segunda-feira, 4 de abril de 2016

Porque sou fã de Dilma, por Gustavo Gollo

Por Gustavo Gollo
Quando Dilma se candidatou à presidência achei que ela era antipática e que teria dificuldade em cativar o eleitor, não possuindo a imagem desejada para receber simpatia e votos, o que me desagradou. Mas, logo em seguida me toquei: presidente não é sabão em pó, desodorante ou chocolate, não precisa de embalagem.
Não acho que a embalagem da presidente esteja boa, o que ela tem é conteúdo.
O usual em eleições, é que tenhamos que escolher entre diversos políticos profissionais, raramente tendo alguma opção fora disso. O profissional costuma burilar sua imagem, torna-se um produto, como um frasco de desodorante, ou algo do gênero, todos eles são assim. Mostram-nos o que querem que vejamos. O poder corrompe, mas os políticos profissionais sabem disfarçar suas faces vis.
Dilma é ela mesma, não é um petisco vendido para consumo, não é marca de sabão. Políticos profissionais se tornam algo assim, e o poder corrompe.
Certos mandamentos de propaganda, essa prática de enganação pública de massas, costumam ser bastante efetivos. Os que desejem enganar multidões devem aplicá-los, políticos profissionais estão sempre atentos a tais ardis. Mas nossa presidente não é um boneco, não é um produto, uma farsa. Dilma é uma pessoa com princípios e um passado coerente com eles.
Grande parte de seus problemas, ironicamente, decorre de seu apoio, ou condescendência, para com um judiciário fétido, imerso em podridão. Seu dilema é ético, é moral: deveria, talvez, ter imposto ordem ao judiciário, cobrando decoro de seus membros, cobrando-lhes coerência às leis, à justiça, cobrando-lhes vergonha; mas achou mais correto, mais justo, deixar o judiciário livre para se emendar a si mesmo, esse poder encarregado de emendar a todos.
Como, afinal, construir e reger um país sem justiça? Dilma pressupôs haver uma, por aqui: errou.
Errou por presumir que a podridão infestasse apenas pequena parte desse poder, não o carcomesse quase por inteiro. Mas que opção haveria?
Quase todos os políticos brasileiros se encontram hoje atolados em denúncias de corrupção. Dentre os principais atores de nossa política, apenas uma se encontra fora do lodaçal, apenas uma permanece incólume, impoluta. Essa pessoa é Dilma, a presidente, e talvez seja esse, exatamente, o motivo de toda a celeuma.
Sendo a única protagonista limpa em meio à turba de políticos enlameados, chafurdando todos na mesma lama causa inveja e rancor.
Vejo a imagem da presidente erguendo-se sobre a dos políticos brasileiros, todos eles imersos na lama de um imenso chiqueiro fétido, como porcos, todos eles atirando a porcaria para o alto com o intuito de maculá-la, mas conseguindo enlamear-se uns aos outros da cabeça aos pés, utilizando juízes para ajudá-los na esbórnia nojenta, e mergulhando-os também no mesmo pântano.
Paira sobre todos eles a imagem de Dilma, a presidente, imaculada em meio à podridão generalizada, além do alcance de políticos, de delatores e de juízes perdigueiros inspirados em inquisidores medievais.
E assim desvendo o seu pecado: o crime de nossa presidente consiste em permanecer limpa em meio à imundície que corrompe as altas cúpulas do governo, o crime de Dilma consiste em se destacar de todos os políticos, de não se confundir com eles; é isso o que lhes causa a inveja e a ira.
Querem destituir Dilma por não se confundir com nenhum deles.
Tentam usurpar-lhe o poder por ter tido a ousadia de se manter limpa.
Quase esqueci de me referir à coragem da presidente, à sua garra; mas é desnecessário falar sobre isso, palavras seriam insuficientes.
Viva a nossa presidente, viva Dilma!
http://jornalggn.com.br/fora-pauta/porque-sou-fa-de-dilma-por-gustavo-gollo
 

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