segunda-feira, 3 de junho de 2013

O diferente sabor da Democracia: Eu quero muito mais!

Esses dias aconteceu uma “movimentação” bem atípica aqui na área do funcionalismo municipal, principalmente no setor da saúde, do qual eu também faço parte.

Eu vi com meus próprios olhos, alguns colegas profissionais de saúde das mais variadas áreas, irem a câmara municipal de vereadores, reivindicarem melhorias salariais (alguns apareceram somente no horário de almoço, talvez com medo de represálias de seus superiores...). Alguns levaram até cartazes, e deu para perceber em seus rostos, aquele ar de “atividade diferente”, que acredito eu, a maioria, talvez nunca se imaginou participar. Era um misto de alegria, acanhamento, euforia, “sem graça”.

É bem verdade confesso, que não havia muitos colegas em termos quantitativos, mas várias categorias de “profissionais de saúde” foram representadas (baseando-me na resolução do Conselho Nacional de Saúde, que senão me engano, cita em mais de 20 as profissões, consideradas da área de saúde).

Achei essa cena muito interessante.

A história começou, devido a um decreto do atual prefeito, estipulando os salários para o funcionalismo municipal. Mediante as notícias que fiquei sabendo, grosso modo, para os técnicos administrativos (pessoas com cargos de exigência de ensino médio, e que provavelmente são o grande número do funcionalismo) foi estipulado um aumento de 15 a 18 % no salário. Para os médicos e outras poucas categorias de profissionais foi estipulado também 15% de aumento. E para todas as categorias que restaram de nível superior (não sei ao certo se esse decreto é voltado apenas para os funcionários da área da saúde, mas vou falar apenas da área da saúde) como: farmacêuticos, enfermeiros, fonoaudiólogos, psicólogos, profissionais de educação física, fisioterapeutas, entre outras, o aumento foi de 7,5%. (Esse 7,5% para mim já pode até ser considerado um avanço, em se tratando de melhorias salariais, comparando com a administração anterior, que no máximo, concedeu aumento de 5,5% em todos longos anos no poder pelo que me lembro muito bem).

Enfim, eu estou falando tudo isso, para dizer que os colegas se “revoltaram” na saúde. Principalmente os enfermeiros, e depois as demais profissões, e começaram a “burburilhar” comentários aqui, e ali. Até que na semana passada, os vereadores “afogaram” esse decreto do prefeito, em prol de melhorias salariais mais equânimes. O prefeito disse que vai recorrer na justiça, pois justificou que não dá mais para mexer no orçamento municipal.

E é evidente que isso não vai dar em nada. Nada de aumento maior para nós: as demais categorias.

Eu poderia aqui falar alguma coisa sobre o porquê na verdade eu nem estou “ligando” para essa discussão de aumentar o salário ou não. Sem hipocrisia, eu digo aqui que estou satisfeito com o que eu ganho. Digo que eu vivo bem, e não me falta quase nada. E fiquei muito satisfeito com a administração atual também, em melhorar substancialmente o salário do “nível médio”.

Eu também poderia falar algo sobre o que “não desceu” nessa história: que foi o aumento de 15% para determinadas classes profissionais como os dos médicos (profissão de saúde já “ápice” da pirâmide em termos de salário, poderes e privilégios). Mas acho que essa é uma história longa e dificultosa: estão dizendo por aí que tem até prefeito ofertando salários de 25 mil mensais para médicos, e não estão conseguindo contratar ninguém. Questão que envolve até mesmo a vinda dos médicos estrangeiros ao Brasil. Não estou afim. Engolir uma “injustiça” a mais ou a menos, não vai fazer diferença mesmo.

Dois comentários simples de dois colegas profissionais de saúde para fechar esse assunto de aumento salarial: “Com esses aumentos aí, é bem a cara do que acontece no Brasil. Quem se “ferra” é sempre a “média”. Apenas quem está por cima e por baixo, é que tem vez por aqui.” E uma farmacêutica: “você sabe que eu nem fui lá na sessão da câmara, pois eu tenho medo dessas coisas. Depois, eles podem me tirar de onde estou”.

Agora o que eu realmente gostaria de ressaltar aqui, é a questão da “oposição”, do “contraponto”, e evidentemente, da própria concepção de “democracia” que eu “tirei como lição dessa história”.

É que depois que a prefeitura aqui da Capital mudou de “lado” depois de longos anos nas mãos de apenas um grupo no poder (e olha que mediante “perfis” políticos – as mãos trocadas nem são tão diferentes assim), o que está acontecendo aqui é em minha opinião algo fantástico: são várias as denúncias que a atual administração vem tentando apurar, averiguar, demonstrar, formar opinião do povo, com relação a gestão passada. E igualmente, a câmara dos vereadores ainda “encharcada” na maioria pelo grupo de poder anterior, vem tentando “minar” os mais variáveis possíveis deslizes da administração executiva da cidade atual.

Dessa maneira, associando a história do salário: quem acredita que os vereadores derrubaram o veto do prefeito por considerarem a proposta salarial injusta para algumas classes de funcionários? Ninguém. Nós sabemos que eles fizeram isso para “espezinhar” o executivo municipal. E estão fazendo isso em várias outras áreas. Como o prefeito está também fazendo, incentivando CPI da Santa Casa, CPI do Lixo, CPI dos medicamentos. É “fogo” cruzado para os dois lados. Isso tudo ainda, nos primeiros meses depois das eleições municipais.

E falando de forma ampla, isso que estamos assistindo faz parte e é essencial a nossa democracia.

E esse cenário de discussão, de embates, de investigações, de denúncias, nós por aqui não víamos, por quê?

Talvez devido à influência da ditadura militar, talvez devido ao próprio formato político partidário brasileiro, ou, talvez devido a nossa cultura ainda arraigada no “manda quem pode, e obedece quem tem juízo”, onde opiniões/posições contrárias, embates ideológicos, visões diferenciadas, são tidas por aqui, como uma “afronta pessoal”.. Dignas até de delírios persecutórios. As pessoas não podem discordar umas das outras. Talvez devido ao ininterrupto coronelismo

Acho que esses “antagonismos”, essas discussões, e os desdobramentos que ocorrem em consequência dos vários conflitos, interesses, pontos de vistas, deveriam também se repetir tanto em âmbito estadual, como federal. Mas não estamos vendo isso acontecer.

Algumas matérias que demonstram um pouco dessa ideia:


Azenha vai ao ponto (E eu concordo!)


Luiz Carlos Azenha

Dia desses um ex-ministro de Lula me falava sobre a ojeriza inicial da presidente Dilma pelos movimentos sociais. Combina com o estilo deixa-que-eu-chuto dela, que privilegia decisões de bastidores, mais rápidas e "eficientes". Esse estilo é o que permite que a Kátia Abreu tenha no governo o poder equivalente ao da CUT, se não maior. 
Enquanto isso, aqui na base militantes do PT usam bordões para bloquear o debate político: Marina Silva é "eco-chata", Eduardo Campos é "traíra", o PSOL foi tanto à esquerda que acabou na direita. São argumentos rasteiros, brandidos para desqualificar a priori as críticas feitas aos governos do PT. Empobrecem a política. Evitam que sejam discutidas questões de fundo. Permitem que críticas sejam descartadas de forma automática. 
Compreendo que o cerco midiático coloque o PT na defensiva, mas o comportamento de "seita" não é compatível com a trajetória do partido, marcada pelo incentivo ao debate e às críticas. 
A não ser que o PT esteja se tornando apenas um veículo eleitoral e que a riqueza de opinião dos movimentos sociais, antes valorizada, tenha se tornando inconveniente para quem governa com Gerdau, Kátia e Sarney.



Bernal ganha mais algumas horas para apresentar documentos e evitar CPI


Lidiane Kober e Wendell Reis

O prefeito Alcides Bernal (PP) ganhou mais algumas horas da Câmara Municipal para apresentar lista de contratos e pagamentos efetuados pela Prefeitura de Campo Grande a fim de evitar a instalação da CPI do Calote.
A pedido do líder, vereador Alex do PT, ele teria até as 18 horas desta segunda-feira (3) para apresentar a relação. Agora, o prazo foi prorrogado até as 9 horas de amanhã, antes do início da sessão.
A decisão levou em conta o fato de até as 18 horas de quarta-feira (29), véspera de feriado prolongado, não ter chegado à prefeitura a lista de documentos solicitados pelos vereadores. “Até agora, não sei o que eles querem”, disse, por volta das 10 horas desta segunda, o secretário de Planejamento, Wanderley Ben Hur.
Os vereadores exigem dados sobre o salto em caixa, lista de empresas com pagamentos a receber, detalhes dos empenhos e dos restos a pagar para não instalar a CPI.
Na tribuna da Câmara, na quarta-feira passada, o vereador Paulo Siufi (PMDB) deu o ultimato e ganhou o apoio da maioria dos colegas. O líder do prefeito no legislativo, vereador Alex do PT tentou convencer a Casa a convidar o secretário de Planejamento para explicar os motivos da falta de pagamento, mas a oposição não aceitou a proposta.
Apesar de dar o prazo, Siufi acredita que a CPI do Calote é inevitável. “Dificilmente, a prefeitura conseguirá justificar a falta de pagamento, porque, se há dinheiro em caixa, os compromissos deveriam ser cumpridos”, opinou. Siufi já tem 12 assinaturas, número suficiente para instalar a comissão na Câmara.


Reajuste do salário de servidores municipais deve ser decidido na Justiça


Mayara Sá

Se a Câmara Municipal derrubar o veto do prefeito Alcides Bernal (PP) e estender reajuste de 15%, concedido a médicos, para todas as categorias da saúde a decisão final ficará a cargo da Justiça.
Segundo o secretário de administração Ricardo Ballock a prefeitura não tem como arcar com o reajuste que os vereadores estão propondo e não podem aprovar o reajuste porque a emenda aumentar despesas. O que só pode ser proposto pelo Executivo. “Eles aumentaram despesas, vai contra a legislação. Aumentar despesa é faculdade do Executivo”, afirmou.
Ballock explicou que o veto do prefeito já foi feito e agora o ato só pode ser questionado por atos judiciais. “O Ministério Público pode questionar”, disse.
O reajuste
No total, os vereadores aprovaram quatro emendas aos projetos de reajuste salarial. Uma delas autoriza ampliação do aumento de 7,5% para 15% a enfermeiros, odontólogos, fonoaudiólogos, veterinários, técnicos em enfermagem, assistentes sociais, farmacêuticos e farmacêuticos- bioquímicos.
A Câmara também fixou em R$ 583,97 o plantão dos fonoaudiólogos nos feriados e finais de semana, além de adicional de insalubridade a todos os servidores da área de saúde e reajuste de 15% às vantagens pessoais incorporadas e outras vantagens financeiras.
O projeto original enviado pela prefeitura autoriza reajuste de 18% para 8.653 funcionários do setor administrativo; 15% para 1.207 médicos auditores e 7,5% para 1.080 servidores de nível superior, 16 médicos veterinários, 54 auditores de serviços de saúde, 300 odontólogos, 62 engenheiros, 54 arquitetos, 36 procuradores, 53 auditores fiscais de renda e para os 945 servidores de DCA de um a oito.

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