terça-feira, 9 de abril de 2013

Sobre o nosso bom e velho "Professor"

Ontem num relance de um programa de TV da hora de almoço, eu escutei uma mulher defender o profissional “professor” dizendo que por mais que novas tecnologias, “novas metodologias de ensino”, estejam surgindo, nada disso, é capaz de tirar a capacidade de “formação de ser humano”, que a presença de um professor, pode proporcionar. O programa era o da Fátima Bernardes, e falavam sobre aquele professor americano de origem indiana, que tem seus vídeos-aulas, espalhados pelo mundo todo. Esse professor “virtual” representava essas “novas metodologias.”.
Uma vez eu li uma entrevista desse mesmo professor americano, que uma de suas ideias dizia que a escola, deve passar por uma reforma urgente. Pois é uma instituição secular, que praticamente mantém as mesmas principais características. E que isso era muito ruim, mediante tantas transformações que a humanidade vem passando nas mais diversas áreas.
Eu concordo com ele de que a escola tradicional de cada esquina é ultrapassada. Não que ela deva “acabar”, nada disso. Mas ela não pode mais ficar “alheia”, por exemplo, aos meios de comunicação, que já preenchem nossa vida de tal maneira. E/ou a internet. Esse “formato” de escola, com certeza, já está com os seus dias contados.
Sobre a internet mesmo, eu gosto muito de ler que encontro na rede. E acho que eu aprendo bastante com tudo isso.
Mas gostaria de tecer aqui, algumas “alusões”, e até mesmo indagações, que tenho sobre “o professor (a)”. (Figura esta sim, que acredito ser imprescindível na vida de toda e qualquer pessoa. E que nunca deveria “desfalecer”.).
Para começar, eu sempre me lembro do meu professor de História, Nico, do ensino médio, do qual eu gostava muito. Existe um episódio que me lembro como se fosse ontem, onde numa prova, eu dissertei uma questão que ele não considerou alguns de seus aspectos. Depois de entregar a prova com a nota, fui questioná-lo, com a apostila na mão, confirmando o que eu havia escrito, sobre os aspectos que ele não considerou. Ele olhou para mim e me disse com toda propriedade humildemente: “olha, fazia tempo que ninguém ganhava de mim...”. Achei esse momento incrível. Minha nota foi corrigida e aumentada. Acho que foi uma das poucas “vitórias” que tive na vida...
Já os professores do ensino superior, algo que eu gostaria de comentar, é relativo àquele professor que consideramos “o rebelde” da universidade. (não é bem essa palavra “rebelde”, mas não encontrei outra nesse momento...).
Eu acho impressionante que esses professores (as) são aqueles que nos mais “marcam” na lembrança. Na nossa história.
Entre muitas outras coisas, o que mais pode proporcionar quanto temos aula com esse tipo de professor:
Ele nos faz levarmos os assuntos, conteúdos, da universidade, para a nossa casa, família, amigos, ou seja, para fora da sala de aula.
Ele nos faz sentir um pouco mais satisfeitos, talvez mais “firmes”, na escolha do curso que escolhemos. Pensamos: “que legal, que escolha boa que eu fiz para mim. Que “bonita” profissão é essa que eu escolhi. Talvez possa fazer alguma diferença nesse mundo.”.
Ele nos faz pensar: “um dia eu teria tão quanto conhecimento que esse professor...”.
Então, esse tipo professor, além do conteúdo da matéria que o mesmo tem para nos ofertar, existe esse “algo mais” que faz parte do seu processo de ensino-aprendizagem.
São coisas desse tipo, que esse tipo de professor pode nos proporcionar.
Pode até ser, que esse professor “apenas” sirva de inspiração para nós. Seja apenas uma lembrança boa (o que não seria pouco). Pois tudo o que ele de alguma forma nos ensinou, posteriormente, já no “mercado de trabalho” não veremos aplicabilidade alguma, ou por vontade própria mesmo, nem aplicaremos nada.
Um exemplo: as ideias do professor Rubem Alves. Inúmeros professores que saem das palestras ou dos livros dele, após chegarem às próprias residências, ou mesmo nos ambientes educacionais onde labutam, se deparam com realidade totalmente antagônica, das quais havia acabado de refletir com ele. Ele tem uma ideia de que o vestibular deveria acabar. Que as pessoas deveriam ser sorteadas para entrar na universidade. Rubem Alves acredita nisso. E por ele, com certeza, aboliria o vestibular. Ele é um grande humanista. Acredita “piamente” no ser humano. Porém o professor escuta essa ideia do professor Rubem Alves, acha-a muito bonita, evidentemente porque é também um ser humano, mas “volta-se” para a realidade que tem universidade e o seu intacto vestibular. Esse professor vai tocando sua vida, apesar de adorar o que Rubens Alves escreve.  
 
Agora, o outro lado dessa história, sobre esse tipo de professor, é que de alguma forma que eu não sei bem entender, ele é extremamente “vulnerável”. Apesar de ser este professor, um motivo grande de orgulho para muitos, de fazer a diferença, ou mesmo ser a própria diferença, geralmente, quando as coisas “esquentam”, é esse tipo de professor que “paga o pato”.
Eu mesmo me lembro de um grande professor que tive na universidade, chamado Cláudio, que quando começou a surgir as “polêmicas” do curso, ele foi o primeiro a ser mandado embora. As senhoras da “elite” não iam com a cara dele.
Lembrei-me daquele ótimo filme “A ONDA”, onde um professor de uma escola para jovens alemã, faz um experimento ressaltando alguns elementos do “neonazismo” com seus alunos e que em seu final, termina desastrosa e tragicamente.
Mais ordinariamente, se alguma coisa dá errada (como cortes nas “cadeiras” de professores), geralmente é esse professor que terá a cabeça “cortada”.
Como um professor pode em um momento proporcionar tanto “o bem” para um aluno, e em outro momento, gerar um “desconforto” total?
Tentando melhor me fazer entender por outros aspectos. O professor “rebelde” é como aquele que em suas aulas, não “segue friamente” aqueles “slides amarelos” talvez. Ele prefere muito mais o diálogo, a troca, o conhecimento que o aluno já traz consigo. Ele quer construir com o aluno o conhecimento. Ele quase não liga para a ausência desse aluno em sua aula, pois pensa que o aluno já está bem “crescidinho” para saber o que quer da vida. E a nota de prova também quase não tem nenhuma importância. É apenas mais um número chato.
Todavia, e por isso, esse professor frequentemente é culpado por alguns alunos, por não ter dado os conceitos de suas aulas em “esquemas”, ou “listagens”. A justificativa desses alunos, é que não teriam conseguido anotar (absorver) nada em seus cadernos, para “decorar” os conceitos, e tirarem uma nota melhor na prova do final do mês.
Na verdade esses alunos prefeririam mesmo agora (pois foram “domesticados” boa parte da vida para isso) é aquele professor dos conteúdos já “mastigados”, separados em “bloquinhos”. E deixarão de lado aquele outro tipo de professor que citei acima.
Eu tenho saudade dos meus professores.

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