25/04/2013 - 10h57
Filme sobre violência obstétrica faz campanha na internet para chegar ao cinema
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GIOVANNA BALOGH
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
"Para mudar o mundo, primeiro é preciso mudar o modo de nascer". Ao acreditar
nesta frase do cientista francês Michel Odent, mulheres ativistas de todo o
Brasil têm feito uma campanha nas redes sociais para arrecadar recursos para
colocar o filme "Renascimento do Parto" nas salas de cinemas.
Por meio de um crowdfunding (financiamento coletivo), o filme, que mostra a
violência obstétrica sofrida diariamente pelas mulheres nos consultórios e nas
maternidades, conseguiu arrecadar mais do que a meta estabelecida (R$ 65 mil) em
apenas cinco dias.
O valor era o necessário para fazer a distribuição do filme. Até as 11h desta
quinta-feira (25), já haviam sido arrecadados mais de R$ 87 mil. No crowfunding
é possível doar a partir de R$ 30.
O filme conta com relato de profissionais da saúde, como Michel Odent, da
antropóloga norte-americana Robbie Davis-Floyd, da parteira mexicana Naoli
Vinaver.
Mães e pais também dão depoimento sobre a experiência no nascimento dos
filhos, entre eles, o ator Márcio Garcia e sua mulher, Andréa Santa Rosa. O
casal tem três filhos e conta como foi vivenciar um parto cesáreo, um normal
hospitalar e um natural, ocorrido na casa do casal.
O longa-metragem, com duração de 90 minutos, conta ainda com entrevistas de
obstetras, parteiras, doulas (mulheres que ajudam a gestante antes, durante e
após o parto) e pediatras.
Todo o trabalho foi feito pelo casal Erica de Paula, 26, e Eduardo Chauvet,
42, que arcou sozinho com as despesas do filme. Segundo eles, alguns
colaboradores ajudaram, por exemplo, com a liberação de uso de fotos e imagens
de partos.
O dinheiro levantado no crowdfunding, explica Erica, é para pagar as novas
despesas para que o filme possa chegar até o público, como os custos de
distribuição do filme, material gráfico de divulgação, eventos da pré-estreia e
a primeira tiragem de DVDs do filme.
Erica conta que o período de pesquisa começou em 2011 e que o trabalho só foi
concluído em março deste ano. "O filme é uma ferramenta muito importante para a
conscientização de toda a população sobre a importância da forma como nascemos e
as repercussões que esse momento tem em toda a nossa vida", explica.
O longa-metragem mostra que as cesáreas são cirurgias que salvam bebês todos
os dias, mas que devem ser indicadas apenas quando há algum tipo de risco para
mãe ou para o bebê. As estatísticas apontam que o Brasil é o país campeão
mundial de cesarianas (52% no índice geral e mais de 90% no sistema privado,
contra os 15% recomendado pela Organização Mundial de Saúde).
A expectativa é que o filme esteja em 60 dias nas salas de cinemas de oito
capitais - Rio, São Paulo, Brasília, Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba,
Salvador e João Pessoa. Em seguida, a ideia é comercializar o filme em DVD e
inscrever o longa-metragem em festivais nacionais e internacionais.
As doações podem ser feitas por meio do site.
Carla Raiter | ||
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