Notícias
que demonstram sinceramente que o Brasil está mudando. Está se tornando um lugar
mais equânime socialmente (desculpem o exagero). Mais decente para se viver.
Número
de domésticas diminui no País
Fatia dos empregados domésticos na população ocupada caiu para
6,6% em 2012; com mais direitos, tendência de queda deve se acentuar
23 de março de 2013 | 22h 45
Luiz Guilherme Gerbelli, de O Estado de
S.Paulo
SÃO PAULO - A relação dos patrões
brasileiros com os empregados domésticos vai mudar. Se o crescimento previsto
para o Brasil se confirmar nos próximos anos, será cada vez menor o número de
pessoas dispostas a atuar em tarefas domésticas. No ano passado, por exemplo, a
participação desse grupo no total da população ocupada foi de apenas 6,6%, segundo
a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE. É o resultado mais baixo desde
2003.
A redução no número de trabalhadores
domésticos elevou o poder de barganha da categoria: o rendimento cresce
ininterruptamente desde 2003 e o nível de formalização é o mais alto da
história. É nesse cenário inédito que a categoria também se vê próxima de
garantir novos direitos por meio da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) das
Domésticas.
A proposta, que deve ser votada em
segundo turno no Senado na terça-feira, prevê recolhimento do Fundo de Garantia
do Tempo de Serviço (FGTS) e jornada de trabalho de 44 horas por semana, entre
outras mudanças.
A intensa disputa pela mão de obra do
setor já é sentida por quem demanda o serviço. Nos 12 meses encerrados em
fevereiro, o custo de uma empregada doméstica aumentou 11,83%, segundo o Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), índice oficial de inflação do
País, também apurado pelo IBGE.
Para efeito de comparação, o IPCA
cheio aumentou 6,31% no mesmo período.
"Por causa da oferta baixa e da
demanda crescente, o preço das empregadas domésticas chegou num patamar em que
muitas famílias estão abrindo mão do serviço todos os dias e optando por ter
uma empregada duas vezes por semana, por exemplo, para não configurar um
vínculo", afirma Cimar Azeredo, gerente da PME.
Cenário. A mudança na
situação do mercado de trabalho doméstico foi sustentada por dois motivos:
aquecimento na criação de postos de trabalho e melhora na educação do
trabalhador. Esses fatores fizeram com que os trabalhadores domésticos
conseguissem migrar para outros ramos de atividades.
No recorte exclusivo do serviço
doméstico, é possível identificar essa melhora da educação. Entre 2003 e 2012,
o porcentual de trabalhadores analfabetos ou com até oito anos de estudo recuou
15,5%. Já a quantidade de profissionais com 8 a 10 anos de estudo aumentou
27,7%, enquanto a parcela dos profissionais cresceu 139,4% no período.
A queda na quantidade de
trabalhadores domésticos também é considerável. Desde 2010, o recuo médio é de
2,7% ao ano.
Em 2012, o total de trabalhadores do
setor nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE foi de 1,522 milhão
de pessoas - em 2008, no auge, chegou a 1,685 milhão.
"Com a melhoria da educação e
oportunidade de trabalhar em outros nichos, as trabalhadoras estão conseguindo
se inserir principalmente nos serviços prestados a empresas, uma parte mais
voltada para terceirização", afirma Azeredo.
Atualmente, 95% do trabalho doméstico
no Brasil é feito por mulheres. Mas há uma migração da mão de obra feminina com
o desenvolvimento do mercado de trabalho. Em 2003, 16,7% da mão de obra
feminina estava alocada em serviços domésticos. No ano passado, foi de 13,9%.
Na contramão, o porcentual de trabalhadoras atuantes em serviços prestados à
empresas avançou 3,6 pontos porcentuais no período.
Fuga. "Em geral as
pessoas não gostam de ser empregadas domesticas. Sempre que possível elas
deixam essa profissão", afirma o economista Fernando de Holanda Barbosa
Filho.
A mudança na estrutura do emprego
doméstico deve dar uma cara mais europeizada e americanizada para o setor no
Brasil. Em países de economia mais madura, ter um trabalhador doméstico todos
os dias da semana é considerado luxo. Quem trabalha no setor, por sua vez, se
especializa e, obviamente, cobra mais.
"A tendência é haver pessoas
especializadas em serviços domésticos. Não vamos ter analfabeto fazendo esse
trabalho, como era no passado. Teremos pessoas com mais escolaridade nessa
função com uma remuneração mais elevada", diz Barbosa Filho.
http://economia.estadao.com.br/noticias/economia-geral,numero-de-domesticas-diminui-no-pais,148272,0.htm
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