(POSTANDO UMA EXPERIÊNCIA QUE REALIZAMOS JUNTO PRINCIPALMENTE AOS AGENTES COMUNITÁRIOS
DE SAÚDE NO ANO DE 2010 E 2011)
INFORMATIVO NA SOLA DA BOTA – O Agente
Comunitário de Saúde em Foco
Nos vários momentos que diariamente nossa equipe, tem com os Agentes
Comunitários de Saúde - ACS, um tom bastante presente nas conversas, é o
sentimento de desvalorização, que essa categoria de profissionais de saúde
verbaliza. Existiu uma narrativa de uma ACS, na época em que estávamos
começando nosso trabalho, e que nos motivou a construir uma proposta de
atividade voltada especificamente para os ACS. Em uma conversa, uma ACS disse
que num encontro inusitado com uma moradora da sua área, em um supermercado, fora
o horário de trabalho, recebeu a seguinte exclamação: “Nossa, nem estava
reconhecendo você sem o uniforme, é você que todo mês vai lá em casa! Como é
bonita!”; A Agente citou esse acontecimento, ressaltando que as pessoas nem a
reconhecem, sem o uniforme diário de ACS. Mas pensamos que existem muitos
outros “não-reconhecimentos”, nessa profissão. Que aliás, para muito
gestores/especialistas, ainda nem está definido, se é ou não considerado uma profissão.
Começamos a nos encontrar com os ACS de
uma Unidade de Saúde. Nessa Unidade existe uma equipe de saúde, composta por:
médica clínico-geral, uma odontóloga, uma auxiliar de odontologia, uma
enfermeira, dois técnicos de enfermagem, dois agentes administrativos, uma agente
administrativa que dispõe as medicações para a população e uma gerente, que
também atua como assistente social. São quatro ACS ao todo. E juntos,
caracterizamos e pensamos em alguma ação que “desse mais voz” ao ACS, almejando
de que eles, e sua categoria, sejam um pouco mais valorizadas, tanto pela
comunidade em que trabalham, como entre os colegas de serviço. Geralmente, a
conversa com os ACS se deu nos primeiros horários da manhã, onde eles, todos os
dias de trabalho, se reúnem na Unidade de Saúde, para o planejamento das ações
diárias. Nesses momentos, a enfermeira também faz algumas orientações e repassa
alguns informes. E se deu também nas sextas-feiras no período vespertino, pois aqui
na rede de saúde, está estipulado também, que devem acontecer as reuniões de
equipe. Momentos esses, que também pensamos ser importantes para as atividades
interdisciplinares, como a confecção do informativo. Dessa maneira, pensamos em
confeccionar um informativo, onde eles pudessem “aparecer” mais.
O informativo está dividido em algumas
partes: a primeira chama-se: “Bate Papo
Saúde”. É o maior espaço do informativo, e geralmente é escrito em parceria
de um ACS com outro profissional da unidade de saúde de nível superior, como a
enfermeira por exemplo. Assuntos como: vacinação, diferença entre urgência e
emergência, métodos contraceptivos e violência contra a mulher, foram
discutidos nesse espaço ao longo das edições do informativo.
São informações que os ACS esboçaram
curiosidade em entender melhor, relacionadas com as problemáticas que
enfrentam. E o profissional de nível superior, pode contribuir com um “olhar
mais científico” sobre a o assunto. O espaço fica na primeira página,
centralizado, no informativo.
Logo abaixo existe um espaço, com o
nome de: “Informes da Unidade”, onde
são postulados: horários, procedimentos que a unidade de saúde está oferecendo,
mudanças na agenda/rotina da unidade, início ou encerramento de grupos e outras
atividades da UBSF.
E por último, um espaço denominado: “Saúde e qualidade de vida é:”:, onde
escolhemos alguns temas geralmente em forma de desenhos, para a finalização do
informativo de maneira mais “provocativa”. Todos esses processos do informativo
foram construídos não apenas pelos ACS, mas por outros profissionais da
unidade, como a gerente da unidade, a enfermeira, os técnicos etc. E sempre em
parceria com o com o nosso grupo.
Foram confeccionados 4 informativos, ao longo de 1 ano e meio. Com tiragem de
100 exemplares de cada informativo. Com essa experiência, não apenas almejamos valorizar
um pouco mais o ACS enquanto profissional fundamental e diferenciado da Atenção
Básica, mas também trabalhar conceitos como: de Educação Permanente, de
Controle Social, e principalmente de Educação em Saúde. Quanto ao impacto das
informações mediante a população, pouco podemos dizer nesse aspecto. Uma vez
que o informativo depois de pronto, ficava a disposição da população, na sala
de espera da unidade de saúde, e não temos relatos dos comentários da
população. Sabemos que existia a possibilidade da população as vezes nem ler o
que estávamos escrevendo. Mas foi notório
o empenho e satisfação nossa, a cada informativo confeccionado.
Outro comentário é com relação ao tempo, para a confecção do informativo disponibilizado
para os ACS. Devido à rotina desses ACS na unidade, a confecção do informativo,
foi realizada em horários “não estipulados”. Quando existiu um “tempo livre”,
sentávamos juntos (Nós e os ACS), para pensarmos os temas, pautas, dos
informativos, bem como na sua edição. Assim, não foram preestabelecidos
horários para a confecção desse informativo, com a gerência da unidade, já que nos foi justificado que o tempo do ACS era
limitado, devido a grande demanda de atribuições.
Pensamos que diante o processo de
trabalho cotidiano que os ACS exercem, uma atividade como o Informativo, talvez
não se “enquadre” no que ainda está arraigado na Atenção Básica: aquele modelo
tradicional. Não sendo entendido como algo que também pode “promover saúde” de
alguma forma. Acreditamos também, que poderíamos ter melhor aproveitado o
informativo, no sentido de se trabalhar com a população. Talvez, ter pensado na
participação da comunidade no próprio processo de elaboração do informativo.
E foi muito legal perceber, que no andamento dessa
atividade do informativo, dois dos 04 ACS que participaram na elaboração deles,
começaram a cursar um curso superior. Uma delas está cursando enfermagem, e o
outro ACS está fazendo letras.
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