terça-feira, 14 de junho de 2016




Não há indícios de disparos do carro de menino morto pela PM, diz perícia

Segundo peritos, cena do crime na Zona Sul de SP foi alterada.
Delegada quer ouvir policiais envolvidos ainda nesta semana.

Do G1 São Paulo
Os peritos que apuram a morte do garoto de 10 anos em uma perseguição policial na Zona Sul de São Paulo afirmaram que a cena do crime foi alterada. Pelos primeiros resultados, não há indícios de que tenham sido feitos disparos de dentro do carro que o menino dirigia, como mostrou o Bom Dia São Paulo.
Segundo a perícia, o carro roubado pelos meninos estava revirado e o corpo do garoto baleado havia sido mexido. A arma que um deles teria usado para atirar nos policiais não estava no local, foi recolhida pela PM e levada ao Departamento de Homicídios.
Um advogado que é ouvido como testemunha do caso mudou sua versão e disse no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) que não sabe dizer de onde partiram os tiros que ouviu. Ele mora no Morumbi, perto do local onde os meninos bateram o carro. O depoimento durou quatro horas, mas não eliminou as dúvidas dos investigadores.
Ele disse para a polícia que estava na rua onde os dois meninos foram perseguidos pela polícia e contou que ouviu um disparo, mas disse que não viu se o tiro partiu dos policiais ou do carro em que estavam os garotos. Antes, ele havia dito que ouviu tiros disparados do carro dos meninos.
 
MENINO MORTO EM SP
Menor de 10 anos foi morto pela PM
A delegada responsável pela investigação quer ouvir os policiais envolvidos ainda nesta semana. Depois de uma semana de investigações, a polícia não tem certeza se a ação dos PMs foi legítima ou se houve uma execução.
O depoimento dos quatro PMs envolvidos neste caso está marcado para sexta-feira (10). Depois, a polícia deve marcar a reconstituição. A mãe do menino, de 10 anos, que morreu durante uma perseguição policial na quinta-feira passada prestou depoimento no departamento de homicídos.
O menino de 11 anos que sobreviveu deu três versões diferentes sobre o que aconteceu. Na última, ele falou a uma psicóloga que o amigo não estava armado.
“O ambiente ali da psicóloga é um ambiente bem leve, bem descontraído, porque que ele falou assim com tanta tranquilidade, falou que realmente não tinha, né? Naquele instante com a psicóloga, falou que não tinha arma no carro. Isso precisa ficar bem claro para a autoridade policial”, disse Júlio Cesar Neves, ouvidor das polícias de São Paulo.
Vídeo
O vídeo em que o menino de 11 anos é interrogado, supostamente por policiais militares, sem a presença dos responsáveis e de um advogado, obtido pelo G1, pode ter sido feito para criar provas a favor da Polícia Militar, segundo especialistas. As imagens do vídeo gravado por policiais militares foram encaminhadas para perícia, segundo a SSP informou em nota encaminhada nesta terça.
Para advogados especialistas em direitos da criança e do adolescente, os policiais possivelmente coagiram o menino a gravar o vídeo e produziram provas para tentar se eximir de culpa. Além disso, o interrogatório  do menino sem advogados ou representante legal pode ter infringido o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Para o presidente da Comissão dos Direitos Infanto-Juvenis da OAB, Ricardo Cabezon, o interrogatório, aparentemente, é a tentativa de encobrir o que aparenta ser um excesso na abordagem policial.

http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2016/06/nao-ha-indicio-de-disparos-do-carro-de-menino-morto-pela-pm-diz-pericia.html

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