando de gente idiota e sem cultura”.



 

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