sexta-feira, 14 de agosto de 2015

'Pegou bicicleta para dar uma volta e morreu', diz mãe de vítima em Osasco

Filho foi morto quando ia de bicicleta comprar sorvete, conta a mãe.
Dezoito pessoas morreram em ataques em cidades da Grande São Paulo.

Roney Domingos e Márcio Pinho Do G1 São Paulo
A mãe do jovem Rodrigo de Lima Silva, de 16 anos, que morreu nos ataques em Osasco, na Grande São Paulo, disse que o filho havia saído para comprar um sorvete. “Me pediu R$ 5 para comprar um sorvete. Pegou a bicicleta para dar uma volta e morreu. Era um menino bom, obediente”, afirmou nesta sexta-feira (14) Maria José de Lima Silva. Dezoito pessoas morreram em Osasco e Barueri na noite de quinta-feira (13).
Mãe do adolescente que morreu em ataque em Osasco (Foto: Roney Domingos/G1)Mãe do adolescente que morreu em ataque
em Osasco (Foto: Roney Domingos/G1)
Maria José estava no Instituto Médico-Legal (IML) de Osasco nesta noite para liberar o corpo do filho. Ele foi morto por volta das 22h na Rua Professor Sud Menucci. “Todo mundo que conhece ele está chorando. Não sei por que fizeram isso. Isso é uma maldade, uma coisa que eu não sei explicar", afirmou.
A mãe contou que o jovem estava triste na noite do crime. “Falei com ele ontem [quinta], perguntei por que estava triste. Dei uma saída e quando voltei ele estava chorando.” Veja quem são as vítimas dos ataques.
Pelo menos 18 pessoas morreram na noite de quinta-feira (13) e sete ficaram feridas. Os ataques aconteceram em ao menos dez pontos diferentes de Barueri e Osasco. Ninguém foi preso pelos crimes. Os ataques começaram às 20h30, em um bar no Jardim Munhoz Júnior, em Osasco, já perto do limite com Barueri.
Em desespero, os familiares das vítimas diziam-se revoltados com a falta de segurança em seus bairros e que seus parentes não tinham qualquer ligação com o mundo do crime.
"Ele estava no lugar errado, na hora errada", afirmou Angela Maria de Souza, de 30 anos, mulher da vítima Jonas dos Santos Soares, de 33 anos. Eles eram casados há 12 anos e têm três filhas, uma de 7, uma de 6 e outra de 4 anos.
Ela conta que o marido trabalhava como operador de máquinas e estava de folga na quinta. Decidiu ir ao bar na Rua Astor Palamin, quase em frente a sua casa, no Jardim Helena Maria, em Osasco. Angela ainda pediu para o marido entrar, mas ele quis ficar um pouco mais com o amigo Igor. "Eram umas 7 da noite quando eu ouvi os tiros. Minha amiga falou que era com o Jonas e eu não podia acreditar. Ele não tinha nenhum motivo para ser escolhido", disse informando que Jonas não tinha antecedentes criminais.
Ela diz querer Justiça, mas confiar mais na "Justiça de Deus". "Aqui vão deixar por isso mesmo, mas a Justiça de Deus eu vou esperar", disse. A mãe dela, Cícera Pereira, complementou: "Vai ficar só na estatística", disse.
A família se queixou ainda do descaso em relação ao corpo do marido e disse que a polícia apenas cercou o local, mas que o IML chegou apenas às 10h desta sexta.
Personagem Osasco Jean (Foto: Marcio Pinho/G1)Jean Lopes dos Santos, companheiro de um dos mortos nos ataques  (Foto: Marcio Pinho/G1)
Outra vítima foi Eduardo Oliveira dos Santos, de 41 anos, que estava do lado de fora do bar onde dez pessoas foram baleadas no bairro Jardim Munhoz Júnior, também em Osasco. O companheiro dele, Jean Fábio Lopes dos Santos, de 34 anos, conta que saiu mais cedo da lanchonete onde trabalha após ser alertado da morte de Eduardo por uma amiga.
"Foi uma cena muito chocante chegar lá e ver ele morto. É difícil de entender. Ele era uma pessoa super tranquila", afirmou Jean. Ele conta que Eduardo era artesão e que seus pais já tinham morrido. Diz também que a vítima não tinha antecedentes criminais.
Zilda Maria de Paula disse que o filho morto não tinha antecedentes criminais (Foto: Marcio Pinho/G1)Zilda Maria de Paula disse que o filho morto não tinha antecedentes criminais (Foto: Marcio Pinho/G1)
Zilda Maria de Paula, de 63 anos, diz que o filho, o pintor Fernando Luiz de Paula, de 34 anos, morto no bar do Jardim Munhoz Júnior, não tinha antecedentes criminais. "Ele desceu para tomar uma água e cortar o cabelo. Ali só tinha gente chegando do trabalho pra tomar uma cerveja".
Olindinio Genésio de Almeida, padrasto de Deivison Lopes Ferreira, de 26 anos, está indignado com a situação. "Só queria mandar um recado para esse caras, que fizeram isso: eles não tem filhos... Para tirar a vida de um incoente, esses carar são monstros, eles destriuiram muitas familias".
A dona de casa Alessandra Damas, de 37 anos, é irmã de Tiago Marcos, de 34 anos, uma das vítimas da chacina. "Ele estava no ponto de ônibus. Ele morava comigo em Barueri e ia para a casa da minha irmã no Jaguaré. Ele estava desempregado havia um mês. Fiquei chocada, abalada, estou abalada ainda. Não sei explicar por que fizeram isso", afirmou.
Mortes em osasco V5 (Foto: Editoria de Arte/G1)

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