Ontem
num relance de um programa de TV da hora de almoço, eu escutei uma mulher
defender o profissional “professor” dizendo que por mais que novas tecnologias,
“novas metodologias de ensino”, estejam surgindo, nada disso, é capaz de tirar
a capacidade de “formação de ser humano”, que a presença de um professor, pode
proporcionar. O programa era o da Fátima Bernardes, e falavam sobre aquele
professor americano de origem indiana, que tem seus vídeos-aulas, espalhados
pelo mundo todo. Esse professor “virtual” representava essas “novas
metodologias.”.
Uma
vez eu li uma entrevista desse mesmo professor americano, que uma de suas
ideias dizia que a escola, deve passar por uma reforma urgente. Pois é uma
instituição secular, que praticamente mantém as mesmas principais características.
E que isso era muito ruim, mediante tantas transformações que a humanidade vem
passando nas mais diversas áreas.
Eu
concordo com ele de que a escola tradicional de cada esquina é ultrapassada.
Não que ela deva “acabar”, nada disso. Mas ela não pode mais ficar “alheia”,
por exemplo, aos meios de comunicação, que já preenchem nossa vida de tal
maneira. E/ou a internet. Esse “formato” de escola, com certeza, já está com os
seus dias contados.
Sobre
a internet mesmo, eu gosto muito de ler que encontro na rede. E acho que eu
aprendo bastante com tudo isso.
Mas
gostaria de tecer aqui, algumas “alusões”, e até mesmo indagações, que tenho
sobre “o professor (a)”. (Figura esta sim, que acredito ser imprescindível na
vida de toda e qualquer pessoa. E que nunca deveria “desfalecer”.).
Para
começar, eu sempre me lembro do meu professor de História, Nico, do ensino
médio, do qual eu gostava muito. Existe um episódio que me lembro como se fosse
ontem, onde numa prova, eu dissertei uma questão que ele não considerou alguns de
seus aspectos. Depois de entregar a prova com a nota, fui questioná-lo, com a apostila
na mão, confirmando o que eu havia escrito, sobre os aspectos que ele não considerou.
Ele olhou para mim e me disse com toda propriedade humildemente: “olha, fazia
tempo que ninguém ganhava de mim...”. Achei esse momento incrível. Minha nota
foi corrigida e aumentada. Acho que foi uma das poucas “vitórias” que tive na
vida...
Já os professores
do ensino superior, algo que eu gostaria de comentar, é relativo àquele professor
que consideramos “o rebelde” da universidade. (não é bem essa palavra “rebelde”,
mas não encontrei outra nesse momento...).
Eu acho
impressionante que esses professores (as) são aqueles que nos mais “marcam” na
lembrança. Na nossa história.
Entre
muitas outras coisas, o que mais pode proporcionar quanto temos aula com esse
tipo de professor:
Ele
nos faz levarmos os assuntos, conteúdos, da universidade, para a nossa casa,
família, amigos, ou seja, para fora da sala de aula.
Ele nos
faz sentir um pouco mais satisfeitos, talvez mais “firmes”, na escolha do curso
que escolhemos. Pensamos: “que legal, que escolha boa que eu fiz para mim. Que
“bonita” profissão é essa que eu escolhi. Talvez possa fazer alguma diferença
nesse mundo.”.
Ele nos
faz pensar: “um dia eu teria tão quanto conhecimento que esse professor...”.
Então,
esse tipo professor, além do conteúdo da matéria que o mesmo tem para nos
ofertar, existe esse “algo mais” que faz parte do seu processo de
ensino-aprendizagem.
São
coisas desse tipo, que esse tipo de professor pode nos proporcionar.
Pode
até ser, que esse professor “apenas” sirva de inspiração para nós. Seja apenas
uma lembrança boa (o que não seria pouco). Pois tudo o que ele de alguma forma
nos ensinou, posteriormente, já no “mercado de trabalho” não veremos
aplicabilidade alguma, ou por vontade própria mesmo, nem aplicaremos nada.
Um
exemplo: as ideias do professor Rubem Alves. Inúmeros professores que saem das
palestras ou dos livros dele, após chegarem às próprias residências, ou mesmo
nos ambientes educacionais onde labutam, se deparam com realidade totalmente
antagônica, das quais havia acabado de refletir com ele. Ele tem uma ideia de
que o vestibular deveria acabar. Que as pessoas deveriam ser sorteadas para
entrar na universidade. Rubem Alves acredita nisso. E por ele, com certeza, aboliria
o vestibular. Ele é um grande humanista. Acredita “piamente” no ser humano. Porém
o professor escuta essa ideia do professor Rubem Alves, acha-a muito bonita, evidentemente
porque é também um ser humano, mas “volta-se” para a realidade que tem
universidade e o seu intacto vestibular. Esse professor vai tocando sua vida,
apesar de adorar o que Rubens Alves escreve.
Agora,
o outro lado dessa história, sobre esse tipo de professor, é que de alguma
forma que eu não sei bem entender, ele é extremamente “vulnerável”. Apesar de
ser este professor, um motivo grande de orgulho para muitos, de fazer a
diferença, ou mesmo ser a própria diferença, geralmente, quando as coisas
“esquentam”, é esse tipo de professor que “paga o pato”.
Eu
mesmo me lembro de um grande professor que tive na universidade, chamado Cláudio,
que quando começou a surgir as “polêmicas” do curso, ele foi o primeiro a ser
mandado embora. As senhoras da “elite” não iam com a cara dele.
Lembrei-me
daquele ótimo filme “A ONDA”, onde um professor de uma escola para jovens
alemã, faz um experimento ressaltando alguns elementos do “neonazismo” com seus
alunos e que em seu final, termina desastrosa e tragicamente.
Mais
ordinariamente, se alguma coisa dá errada (como cortes nas “cadeiras” de professores),
geralmente é esse professor que terá a cabeça “cortada”.
Como
um professor pode em um momento proporcionar tanto “o bem” para um aluno, e em
outro momento, gerar um “desconforto” total?
Tentando
melhor me fazer entender por outros aspectos. O professor “rebelde” é como
aquele que em suas aulas, não “segue friamente” aqueles “slides amarelos”
talvez. Ele prefere muito mais o diálogo, a troca, o conhecimento que o aluno
já traz consigo. Ele quer construir com o aluno o conhecimento. Ele quase não
liga para a ausência desse aluno em sua aula, pois pensa que o aluno já está
bem “crescidinho” para saber o que quer da vida. E a nota de prova também quase
não tem nenhuma importância. É apenas mais um número chato.
Todavia,
e por isso, esse professor frequentemente é culpado por alguns alunos, por não
ter dado os conceitos de suas aulas em “esquemas”, ou “listagens”. A
justificativa desses alunos, é que não teriam conseguido anotar (absorver) nada
em seus cadernos, para “decorar” os conceitos, e tirarem uma nota melhor na
prova do final do mês.
Na
verdade esses alunos prefeririam mesmo agora (pois foram “domesticados” boa
parte da vida para isso) é aquele professor dos conteúdos já “mastigados”,
separados em “bloquinhos”. E deixarão de lado aquele outro tipo de professor
que citei acima.
Eu
tenho saudade dos meus professores.
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