(Reprodução
da notícia, onde uma corajosa menina narradora, expõe aspectos da
realidade educacional brasileira. Parabéns Isadora!!! Nota 1000)
Porta sem maçaneta, fios desencapados, carteiras quebradas e ventiladores que dão choque. Isadora Faber,...
Porta sem maçaneta, fios
desencapados, carteiras quebradas e ventiladores que dão choque.
Isadora Faber, de 13 anos, não imaginava que a ideia de postar as
fotos de sua escola na internet causaria tamanha repercussão.
"Eu sempre reclamei, mas nunca
adiantou. Pensei que publicar poderia fazer com que a prefeitura se
sensibilizasse. Mas não tinha noção do que estava por vir",
diz a aluna da 7.ª série, de voz tímida e dedos muito afiados.
Em pouco mais de um mês, a página
Diário de Classe, que Isadora criou no Facebook, recebeu até ontem
quase 30 mil "curtir" e cada uma das publicações tem
dezenas de comentários elogiosos à guria que não teve medo de
mostrar a situação da Escola Básica Municipal Maria Tomázia
Coelho, em Florianópolis.
Mas o apoio é de desconhecidos.
Dentro da escola onde ela estuda há mais de sete anos, desde o
início do ensino fundamental, a iniciativa tem sido duramente
criticada. Muitos amigos se afastaram e os professores consideram um
absurdo. Talvez por eles também serem vítimas.
Ao lado da foto do vidro quebrado da
fachada do prédio, está o vídeo que mostra a desordem na aula de
matemática. Também há comentários sobre o fraco desempenho dos
professores auxiliares. "Quando temos aulas com auxiliares, elas
dão um texto e uma pergunta e é sempre isso, acho que o tempo
poderia ser melhor aproveitado", publicou.
Com mensagens tão diretas, não
dava para esperar que os professores apenas ignorassem a página. A
reação já começou. Num comentário, uma das professoras perguntou
onde estava a menina meiga que visitava muito a biblioteca e pediu
que aluna deixasse de trilhar caminhos obscuros ou teria um futuro
triste.
Numa publicação de sexta-feira
passada, Isadora conta que a professora de português decidiu falar
sobre política e internet e ensinou que "ninguém podia falar
da vida dos professores". Ontem, segundo Isadora, a professora
pediu desculpas depois que seu pai procurou a direção da escola.
Mas não dá para esperar que as coisas se acalmem. Quem mexe com
todo mundo tem de aguentar as consequências, teria sinalizado a
diretora da escola, depois que a menina não cedeu aos apelos de
tirar a página do ar.
Retaguarda
Apoio em casa não tem faltado. "Ela
levantou uma bandeira muito forte, a da educação, e isso nunca pode
ser podado", diz a mãe, Mel Faber.
Assim que a página foi criada, Mel
foi convocada à escola e avisada: era melhor tirar essa ideia da
cabeça da menina antes que ela começasse a sofrer ameaças ou até
fosse presa. "Fui taxativa no meu não. Minha filha quer é o
que é dela por direito."
Agora, com a fama repentina, o apoio
vem mesclado a conselhos: "Eu digo que, agora que ela se tornou
uma pessoa pública, tudo o que escreve é uma responsabilidade para
a vida toda", conta a mãe.
Isadora sabe disso e diz que a
repercussão não a fez abrir mão de sua principal meta: "Mostrar
a verdade sobre as escolas públicas". Tanto que já abriu sua
página a participações externas: alunos de outras instituições
estão convidados a enviar fotos dos problemas de infraestrutura.
Na escola de Isadora, apesar da
polêmica, as coisas melhoraram: algumas fechaduras e uma porta foram
trocadas e os fios que davam choque foram consertados.
A assessoria de imprensa da
Secretaria Municipal de Educação de Florianópolis disse que dará
seu posicionamento apenas após uma reunião agendada para hoje com a
secretária de Educação e a diretora da escola. O objetivo é
checar o que procede e o que não procede nas postagens.
Atualizado: 28/08/2012 03:02 |
Fonte: http://estadao.br.msn.com/ciencia/aluna-vira-alvo-ao-expor-escola-em-rede-social