Promotoria denuncia Demóstenes e Cachoeira por corrupção
Provas colhidas durante investigação resultaram na cassação de Torres do cargo de senador e afastamento de suas atividades como Procurador; diretor da Delta também foi denunciado
24 de junho de 2013 | 17h 54
Rubens Santos - Agência Estado
O Ministério Público de Goiás denunciou à Justiça o ex-senador Demóstenes
Torres por crimes de corrupção passiva e prática de advocacia administrativa. A
acusação formal foi ajuizada nesta segunda-feira. Foram denunciados também por
corrupção ativa o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e o
ex-diretor da Delta Construções, Cláudio Abreu. Demóstenes foi acusado de
corrupção em oito tipificações.
"O fundamento das denúncias é que Demóstenes Torres recebeu, por diversas
vezes, e em razão da função de senador que ocupava, vantagens indevidas", disse
Lauro Machado Nogueira, procurador-geral do MP goiano.
Segundo ele, os crimes de corrupção passiva foram materializados em provas
colhidas durante investigação de documentos contidos nos autos do processo do
Supremo Tribunal Federal (STF). Os documentos que resultaram na cassação do
senador, no ano passado, foram vasculhados por uma equipe de oito promotores de
Goiás.
Luxo. A equipe apurou, por exemplo, que entre junho de 2009
e fevereiro de 2012, na função de senador, Demóstenes recebeu uma lista de
vantagens indevidas - incluindo viagens em aviões particulares,vinhos importados
de alto valor, eletrodomésticos de luxo, uma cozinha completa importada dos
Estados Unidos e dinheiro. Uma das quantias apuradas somou R$ 5,1 milhões, além
de repasses menores em valores de R$ 20 mil, R$ 3 mil, e o celular importado
para falar com Cachoeira.
O ex-senador também é acusado de cobrar propina do prefeito petista de
Anápolis, Antônio Gomide. Em 2011, segundo a Promotoria, Demóstenes ofereceu
dinheiro ao prefeito em troca de um contrato com a Construtora Queiroz
Galvão.
Para os crimes de corrupção passiva, a pena prevista é de dois a 12 anos de
prisão além de multa. O procurador-geral disse que a acusação pede que as penas
sejam somadas. A pena prevista para o crime de advocacia administrativa varia de
um a três meses de reclusão.
O MP de Goiás também pediu a quebra de sigilo fiscal de Demóstenes e a
suspensão cautelar da sua função pública de procurador de Justiça.
No início do mês, uma decisão do Conselho Nacional do Ministério Público
(CNMP) manteve o afastamento de Demóstenes por mais 60 dias. Mesmo afastado, o
ex-senador mantém o direito a salário de cerca de R$ 26 mil.
Não foram localizados ou não responderem as ligações, o advogado Nabor
Bulhões, defensor de Carlinhos Cachoeira, e Antonio Carlos de Almeida Castro, o
Kakay, advogado de Demóstenes Torres.
Já o procurador-geral afirmou que todos crimes ocorreram no período em que
Demóstenes Torres exerceu mandato de senador, pelo DEM de Goiás. Cassado no ano
passado, ele está inelegível até 2027.
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