quarta-feira, 26 de junho de 2013

Enteado diz que família sempre avisou delegado do perigo de "falar verdades"

Amigos e familiares foram ao velório para dar o último adeus. (Foto:Marcos Ermínio)Jéssica Benitez e Luciana Brazil
(Foto:Marcos Ermínio)
Amigos e familiares foram ao velório para dar o último adeus.
O enteado do delegado aposentado Paulo Magalhães, assassinado ontem à tarde, disse ao Campo Grande News que a família sempre o alertou sobre os perigos de "falar a verdade" no Brasil.
Durante o velório, na manhã de hoje, Daniel de Brito Rodrigues, 23 anos, acadêmico do curso de Direito, desabafou: "Infelizmente neste País isso (dizer a verdade) leva à morte”. Ele contou ainda que o padrasto, com quem convivia desde os nove anos de idade, estava desiludido com a sociedade.
Para Daniel, o delegado aposentado vai ficar guardado nas recordações como um homem honesto e extremamente patriota. “Ele dava aulas (de direito) com a bandeira do Brasil ao lado dele”, contou.
Na opinião do jovem, tamanho patriotismo fez com que Paulo se tornasse uma pessoa “polêmica”. Ele acredita também que se o padrasto estivesse armado no momento da abordagem dos pistoleiros, o fim da história poderia ter acabado de forma diferente. “Ele não teria morrido deste jeito”, concluiu.
Hoje, na despedida ao ex-colega, muitos delegados e até o chefe da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, Jorge Razanauska Neto, apareceram para as últimas homenagens ao companheiro.
A delegada aposentada e amiga pessoal de Paulo, Dalva Gomes Sampaio, externou sua indignação com a execução brutal da vítima. “Ele era o cara mais correto que eu já conheci. Os culpados pelo crime não ficarão impunes”, garantiu.
A doutora também criticou alguns veículos de comunicação que publicaram matérias dizendo "que a ficha criminal do delegado aposentado é maior do que a de muitos marginais".
“Os processos que ele tinha nas costas eram todo por calúnia e difamação por parte dos poderosos. Ele estava investigando pessoas do poder”, concluiu.
Morte - Paulo foi assassinado ontem por volta das 17h40 na rua Alagoas quando foi buscar a filha na escola. Chovia no momento, mas testemunhas contam que a vítima estava na fila, esperando para entrar na área coberta do colégio, no horário de saída das aulas, quando 2 homens em uma moto ficaram ao lado do veículo e um deles atirou pelo menos 6 vezes.
Magalhães era conhecido por uma carreira conturbada. Depois de elucidar uma série de homicídios em Campo Grande, acabou aposentado por problemas psicológicos. Ao sair, criou a ONG Brasil Verdade MS, espaço onde fazia denúncias contra diferentes órgãos e autoridades, da Polícia Civil à Justiça Federal.
 

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