quinta-feira, 16 de agosto de 2012

O preço da coragem (2007) – FILME

O que faz uma pessoa nascer nos EUA, morar em Los Angeles, estudar nas mais conceituadas universidades, trabalhar para um dos mais importantes jornais do mundo, ter família, amigos, etc., (como qualquer outra pessoa, pelo menos nesses últimos aspectos), e mesmo assim, se “enfiar” com sua bela esposa, numa das zonas de conflitos mais perigosas do mundo: a Caxemira, onde a Índia e o Paquistão se digladiam? Uma região pobre, miserável, e um dos principais abrigos para pessoas chamadas de “terroristas”?
Filmes assim muito me fascinam e inquietam. E levanto algumas questões que passam por minha cabeça. Seria a fama? Um jornalista arriscaria a vida, como por exemplo, Tim Lopes, no meio dos traficantes, para ter fama? Lógico que no caso dele não, pois a grande maioria das pessoas como eu, não o conheciam. Ele foi um repórter investigativo, então, nunca divulgava sua identidade. Seria o dinheiro? Mas o cara do filme já tinha uma vida “sossegada” pelo que me pareceu. Nascido nos EUA, inteligente, jornalista...
O filme “O preço da coragem” fala de uma história real, do jornalista Daniel Pearl, que morreu em 2007, sequestrado e depois decapitado no Paquistão. Mostra os dias que se sucederam, depois de seu sequestro, até o seu final fatídico. O filme foi baseado no livro da esposa de Daniel, Mariane Pearl, também jornalista, grávida de 06 meses, que o escreveu, como uma forma de falar um pouco ao filho, quem teria sido o seu pai. O papel dela foi interpretado por Angelina Jolie, com belos encaracolados cabelos pretos, caracterizando sua personagem, francesa, de origem cubana.
Daniel era o chefe da sucursal asiática, do The Wall Street Journal. Estava fazendo uma matéria sobre um suposto homem bomba. Saiu para o trabalho, dizendo a esposa que talvez chegasse atrasado para o jantar, e não mais voltou. O filme fala sobre questões atuais e nem tão atuais assim. Atuais: terrorismo, 11 de setembro, homem bomba, Guantánamo, jornalismo global. Nem tão atuais: miséria, miséria humana, conflitos religiosos, direitos humanos, dignidade, espionagem, diplomacia, diferenças e principalmente: coragem. Uma frase que a esposa disse, que me recordo, apelando para a TV, no decorrer do sequestro (pois existia um boato, de que Daniel seria um espião americano) muito forte: “onde existir miséria, existirá o terror”.
O mensagem que me passou o filme foi esse grande, descolamento que pode uma pessoa, fazer de sua “zona de conforto”. Sua coragem em ir para um lugar desses do mundo (falando assim, até parece que eu vivo na Europa...), para narrar fatos para um outro mundo, relacionados a coisas “obscuras”, como disputas petrolíferas, intolerância religiosa, genocídios, escravidão, ditaduras, tráfico de armas, política, entre outras, que estão acontecendo por aí (sem excluir nosso país). Quer dizer, existe muita “coisa errada” nesse mundo. Ele poderia sentar sua bunda em um escritório, cuidar de sua aposentadoria, e viver a vida tentando gozar o máximo possível. Optou por tentar fazer a diferença, e trabalhar por um sentido maior, acreditando que essa realidade ora pode ser muito cruel, e que podemos fazer alguma coisa. Como jornalista, foi trabalhar. Morreu.
Lembrei-me de um outro filme verídico, em que contava a história de um fotógrafo americano, senão me engano, que trabalhando fotografando as atrocidades de uma guerra recente no leste europeu, foi morto. Recentemente também, uma fotógrafa morreu, nesses conflitos que estão acontecendo no Oriente Médio...
Enfim, o filme mostra como existe “o mau no mundo” (que mata – que explora – que faz sofrer) em seu sentido amplo, abstrato, difuso, mas real. E como existe ainda pessoas que dão até a própria vida, para que alguma coisa melhore.

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