Aumenta o número de professores da rede pública que entram de licença
No Distrito Federal, mais de 10 mil professores tiraram licença desde o início de 2013; número representa mais de 30% do total de professores.
É cada vez maior o número de atestados médicos
apresentados pelos professores da rede pública. No Distrito Federal foram mais de 10 mil
desde o início do ano.
Esse número representa mais de 30% do número total de professores no Distrito
Federal. O que chama a atenção são os motivos desses afastamentos: na maioria,
problemas psicológicos e doenças musculares.
Em um vídeo, os alunos brincam, dançam na sala de aula. Foi feito em uma
escola de Brasília, em uma turma do nono ano.
A bagunça, segundo as estudantes, é comum, quando o professor não aparece.
Indignadas, alunas mostraram as imagens para a mãe.
“Te surpreendeu, Rose, saber que no horário de aula a turma estava assim?”,
pergunta a repórter.
“Com certeza, se seu filho está na escola, você acredita que está estudando”,
declara Rose Mendonça, mãe de um aluno.
Um grupo de alunos chegou a fazer um abaixo assinado para tentar resolver a
situação. Mas o número de professores temporários, hoje 1.880, não é suficiente
para cobrir os que estão de licença.
“Eu acho um descaso. Quem está perdendo somos nós com os estudos”, diz o
estudante Lucas Paulino.
No Distrito Federal, são 29 mil professores. Nos cinco primeiros meses do ano
foram apresentados quase 11 mil atestados médicos. A Secretaria de Educação
admite que o número é preocupante.
O governo diz que pensa em agir preventivamente, mas por enquanto a medida
está em estudo. “Hoje o que nós temos internamente é só perícia médica, não
existe nem médico nem psicólogo que possa dar outro tipo de assistência para o
nosso trabalhador”, diz a subsecretária de educação do DF, Patrícia Jane
Lacerda.
Jenise Maluf Silva diz que é preciso muito mais que isso. Professora há 16
anos, está de licença médica há dois meses. “Você não tem uma estrutura boa para
trabalhar. Salas lotadas, muitos alunos na sala de aula. Isso tudo faz com que a
gente adoeça”, declara.
O pesquisador da Universidade de Brasília Mário Cesar Ferreira diz que em
todo o país a situação é a mesma. Uma alta incidência de professores doentes e
afastados.
“Uma síndrome do esgotamento profissional, ou seja, exaustão emocional,
cansaço crônico, frustração, desmotivação. Muitos professores já pensam em
abandonar a carreira”, explica.
No Rio de Janeiro, segundo a Secretaria de
Educação, já foram apresentados 15 mil atestados desde o início de 2013.
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