terça-feira, 11 de junho de 2013

QUEM TEM AMIGOS, TEM TUDO... Médico Adalberto Siufi em mais escutas telefônicas – Tráfico “pesado” de influência.

Depois de ter conseguido o direito judicial de voltar ao quadro de pessoal do Hospital do Câncer, e de mover uma ação de danos morais contra a promotora do caso que o acusa, o médico Adalberto Siufi, um dos principais indiciados na investigação “Sangue Frio” novamente apareceu nos noticiários locais. Escutas telefônicas legalmente autorizadas, revelaram conversas de Adalberto com vários AMIGOS importantes, “homens dos poderes” (dos três níveis: executivo, legislativo e judiciário), em que o doutor pedia “no mínimo” para os “nobres amigos”, para que as investigações que o apontam, fossem cessadas/desviadas/caladas: uma das principais coisas que gostaria de ver acontecer, era fazer com que a Promotora do caso, Patrícia Volpe deixasse o caso.
 
Só para relembrar, do poder executivo, algumas escutas apontaram que ele solicitara a amigos ir até o gabinete do Procurador Geral do Estado: Humberto de Mattos Brittes, em companhia de nada mais, nada menos, Governador do Estado: André Pucinelli. O próprio procurador confirmou a presença de Adalberto em seu gabinete.
 
Agora, as ligações telefônicas também apontam os outros amigos que também foram contatados, dentre eles:
-  desembargador Claudionor Abss Duarte
- desembargado aposentado João Carlos Brandes Garcia
- presidente da Assembleia Legislativa, deputado Jerson Domingos
- procurador de Justiça do Estado, Antônio Siufi Neto
- juiz Fábio Salamene
- Promotor Antônio Siufi Neto (primo do Doutor) 
O que o médico e os seus amigos importantes conversaram:
Nada, ou quase nada, pois não são “bobos” em conversar pelo telefone naturalmente. Geralmente doutor Siufi e seus amigos marcavam encontros nas residências, cafés, consultórios, gabinetes, para tratar do assunto de sua investigação. Uma das poucas coisas solicitada aos “nobres” por telefone foi à questão da “troca” da promotora.
Agora resta saber, o que eles conversaram pessoalmente?
Claro que provavelmente nunca saberemos, ainda mais envolvendo essas pessoas do alto poderio do estado. Entretanto, pelas escutas, sabemos que depois do telefonema do Doutor Siufi ao seu amigo juiz Fábio Salamene solicitando “favores”, o outro magistrado que julgaria seu caso, o juiz José Eduardo Neder Meneghelli, dois dias depois do telefonema, desistiu de julgar o caso.
Na jornal matinal Bom Dia MS, o procurador geral jurídico adjunto no MS, Paulo Alberto de Oliveira, representou o Ministério Público mediante essas escandalosas conversas. Para ele, era absolutamente natural o Doutor Adalberto ter realizado aquelas ligações, para aquelas pessoas de poder, com aquelas solicitações, mediante tanto tempo de exercício de profissão como médico (mais de 30 anos) na cidade. Concluiu: “ele fez muitos amigos”.
ADENTO SOBRE A AMIZADE
Claro que todos nós devemos ter muito amigos. Eles são muito importantes na vida de toda pessoa. Porém, na minha pequena opinião, um amigo de verdade, também, quando se faz necessário, é preciso dar um “puxão” de orelha na gente. Não é somente festas,  alegria, sorrisos, companhia. Um amigo de verdade, mediante a proximidade que tem da gente, da intimidade mesmo, pode às vezes enxergar coisas que nós mesmo não estamos enxergando. Assim, uma atitude muito louvável do amigo, já que tem apreço pela gente, é nos fazer “abrir” os olhos, e as vezes até mesmo, expressar uma opinião contrária a nossa, podendo até nos causar um desconcerto, dor. Sem que isso seja percebido como  por ambos como um ato de inimigo, ao invés de amigo.
Enfim, acho que esses nobres senhores que são amigos do Doutor Siufi, deveriam ter dito a ele (pelo telefone mesmo talvez, pois são homens muito ocupados) que  aguardasse as investigações normalmente, sem a influência deles de nenhuma maneira. Dito que se ele não deve nada a justiça, que não a temesse. E até que se ele fosse culpado de alguma coisa, e fosse punido, que tentasse ficar mais “calmo”, mediante saber que não ficaria sozinho: se fosse para a cadeia, mesmo assim, teria as visitas deles, dos amigos. E amigo que é amigo, também “perdoa” os deslizes do outro amigo. Ninguém é perfeito...
Agora, falando isso, fico pensando  se eles são amigos de verdade. Pois a conversa mudaria totalmente de foco, quando ao invés de AMIZADE, estarmos falando é de CÚMPLICES.
Não sei.
Os amigos de verdade, se tratam da maneira mais informal possível. Lembrei-me do Vinícius de Moraes falando da amizade. Ele diz que é bom estar com amigos, pois é apenas com eles, que nós SOMOS NÓS MESMOS.
E olha a forma que esses “supostos” amigos se tratam (Doutor Siufi e o Desembargador Claudionor): O médico inversamente chama o desembargador de DOUTOR, e o desembargador, talvez, não tendo nenhum outro adjetivo “semi-deus” na cabeça para cumprimentar Doutor Siufi, o chama de PROFESSOR.
São os nossos DOUTORES, PROFESSORES...
"As gravações revelam que Betina esteve no fórum, mas não chegou a ser recebida pelo juiz. Enquanto isso, Adalberto Siufi tentava ajuda em outro escalão da Justiça, com o desembargador Claudionor Abss Duarte.
Claudionor: Pronto, Claudionor.
Adalberto: Oi, doutor. Aqui é o Adalberto, tudo bem?
Claudionor: Oi, professor. Tudo bem, graças a Deus”
Abaixo trechos das escutas:
 

Tráfico de influência: Siufi recorre ao Pres.da AL/MS,Desembargadores e Promotor para tentar "calar" a Promotora Paula Volpe

Escutas da Operação Sangue Frio revelam suspeita de tráfico de influência

Fabiano Portilho

 
 
Presidente da Assembléia Legislativa de Mato Grosso do Sul, Jerson Domingos
Adalberto Siufi "pivô" de todo o escândalo
Fonte: G1
Escutas telefônicas da Operação Sangue Frio, autorizadas pela Justiça, revelam que dias antes de serem afastados dos cargos, o ex-diretor do Hospital do Câncer, Adalberto Siufi, e a filha dele, Betina Siufi, que administrava a instituição, buscaram ajuda de autoridades dos poderes judiciário e legislativo para tentar barrar uma ação judicial e afastar a promotora do caso. A apuração sobre possível tráfico de influência faz parte do inquérito da Polícia Federal em que Adalberto e Betina são investigados por suspeita de irregularidades. O assunto foi mostrado em reportagem do Bom Dia MS desta segunda-feira (10).
Em março de 2013, as investigações sobre um possível monopólio no atendimento oncológico em Campo Grande pela rede privada já completavam um ano. O médico Adalberto Siufi reclamava da composição do conselho curador do hospital e também da atuação do Ministério Público no caso. Segundo as investigações, Adalberto pediu ao presidente da Assembleia Legislativa, deputado Jerson Domingos, para interceder junto ao governador do estado.
Jerson: Oi, Beto!
Adalberto: Escuta, você falou com o cara pra nós? A mulher está infernizando nós aqui, rapaz.
Jerson: O André?
Adalberto: Essa promotora, rapaz.
Jerson: Fica tranquilo que eu vou falar com ele.
Adalberto: Dá um puxão de orelha nessa moça, aí. Paula Volpe.
Jerson: Tá.
Adalberto: E se você falar com ele (governador), você me dá uma posição pra mim?
Jerson: Falo com você. Vou tentar falar com ele hoje à tarde. Dias depois, Adalberto avisa o procurador de Justiça do Estado, Antônio Siufi Neto, que também é primo dele, sobre um documento que pretendia enviar para a Procuradoria-Geral de Justiça.
Adalberto: Boa noite, Toninho. Tudo bem?
Antônio: Oi, Adalberto. Como é que está?
Adalberto: Eu deixei na portaria um documento para você, você recebeu? Antônio: Amanhã cedo eu já falo então com o Humberto. Eu estava aguardando esse documento para conversar com ele. Te dou um alô, assim que eu falar com o Humberto.
Na manhã do dia seguinte, o procurador de Justiça volta a falar com o médico.
Antônio: Dei uma olhada está excelente o pedido. E agora à tarde eu falo com o doutor Humberto: Eu vou conversar com ele e já passo para você a situação.
Adalberto: É, porque isso é uma afronta, né Toninho?
Antônio: É. Eu vou solicitar a ele um promotor que não seja ninguém envolvido já com o problema. E para resolver isso já, já intervir e tomar as providências.
Na conversa eles se referem ao procurador-geral Humberto de Matos Brittes. Horas depois, a resposta ao pedido de ajuda.
Antônio: Falei com o doutor Humberto agora à tarde. Levei a cópia que você me passou e ele vai despachar. Pedi para ele então agilizar, disse da pressa e do problema que está ocorrendo lá na fundação.
Adalberto: E essa promotora vai ser afastada?
Antônio: Vai. Mas eu acredito que de hoje para amanhã ele despacha e amanhã eu já te passo alguma posição já com o nome, tá bom?
Em entrevista ao Fantástico, em maio, o procurador de Justiça do estado, Humberto de Matos Brittes, confirmou que recebeu os ex-diretores do hospital do câncer, mas que não houve interferência nos trabalhos da promotora Paula Volpe.
No dia 15 de março, Adalberto Siufi fica sabendo que o Ministério Público Estadual encaminhou uma ação para destituir toda a diretoria do Hospital do Câncer. Ele, então, pede ajuda ao juiz Fábio Salamene.
Fábio: Oi, Beto.
Adalberto: Eduardo Meneghelli com ação, lá.
Fábio: Tá.
Adalberto: Se dá para segurar é bom! Obrigado, viu.
Fábio: Tá.
Adalberto: Falou, obrigado.
José Eduardo Neder Meneghelli é o juiz da 11ª vara cível que recebeu o pedido da promotoria para afastar os diretores do Hospital do Câncer, investigados por suspeita de irregularidades. Betina Siufi, então administradora do hospital, também liga para Salamene.
Betina: Fábio, é Betina. Tudo bem?
Fábio: Tudo, Betina.
Betina: Você conversou com o pessoal lá?
Fábio: Você quer... quer dá um pulo aqui no fórum falar comigo?
Betina: Qual que é o seu gabinete?
Fábio: É terceiro andar, bloco 2.
Betina: Está bom. Obrigada.
Fábio: Tá, nada.
As gravações revelam que Betina esteve no fórum, mas não chegou a ser recebida pelo juiz. Enquanto isso, Adalberto Siufi tentava ajuda em outro escalão da Justiça, com o desembargador Claudionor Abss Duarte.
Claudionor: Pronto, Claudionor.
Adalberto: Oi, doutor. Aqui é o Adalberto, tudo bem?
Claudionor: Oi, professor. Tudo bem, graças a Deus.
Adalberto: O senhor está no tribunal, aí?
Claudionor: Não, não estou. Acabei de chegar em casa. Tô em casa, quer passar em casa?
Adalberto: Eu precisava viu, doutor. Não incomoda o senhor, não?
Claudionor: Que que é isso! Sabe onde moro, né?
Adalberto: Sei. Eu tô aqui no Ministério Público, aí dou um chego aí. Uma hora depois, a conversa é com o desembargador aposentado João Carlos Brandes Garcia.
Adalberto: Eu precisaria de um favor seu, mas precisaria explicar pessoalmente para o senhor.
Brandes: Uai, tudo bem. O senhor escolhe o local, as armas. O senhor marca aí o lugar, aí, que eu vou lhe encontrar. Quer que eu vá até aí no consultório? Para mim não tem problema nenhum.
Adalberto: Vou lhe aguardar, então.
Brandes: Eu vou aí, daqui a dez minutos eu estou aí.
Minutos depois, Betina liga para o pai, que repassa a informação: Adalberto: Doutor Brandes está falando com o cara, com o Meneghelli. Betina: Quê?
Adalberto: Doutor Brandes está aqui no consultório falando com Meneghelli, no telefone.
Betina: Depois você me liga.
Ainda naquela tarde, Adalberto Siufi liga para agradecer ao desembargador Abss Duarte.
Adalberto: Conversamos aqui. E ele falou diretamente com a pessoa.
Claudionor: Ai, que bom!
Adalberto: E ele não tinha recebido ainda, não, diz ele.
Claudionor: Bom, fica mais tranquilo, você. Tenha tranquilidade. Aquilo que eu te falei, as coisas se encaminham. Tá bom?
Adalberto: Muito obrigado, hein.
Claudionor: Tá, não há de quê.
Adalberto, ainda no cargo de diretor, volta a falar com o juiz Fábio Salamene.
Adalberto: Ô, chefe.
Fábio: Ô, Beto.
Adalberto: Estou liberado para tomar um café. Onde você está?
Fábio: Estou chegando em casa. Quer dar um pulo aqui?
Adalberto: Tá bom. Tô indo aí.
Fábio: Tá bom. Tô te esperando.
Minutos depois, Adalberto liga para a filha.
Adalberto: Eu tô aqui com aquela pessoa que você foi falar ontem, não conseguiu.
Betina: Hum.
Adalberto: Você está com os papéis com você?
Betina: Quer que vá aí, eu vou.
Adalberto: Então vem logo pra gente não atrasar.
Dois dias depois, o juiz José Eduardo Neder Meneghelli resolveu não julgar o caso. Relatou que a competência é de outra vara, a de direitos difusos, e o processo seguiu adiante. O presidente da Associação dos Magistrados de Mato Grosso do Sul, Wilson Leite Correa, falou em nome do juiz. "O doutor Meneghelli diz que em nenhum momento foi procurado, seja pelo outro juiz, o doutor Fábio, seja pelo senhor Adalberto, ou por qualquer outra pessoa, sobre o processo. Os juízes aqui em Campo Grande, especialmente onde as varas são especializadas, têm competências definidas. Ele entendeu que, em se tratar de uma ação relacionada a um hospital que recebe recursos públicos, que a competência seria da vara de direitos difusos. Por isso ele declinou competência.
Os desembargadores Claudionor Abss Duarte e Brandes Garcia
O juiz Fábio Salamene também negou que tivesse interferido no processo. "O doutor Adalberto Siufi, comigo, mantém relações de parentesco e amizade e eu de fato o recebi na minha residência. Me disse que gostaria de ser ouvido pelo magistrado, antes de o magistrado decidir acerca do pedido de liminar, e eu lhe disse que ele deveria se dirigir diretamente ao magistrado através de seu advogado, que eu não intercederia, como não intercedi. De forma alguma emprestei qualquer tipo de apoio, inclusive não falei com nenhum magistrado, seja juiz, desembargador, em respeito aos meus colegas e em respeito ao dever ético que eu me comprometi a honrar quando tomei posse", declarou. O pedido da promotoria acabou analisado por um outro juiz, que decidiu em caráter liminar afastar Adalberto Siufi da direção geral do Hospital do Câncer. O diretor-presidente e o diretor financeiro também tiveram de deixar os cargos por ordem da Justiça.
O afastamento de todos os diretores ocorreu no dia do desfecho da Operação Sangue Frio, em 19 de março. As investigações ainda não foram concluídas. A Polícia Federal apura diversas irregularidades encontradas a partir das interceptações telefônicas e análises de documentos e computadores apreendidos com ordem judicial.
Procurado pelo Bom Dia MS para comentar o caso, o presidente da Assembleia Legislativa, Jerson Domingos, confirmou a conversa com Adalberto Siufi, mas enfatizou que em nenhum momento fez qualquer pedido ao governador, como queria o médico. O deputado estadual disse ainda que Adalberto é amigo pessoal dele e afirmou que os trabalhos da promotora Paula Volpe estão dentro das atribuições do Ministério Público, e que a Justiça deve esclarecer todos os fatos.
O desembargador Claudionor Abss Duarte está internado em São Paulo para tratamento de saúde e, por isso, não pode comentar o assunto. O Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJ-MS) informou que não irá se pronunciar porque o desembargador não atuou diretamente no julgamento da ação citada na reportagem.
O desembargador aposentado João Carlos Brandes Garcia não foi encontrado para comentar o caso. O médico Adalberto Siufi não quis gravar entrevista, mas disse por telefone não se lembrar das conversas.
Bom Dia MS
Promotor Antonio Siufi Neto
 

 

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