Estou tentando
desenvolver um trabalho que envolve “a fotografia”. Assim, venho também
tentando entender um pouco mais, sobre esse tipo de arte ultimamente. Sei quase
nada sobre fotografia. Mas sempre que acho uma foto bonita e/ou interessante, a
guardo em meus arquivos, e às vezes fico olhando para elas.
Uma das poucas coisas que sei
sobre fotografia, é que existe um prêmio americano, chamado Politzer, que
premia os melhores fotógrafos do mundo. Eu sempre dou uma olhada nos
ganhadores, em suas fotografias. E uma
das fotos que me impressionou uma vez, que nem sei de quem, nem o ano, é a de
uma “Menina Afegã”. É impressionante a força da expressão/beleza dessa menina,
na fotografia.
Um dos
grandes nomes que sei sobre fotografia no Brasil é o de Sebastião Salgado. E vendo
um de seus trabalhos, me deparei com uma foto muito bonita, de uma menina que
está na capa de um livro seu, chamado “TERRA”. Ela é uma menina também, como a
Afegã.
Quis
saber um pouco mais sobre a história daquela foto. E achei uma notícia na Folha,
desse ano, em que conta um pouco como está à vida dessa menina. Foto esta, que
percorreu o mundo todo, e que ganhou vários prêmios.
E achei
muito impressionante, a história por detrás dessa bela foto. Como pano de
fundo, a questão do MST, entre outras. Como disse, essa foto faz parte de um
livro, em que Salgado registrou pessoas do Movimento Sem-Terra, em marchas e
acampamentos pelo país. Essas fotos foram registradas quase logo após, aquele
massacre que aconteceu em Eldorado do Carajás (PA), onde a Polícia abriu fogo
em um acampamento do MST.
Passado
alguns anos depois do retrato que a deixou “conhecida” por todo o mundo, (e
Joceli diz que não se lembra do momento da fotografia, e nem de ter conversado
com o fotógrafo), ela perdeu a mãe assassinada em um assentamento sem-terra. É que
o pai, diz ela, logo depois da foto, conseguiu um pedaço de terra, e ainda hoje
vive nele. E ela, o marido, e os filhos, que antes moravam na cidade, agora
estão também vivendo em um acampamento, sonhando um dia, conquistar um pedaço
de terra.
Joceli
fez uma espécie de narrativa pessoal, em uma carta que a matéria trás, para
falar um pouco sobre suas condições.
Um dos aspectos que eu gostaria de levantar nisso tudo (e até peço desculpas por minha “pequenez”, mediante tanta beleza, e tristeza, envolvendo essa história), é que claramente, ela (Joceli) se enquadraria no que quase 60% dos brasileiros se enquadram atualmente, em termos de Educação, segundo especialistas: Analfabetismo Funcional.
O que eu penso sobre tudo isso:
Uma bela foto. Um retrato do país. Mais uma história muito triste (já não
bastasse episódios como o dos Carajás, relacionado a pré-foto, e depois a morte
da mãe da moça no pós-foto). Injustiça.
E essa história toda, contradiz (espontaneamente
também), aquela ideiazinha furada-fascista, que tange por aí nas conversas de
maneira tão espontânea, que os tais “sem-terra”, são tudo “gente sem-vergonha”,
“que querem a terra para vender...”
E uma
ideiazinha que eu também carrego comigo, que uma vez uma colega Ass. Social me
contou, e que achei simples, mas muito digna: “não é aquele negócio de dar o
peixe fisgado não. É dar a varinha? É ensinar a pescar? Sim. E ainda: é dar a varinha,
o anzol, ensinar a pescar, verificar as condições do rio, como por exemplo, que
tipo de peixe tem por lá, o transporte para o pescado, o gelo para ele não
estragar, o protetor solar...”
Agora,
como uma pessoa que nem ao menos sabe escrever direito, terá condições para trabalhar
com agricultura, e viver satisfatoriamente? Não sei ao certo as causas que essa
menina não estudou. Na matéria, fala que ela, teve até uma oportunidade de
estudar no Rio de Janeiro, a convite da Fundação vinculada a Sebastião Salgado.
Mas ela teria recusado, pois não queria ficar longe da família.
Suponhamos que perto do
acampamento, onde ela e os pais viviam, deveria ter uma escola.
Mas
porque ela não estudou, e não conseguiu terminar os estudos, para ao menos
conseguir escrever uma carta de maneira que pudesse comunicar melhor seus
pensamentos, sentimentos?
Não sei
por que essa moça não foi à escola. Mas essa história toda envolve um dos
graves, grandes problemas que nosso país, que as pessoas, enfrentam.
Falando
sobre esse assunto: Educação, me lembrei de um vídeo, que vi tempos atrás, de
uma professora, que virou a maior “febre” (pena que a febre passa, nesse caso) no país.
Essa professora (Amanda Gurgel é o seu nome), tempos depois, parece-me que
apareceu até no Faustão. Ela melhor que qualquer pessoa, em minha opinião, pode
falar sobre a questão da educação no nosso país. Lembro que quando conheci essa
narrativa, fiquei assistindo-a por várias vezes repetidamente, como se fosse um “café
da manhã reforçado”, para motivação. Tamanha sua lucidez, clareza, coragem,
força. Ela é também é mais uma trabalhadora da ponta (só que em área diferente
da minha). E aproveito aqui, para fazer essa rememoração dessa bela narrativa.
Abaixo,
a foto da Menina Afegã, da Joceli por Salgado, o vídeo da professora Amanda, e o link da matéria sobre Joceli.
http://www1.folha.uol.com.br/poder/1142313-menina-eternizada-em-foto-de-sebastiao-salgado-ainda-e-sem-terra.shtml
http://www1.folha.uol.com.br/poder/1142313-menina-eternizada-em-foto-de-sebastiao-salgado-ainda-e-sem-terra.shtml
Deve esta havendo algum engano. A foto da menina afegã é do fotográfo
ResponderExcluirSteve Mackurri.
etarena