Essa biblioteca é fruto da coleção particular de um
advogado, empresário e sua esposa, que viveram “uma vida entre livros” (ele
escreveu um livro com esse título).
Guita e José Mindlin doaram 39 mil títulos, 55 mil
volumes para essa biblioteca. Raridades como primeiras edições autografadas por
Machado de Assis, entre outros clássicos estão no acervo. Parece que até existe
o manuscrito datilografado do Vidas Secas. Do alagoano Graciliano Ramos.
Enfim, um verdadeiro tesouro, com inestimável valor,
tanto material, como principalmente imaterial.
Mostrando assim, que a elite financeira brasileira, pode
ser muito mais que apenas acúmulo de capital.
Regionalmente, também temos outro belo exemplo que foi o do
pecuarista Antônio Moraes dos Santos. Por muito tempo, ele tentou
doar não “sei quanto milhões” do seu patrimônio, para a construção de uma ala
nova no Hospital do Câncer aqui da cidade.
Esse hospital é o mesmo que esses dias tivemos aqui
deflagrado um grande escândalo de corrupção em sua diretoria.
(Provavelmente esse pecuarista deve ter sentido o cheiro
de “podridão” das pessoas que ali comandavam).
Mas ainda bem, que Antônio Moraes insistindo em concretizar
uma grande doação, viabilizou uma parceria com o Hospital do Câncer de
Barretos, e já estão quase concluindo uma unidade de saúde na cidade, onde será disponibilizado
vários serviços, principalmente voltados para a prevenção do Câncer,
para a população em geral.
As notícias:
USP inaugura Biblioteca Brasiliana Guita e José
Mindlin
A USP inaugurou no dia 23 de março, às 18 horas, o prédio
da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, localizado na Cidade Universitária
(Zona Oeste de São Paulo). O investimento total na obra foi de R$ 130 milhões e
também fazem parte das instalações um auditório, salas de exposição,
instalações para digitalização e restauro de livros e espaço para projetos de
pesquisa. A cerimônia de inauguração teve a participação do reitor da USP, João
Grandino Rodas, do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e da ministra da
Cultura, Marta Suplicy.
O edifício, com 20 mil metros quadrados de área, abrigará
60 mil volumes de livros e documentos sobre o Brasil, com destaque para a
coleção reunida pelo advogado, empresário e bibliófilo José Mindlin, doada a
USP em 2005. A cerimônia teve início com a exibição do vídeo “Uma Vida Entre
Livros”, que relatou a trajetória de Mindlin e da formação de seu acervo. Em
seguida, o professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciencias
Humanas (FFLCH) da USP, Antonio Cândido lembrou que Mindlin era muito mais que
um simples bibliófilo. “Ele não se resumia a ser um colecionador de livros, era
um grande leitor, com muito discernimento, e a formação de sua Biblioteca
lembra um escritor compondo sua obra”, contou. “Queria que todos usufruíssem de
seu acervo. Era um desses homens que fazem a vida parecer melhor”.
Falando em nome da família de Mindlin, o filho Sergio
Mindlin fez um agradecimento a todas as pessoas da USP que colaboraram na
realização do projeto, em especial ao Reitor e aos professores Antonio Marcos
de Aguirra Massola, diretor executivo da Fundação de Apoio à USP (Fusp), que
supervisionou a execução da obra, e Istvan Jancsó (que morreu em 2010),
primeiro diretor da Biblioteca. “Com esta inauguração, o que era uma iniciativa
familiar, com minha mãe, Guita Mindlin, cuidando da conservação e restauro do
acervo, se transforma em um centro de estudos para pesquisadores do mundo
todo”, afirmou. “As pessoas passam e os livros ficam. Uma longa vida a
Biblioteca”.
A cerimônia se encerrou com o descerramento da placa
comemorativa da inauguração da Biblioteca. Após a solenidade, o reitor da USP
destacou a importância da doação realizada por Mindlin e sua família. “No
Brasil, não existe essa tradição de doações, o processo não é simples, mas aqui
foi plantada a semente para que outras pessoas façam o mesmo gesto”, disse
Rodas. “Para a USP, a inauguração deste edifício é um divisor de águas, pois
recupera a ideia que havia nos anos 1960 e 1970 de um bem público monumental,
moderno e de ponta, e leva aos brasileiros o ideário de que doar ao poder
público e um excelente modo de disseminar a cultura e o conhecimento”.
O prefeito Fernando Haddad declarou que com a
inauguração, São Paulo está um pouco maior e espiritualmente mais rica. “Além
de seu grande acervo, a Biblioteca também é um chamamento para pensar mais o
Brasil, um convite para a reflexão sobre a história do País e o seu futuro”. A
ministra Marta Suplicy lembrou do apoio do Ministério da Cultura ao projeto,
por meio da lei de incentivo cultural (Lei Rouanet) e do Fundo Nacional de
Cultura, levantando recursos da ordem de R$ 23 milhões. “O conteúdo desta obra
é extraordinário”, disse. “No auditório, o Ministério irá instalar um
dos cinemas digitais que utilizam o cabeamento de fibra óptica da
Rede Nacional de Pesquisa (RNP)”. A construção da Biblioteca também teve o
apoio da Petrobras, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES) e de empresas privadas.
O projeto do edifício da Biblioteca foi elaborado pelos
arquitetos Eduardo de Almeida e Rodrigo Mindlin Loeb, com assessoria da
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP. “Além de um ambiente
protetor, este será um centro de referência da cultura brasileira”, disse
Almeida. Loeb, que é neto de Mindlin, afirmou que a inauguração representa a
realização do sonho não apenas de seus avós, mas de todos que colaboraram com a
concretização da obra. “A família nunca se sentiu dona dos livros, mas guardiã
deles, e sempre permitiram sua utilização em pesquisas e exposições. Agora esta
iniciativa terá continuidade, pois este é um patrimônio de todos”, destacou.
“Este é um espaço pensado para ser 100% aberto ao público, 24 horas por dia”.
O diretor da Biblioteca, Pedro Puntoni, disse que o
acervo possui 60 mil volumes, que incluem a coleção de Mindlin e outros acervos,
como o do professor Istvan Jancsó (1.000 volumes) e a coleção completa do
jornal “O Estado de S.Paulo”, desde o primeiro número, publicado em 1875 (7.000
volumes). “O espaço tem capacidade para 150 mil volumes, e possui potencial
para crescimento”, afirmou. “Haverá recursos para aquisições, que também
poderão ser obtidos em projetos de incentivo fiscal, além do recebimento de
novas doações”, afirmou.
Segundo o diretor, a Biblioteca possui 16 funcionários,
número que deverá chegar a 33, e seis professores colaboradores que realizam
projetos de pesquisa desde a criação da Biblioteca, em 2005. “A ideia é trazer
outros pesquisadores, nas áreas de história do Brasil, literatura, tecnologias
de acesso à informação, entre outras”, disse. “Na origem de tudo, quando José
Mindlin doou seu acervo, a intenção não era apenas a de oferecer uma Biblioteca
para ficar guardada, mas de criar um centro de estudos e pesquisas dentro da
USP”.
Puntoni relatou que a Biblioteca planeja a realização de
exposições e atividades no auditório ao longo do ano, e está em estudo a
criação de cursos de pós-graduação em Humanidades Digitais. No primeiro andar
da biblioteca estão localizados os livros reunidos pelo colecionador Rubens
Borba de Moraes, que foram incorporados à coleção de José Mindlin, livros de
História, relatos de viajantes e de expedições científicas no Brasil desde o
século XVI, obras sobre a presença dos jesuítas no País, além de manuscritos e
provas tipógraficas de livros, como “Grande Sertão Veredas”, de Guimarães Rosa.
Também há um setor de mapas e livros de grande formato. O segundo andar possui
obras de literatura brasileira, entre elas primeiras edições de escritores como
Machado de Assis e Euclides da Cunha, e livros do sociólogo Gilberto Freyre e
do folclorista Luis da Câmara Cascudo. No terceiro andar estão obras de
referência, como dicionários e enciclopédias, livros de arte e periódicos.
O subsolo abriga um salão de exposições temporárias.
Também há um espaço com as máquinas de digitalização de livros e instalações
para tratamento de imagens, além de um laboratório para conservação e restauro
de livros e documentos. O local possui ainda um arquivo deslizante, com
capacidade para 90 mil volumes, e painéis para guardar quadros e obras de arte.
Outras áreas do edifício sediarão o Instituto de Estudos Brasileiros (IEB), o
Sistema Integrado de Bibliotecas (SIBi) da USP e uma livraria da Editora da USP
(Edusp), que deverão ser entregues até o final do ano.
As primeiras exposições da biblioteca estarão abertas
para o público a partir de 25 de março, de segunda-feira a sexta-feira, das
9h30 às 18h30. “Não faço nada sem alegria” é uma exposição de longa duração com
painéis, fotos e vídeos sobre a vida de José e Guita Mindlin, a formação do
acervo da Biblioteca, a construção do edifício, a cultura do livro, a história
da imprensa e o prazer da leitura. “Destaques da Biblioteca Brasiliana Guita e
José Mindlin” é uma mostra de cerca de cem títulos da coleção que estarão
expostos até 28 de junho. A entrada é gratuita. O acesso ao acervo para
consultas terá início no dia 2 de abril, das 13 às 17 horas, mediante
agendamento. O endereço é Rua da Biblioteca, s/nº, Cidade Universitária, São
Paulo.
VIA:
http://www5.usp.br/24376/usp-inaugura-biblioteca-brasiliana-guita-e-jose-mindlin/
01/03/2011 15:17
Pecuarista cancela doação milionária para obra do Hospital do Câncer
Marta Ferreira
Um ano depois de ter sido
anunciada a doação de R$ 15 milhões pelo pecuarista Antônio Moraes dos Santos
para a construção de um novo prédio do Hospital do Câncer Doutor Alfredo Abrão,
em Campo Grande, o benfeitor divulgou
hoje que não vai mais doar o dinheiro, em razão de uma série de problemas que
já haviam sido externados por ele anteriormente.
A decisão de Antônio Moraes vem
quando a obra já está em andamento, com as fundações prontas, e uma despesa de
R$ 1,7 milhão já contratada. Ele garante que vai pagar essa despesa, mas que os
valores prometidos para o hospital serão destinados a outra obra.
O pecuarista afirma, em nota
divulgada na imprensa, que desistiu de fazer a doação, porque a Fundação Carmem
Prudente, que administra o hospital, não foi capaz
de se comprometer a atender as exigências feitas por ele. A principal exigência
foi a garantia de que o prédio não pudesse ser usado para outra finalidade, nem
vendido
ou penhorado.
Como se trata de uma fundação,
foi preciso o parecer do MPE (Ministério Público Estadual) e, mesmo sem o
conhecimento do teor do parecer, Antônio Moraes já teria sido informado de que
o entendimento foi negativo quanto ao cumprimento das exigências impostas por
ele.
Na nota divulgada hoje, o
pecuarista afirma que a instituição deveria ter se certificado com antecedência
da possibilidade de cumprir com as exigências.
Insatisfação-Em agosto do ano passado, Antônio
Morais já havia
sinalizado descontentamento com o
andamento do processo para a construção do hospital, e divulgou nota informando
que mantinha a doação, mas não estaria mais à frente da construção do hospital.
Ao informar hoje o cancelamento
da doação, ele afirma que a intenção era iniciar as obras do hospital em
janeiro de 2011, de acordo com o termo de doação, “que só veio a se concretizar
9 meses após a primeira manifestação de assim o fazê-lo”.
O pecuarista salienta que, mesmo
havendo pendências de documentação por parte da fundação, as obras foram
iniciadas em dezembro do ano passado, e, com dois meses de atraso, em
fevereiro, foram iniciadas as tratativas pela Fundação para regularizar a
documentação.
Sem a comprovação de que suas
exigências podem ser atendidas, o benfeitor decidiu destinar os recursos a
outra obra social.
Ele encerra o texto dizendo que o
“montante que foi por nós separado para a doação que pretendíamos realizar,
jamais encontrará, em nossas contas correntes, qualquer amparo ou aconchego,
pois é decidido que nós realizaremos este sonho de outra forma, pois caro para
nós é, mais do que tudo, que seja efetivado”.
Outro lado- No hospital, a informação é que
os conselheiros da Fundação Carmem Prudente estão reunidos tratando do assunto
e devem se manifestar ainda hoje.
Após escândalo, luta
contra o câncer ganhará reforço em junho
Aline dos Santos
A
inauguração de um centro de diagnóstico e a chegada de uma unidade móvel vão
reforçar, a partir de junho, a luta contra o câncer em Campo Grande. Ambos são
fruto da doação de R$ 12 milhões feita pelo pecuarista Antônio Moraes dos
Santos.
O
centro, que é construído na avenida Ernesto Geisel, após o HR (Hospital
Regional) Rosa Pedrossian, fará exames laboratoriais e procedimentos de
pequenos portes. Já a carreta vai rodar os bairros de Campo Grande realizando
exames preventivos.
A
unidade móvel, montada pelo Hospital de Câncer de Barretos, já está pronta,
inclusive foi visitada pelo ex-presidente Lula (PT), e vai entrar em
funcionamento logo que o centro for inaugurado. O hospital monta as carretas,
dotando cada laboratório sobre roda com equipamentos para diagnóstico de câncer
de mama, pele e próstata.
A
doação milionária foi oficializada em agosto de 2011, com a presença do
presidente do Hospital do Câncer de Barretos, Henrique Prata. Na ocasião, o
pecuarista declarou que há muito tempo queria fazer um hospital do câncer para
atender a população menos favorecida. O foco do atendimento será na prevenção.
Em
2010, Antonio Moraes doou R$ 15 milhões para o Hospital do Câncer de Campo
Grande, administrado pela Fundação Carmen Prudente. Passado um ano, ele
desistiu do projeto. A principal exigência não atendida pela direção foi a
garantia de que o prédio não pudesse ser usado para outra finalidade, nem
vendido ou penhorado.
Na
última semana, o Hospital do Câncer da Capital entrou na mira do MPE
(Ministério Público Federal) e da PF (Polícia Federal). Foi pedido à Justiça o
afastamento da direção. Dias depois, a operação Sangue Frio apreendeu
documentos na unidade hospitalar.
A
direção acabou afastada por decisão administrativa do Conselho Curador.
Conforme denúncia do Ministério Público, o médico e ex-diretor-geral do
hospital, Adalberto Abrão Siufi, fez manobra privilegiar a empresa Neorad, do
qual é um dos donos.
VIA: http://www.campograndenews.com.br/cidades/capital/apos-escandalo-luta-contra-o-cancer-ganhara-reforco-em-junho