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sábado, 19 de março de 2016
Ivan Valente desnuda Gilmar Mendes "O IMPARCIAL"
por Ivan
Valente
A militância de
Gilmar Mendes como Ministro do STF a favor dos endinheirados como o banqueiro
Daniel Dantas, que ele libertou duas vezes, é conhecido de todos. Sua
parcialidade e simpatia aberta por posições conservadoras e direitistas deveria
ser alvo de reflexão por quem observa sua postura, não de juiz, mas de ativista
político partidário que não cabe no comportamento de qualquer magistrado, muito
menos num ministro da Suprema Corte.
Pois bem. Na última
quinta-feira, antes da sessão do STF, que julgou os embargos declaratórios de
Cunha em relação aos ritos do impeachment, Mendes foi fotografado almoçando com
seus amigos José Serra e Armínio Fraga em um restaurante em Brasília. Nessa
sessão do STF, Mendes ao invés de fazer um julgamento técnico como os outros
ministros, visivelmente incomodado e agitado, fez um libelo contra o
ex-presidente, que ele chamou de tutor da Presidente Dilma. Fez, também, outras
ilações e distribuiu diatribes a respeito da indicação de Lula para a Casa
Civil.
Quis o sorteio do STF
que algumas petições para anular a posse de Lula na Casa Civil caísse com Gilmar
Mendes. Previsivelmente e de pronto ele suspendeu a nomeação de Lula e quer o
processo em Curitiba. Para ele, a posse de Lula pode configurar "uma fraude a
constituição", sendo que houve desvio de finalidade por parte da Presidente da
República. A interpretação de Gilmar é a mesma dos analistas da Rede Globo e
outras mídias. Tudo um jogo muito combinado. O governo deve recorrer ao plenário
do Supremo para manter a posse. Como o Supremo não deve funcionar na Semana
Santa, criou-se um fato para circular na mídia depois de grandes manifestações
de sexta-feira pela Democracia.
O que assusta mais, é
que a cobertura da grande imprensa não só poupa Mendes, em seus arroubos
políticos-partidários, como lhe dá crédito de juiz imparcial.
É preciso, nessa hora
de crise, muita serenidade e imparcialidade dos magistrados. Nesta função, um
ativismo político que tem lado é um desserviço à justiça e à democracia e vai
gerar mais intolerância e ódio. O STF e a sociedade, aliás, foram bastante
tolerantes com Gilmar Mendes quando ele, mesmo já derrotado por 6x1 no STF, na
proposta de acabar com o financiamento empresarial de campanha, foi capaz de
sentar em cima do processo por um ano e meio. Ele tem "firme convicção" que
interesses poderosos de financiadores de campanhas e seus beneficiários não
geram corrupção, mesmo depois de tudo que aconteceu na Lava-Jato.
De um magistrado da
Suprema Corte não é suportável prepotência, arrogância e
partidarismo.
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