quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

A fotografia de Joceli Borges e sua NARRATIVA PESSOAL e Nossa famigerada EDUCAÇÃO NACIONAL

Estou tentando desenvolver um trabalho que envolve “a fotografia”. Assim, venho também tentando entender um pouco mais, sobre esse tipo de arte ultimamente. Sei quase nada sobre fotografia. Mas sempre que acho uma foto bonita e/ou interessante, a guardo em meus arquivos, e às vezes fico olhando para elas.
 
Uma das poucas coisas que sei sobre fotografia, é que existe um prêmio americano, chamado Politzer, que premia os melhores fotógrafos do mundo. Eu sempre dou uma olhada nos ganhadores, em suas fotografias.  E uma das fotos que me impressionou uma vez, que nem sei de quem, nem o ano, é a de uma “Menina Afegã”. É impressionante a força da expressão/beleza dessa menina, na fotografia.
 
Um dos grandes nomes que sei sobre fotografia no Brasil é o de Sebastião Salgado. E vendo um de seus trabalhos, me deparei com uma foto muito bonita, de uma menina que está na capa de um livro seu, chamado “TERRA”. Ela é uma menina também, como a Afegã.
 
Quis saber um pouco mais sobre a história daquela foto. E achei uma notícia na Folha, desse ano, em que conta um pouco como está à vida dessa menina. Foto esta, que percorreu o mundo todo, e que ganhou vários prêmios.
 
E achei muito impressionante, a história por detrás dessa bela foto. Como pano de fundo, a questão do MST, entre outras. Como disse, essa foto faz parte de um livro, em que Salgado registrou pessoas do Movimento Sem-Terra, em marchas e acampamentos pelo país. Essas fotos foram registradas quase logo após, aquele massacre que aconteceu em Eldorado do Carajás (PA), onde a Polícia abriu fogo em um acampamento do MST.
 
Passado alguns anos depois do retrato que a deixou “conhecida” por todo o mundo, (e Joceli diz que não se lembra do momento da fotografia, e nem de ter conversado com o fotógrafo), ela perdeu a mãe assassinada em um assentamento sem-terra. É que o pai, diz ela, logo depois da foto, conseguiu um pedaço de terra, e ainda hoje vive nele. E ela, o marido, e os filhos, que antes moravam na cidade, agora estão também vivendo em um acampamento, sonhando um dia, conquistar um pedaço de terra.
 
Joceli fez uma espécie de narrativa pessoal, em uma carta que a matéria trás, para falar um pouco sobre suas condições.

 (A Narrativa Pessoal)
 

Um dos aspectos que eu gostaria de levantar nisso tudo (e até peço desculpas por minha “pequenez”, mediante tanta beleza, e tristeza, envolvendo essa história), é que claramente, ela (Joceli) se enquadraria no que quase 60% dos brasileiros se enquadram atualmente, em termos de Educação, segundo especialistas: Analfabetismo Funcional.
 
O que eu penso sobre tudo isso: Uma bela foto. Um retrato do país. Mais uma história muito triste (já não bastasse episódios como o dos Carajás, relacionado a pré-foto, e depois a morte da mãe da moça no pós-foto). Injustiça.
 
E essa história toda, contradiz (espontaneamente também), aquela ideiazinha furada-fascista, que tange por aí nas conversas de maneira tão espontânea, que os tais “sem-terra”, são tudo “gente sem-vergonha”, “que querem a terra para vender...” 
 
 E uma ideiazinha que eu também carrego comigo, que uma vez uma colega Ass. Social me contou, e que achei simples, mas muito digna: “não é aquele negócio de dar o peixe fisgado não. É dar a varinha? É ensinar a pescar? Sim. E ainda: é dar a varinha, o anzol, ensinar a pescar, verificar as condições do rio, como por exemplo, que tipo de peixe tem por lá, o transporte para o pescado, o gelo para ele não estragar, o protetor solar...”
 
Agora, como uma pessoa que nem ao menos sabe escrever direito, terá condições para trabalhar com agricultura, e viver satisfatoriamente? Não sei ao certo as causas que essa menina não estudou. Na matéria, fala que ela, teve até uma oportunidade de estudar no Rio de Janeiro, a convite da Fundação vinculada a Sebastião Salgado. Mas ela teria recusado, pois não queria ficar longe da família.
 
Suponhamos que perto do acampamento, onde ela e os pais viviam, deveria ter uma escola.
 
Mas porque ela não estudou, e não conseguiu terminar os estudos, para ao menos conseguir escrever uma carta de maneira que pudesse comunicar melhor seus pensamentos, sentimentos?
 
Não sei por que essa moça não foi à escola. Mas essa história toda envolve um dos graves, grandes problemas que nosso país, que as pessoas, enfrentam.
 
Falando sobre esse assunto: Educação, me lembrei de um vídeo, que vi tempos atrás, de uma professora, que virou a maior “febre” (pena que a febre passa, nesse caso) no país. Essa professora (Amanda Gurgel é o seu nome), tempos depois, parece-me que apareceu até no Faustão. Ela melhor que qualquer pessoa, em minha opinião, pode falar sobre a questão da educação no nosso país. Lembro que quando conheci essa narrativa, fiquei assistindo-a por várias vezes repetidamente, como se fosse um “café da manhã reforçado”, para motivação. Tamanha sua lucidez, clareza, coragem, força. Ela é também é mais uma trabalhadora da ponta (só que em área diferente da minha). E aproveito aqui, para fazer essa rememoração dessa bela narrativa.  
 
Abaixo, a foto da Menina Afegã, da Joceli por Salgado, o vídeo da professora Amanda, e o link da matéria sobre Joceli.





http://www1.folha.uol.com.br/poder/1142313-menina-eternizada-em-foto-de-sebastiao-salgado-ainda-e-sem-terra.shtml

Um comentário:

  1. Anônimo13/3/14

    Deve esta havendo algum engano. A foto da menina afegã é do fotográfo
    Steve Mackurri.
    etarena

    ResponderExcluir