quinta-feira, 21 de junho de 2012

GRUPOS, GRUPOS, e MAIS GRUPOS

Uma vez eu ouvi um professor de saúde pública falar sobre seus alunos: “peço a eles darem sugestões de ações para acontecerem nas UBS´s.... É uma enxurrada de ideias de grupos aparece. É grupo de tudo e qualquer tipo.” Não é necessariamente inovação em saúde, apenas a formação de grupos, na minha opinião.
E outra, outras atividades, que também envolvam o cuidado, o vínculo, devem perfazer as atividades dos profissionais de saúde, em seu cotidiano, independente da existência de grupos, ou não. Mas também acho bastante interessante o trabalho com grupos em saúde.
É complicado essa questão dos grupos. Na Psicologia, existe uma área muito forte que se debruça sobre esse fenômeno. Todos nós participamos de algum grupo: família, trabalho, amigos, etc e tal. Existe a diferença entre o chamado Grupo Operativo, e o Grupo Terapêutico. Por grupo operativo, sei que é algo mais dirigido, definido e limitado. Porém, também com objetivos “terapêuticos” evidentemente. Divagando, é interessante como esses conceitos se diferem entre si, na perspectiva da dicotomia: abrangência - restrição, do mais amplo, para o mais contido. Outros exemplos de conceitos assim na área da saúde: programa – projeto, ou programa – estratégia.
Enfim, existe esse desafio, na questão do fomento dos grupos nas unidades de saúde. E uma “população” ainda mais “complicada”, no sentido da complexidade, são os hipertensos classificados como “leves”. São aquelas pessoas que estão em fase inicial da “doença” (será que é uma doença mesmo?) hipertensão. Pessoas de meia idade geralmente, e que como até os casos mais graves de hipertensão, pode se desenvolver silenciosa no organismo, ou seja, aquela hipertensão arterial, que não apresenta sinais e sintomas, como dores na cabeça, formigamentos, tontura, entre outros.
Outras características que podemos associar a essas pessoas, e que pensamos ser ainda mais complicado na formação desses grupos, é que geralmente essas pessoas são trabalhadoras, ou seja, no momento em que acontecem esses grupos, elas estão em horário do trabalho. E nós? Como pessoas, será que sairíamos de nossas casas para participarmos de grupos no meio de uma tarde de uma unidade de saúde?
E também outra questão central, por detrás desses grupos, é a metodologia a se utilizar no trato com os grupo. Ainda é muito forte na prática, acontecerem com frequência nas unidades de saúde, as “palestrinhas”. Esse tipo de postura vai totalmente contrário ao que o mestre Paulo Freire nos ensina. Mas porque é tão complicado a implementação de metodologias problematizadoras? Por que nós profissionais de saúde, não queremos utilizá-las?
A força de um grupo reside exatamente nas pessoas que participam dele. Orientações e informações sobre alimentação saudável, ou práticas de exercícios por exemplo, as pessoas, estão quase que cansadas de saberem sobre, penso eu. Essa coisa de ficar “depositando” informações, ou aquele profissional de saúde que faz “pregação” quando vai falar para as pessoas, deve ser superado. E também que “qualidade” tem essas informações?
E aí, aparece outra questão. Pois na maioria dos casos, um discurso comum que geralmente perfaz as conversas sobre grupos entre profissionais de saúde, é que esse problema de adesão, participação, e efetividade dos grupos, seria um trabalho quase que exclusivo da área da Psicologia. Relacionam esse trabalho com temas da Psicologia, como o de mudança de comportamento. Esse tipo de correlação, para mim, também resvala na arraigada visão determinista, onde almeja-se a mudança apenas no âmbito individual, do comportamento da pessoa. Escutei até um comentário, que é um trabalho assim, deve ser de persuasão, de motivação, mediante as pessoas que participariam dos grupos.
 

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