terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Patativa do Assaré

"(...)
Tudo o que procuro acho.
Eu pude vê neste crima.
Que tem o Brasi de Baxo
E tem o Brasi de Cima.
Brasi de Baxo, coitado!
É um pobre abandonado;
O de Cima tem cartaz, °°°°Um do ôtro é bem deferente:
Brasi de Cima é pra frente.
Brasi de Baxo é pra trás.
(...)
Inquanto o Brasi de Cima
Fala de transformação,
Indústra, matéra prima,
Descobertas e invenção,
No Brasi de Baxo isiste
O drama penoso e triste
Da negra necissidade;
É uma coisa sem jeito
E o povo não tem dereito
nem de dizê a verdade.
(...)
Meu Brasi de Baxo, amigo,
Prá onde é que você vai?
Nesta vida de mendigo
Que não tem mãe nem tem pai?
Não se afrija nem se afobe,
O que com o tempo sobe,
O tempo mesmo derruba;
Tarvez ainda aconteça
Que o Brasil de Cima desça.
E o Brasi de Baxo suba.
(...)
Mas, tudo na vida passa,
Antes que a grande desgraça
Deste povo que padece,
Se istenda, cresça e redobre,
O Brasi de Baxo sobe
E o Brasi de Cima desce.
(...)
Vai ser legá e comum.
Em vez deste grande apuro,
Todos vão ter no futuro,
Um Brasi de cada um."

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